Democracia plena há pouco mais de vinte e cinco anos, Estado interferindo cada vez mais na vida das empresas e das pessoas, globalização crescente em todos os setores são alguns dos fatores que contribuem para dar mais destaque ao profissional de relações governamentais no Brasil. E isso acontece porque, mais conscientes de seus direitos e deveres, regulados diariamente por regras de todo tipo, e acesso imediato a todo tipo de informação, a sociedade brasileira começa a entender e assimilar que tem o direito legítimo de exigir de quem os representa soluções e aprimoramento para as demandas do dia-a-dia.
Neste cenário, a importância e a necessidade do profissional de relações governamentais vêm crescendo e tomando forma. Ter visão clara dos negócios, entender como os objetivos das áreas pública e privada convergem e podem ser trabalhadas em parceria, saber onde é possível trabalhar de modo que sociedade, governo e empresa ganhem, atuando de forma estratégica, são características fundamentais deste profissional.
Hoje as PDPs – Parcerias para o Desenvolvimento Produtivo – ilustram bem esse quadro na área da saúde. Diante da necessidade de proporcionar maior acesso de medicamentos e vacinas para a população e de incorporar novas tecnologias, o Governo Federal, através dos laboratórios oficiais, faz parcerias com as empresas privadas. Com isso, o acesso da população a produtos estratégicos é garantido, o Governo adquire e fomenta o desenvolvimento tecnológico e a capacitação dos técnicos locais, e as empresas têm garantidos seus negócios e investimentos no país. Todos ganham.
Na área da educação, o Programa Ciência sem Fronteiras é outro bom exemplo. Diante da necessidade das áreas pública e privada de ter alunos de graduação e pós-graduação, técnicos e professores melhor capacitados, o Governo Federal lançou o programa em parceria com as empresas para financiar 101 mil bolsas de estudo no exterior. Os números mais recentes apontam que 45,6 mil bolsistas, sendo 80% de alunos da graduação, foram beneficiados até agora desde sua implementação em 2011. O retorno em educação para governo, sociedade e indústria privada é inestimável.
Diante deste quadro, já não é mais possível atuar em relações governamentais somente de forma intuitiva. A tendência é que a demanda por profissionais melhores e mais capacitados aumente. Isso exigirá, das universidades e cursos profissionalizantes, um melhor preparo para atender a essas novas necessidades estratégicas da profissão.
Sobre a autora:
Kelly Aguilar é Vice-Presidente do IRelGov, Gerente de Assuntos Corporativos da MSD no Brasil. Tradutora e advogada, com especialização em Propriedade Intelectual e Direito Processual Civil, Kelly trabalha em relações governamentais há dez anos.