“ESG é uma jornada, construída dia a dia. Os resultados que colhemos até agora mostram a solidez da nossa jornada. Mas sabemos que ainda há muito a ser feito pela frente”
Larissa Menezes
Por quais motivos sua empresa decidiu adotar os conceitos de ESG?
Para nós, os conceitos de governança ambiental, social e corporativa sempre estiveram internalizados em nosso negócio e temos uma agenda ESG robusta, com metas públicas e ambiciosas para os próximos anos. ESG não é uma opção, é uma necessidade para toda a sociedade e, como consequência, para as empresas sobreviverem no longo prazo. Os avanços que temos conquistado nessa agenda refletem a solidez da nossa jornada e do nosso propósito, que guia tudo o que fazemos por aqui.
Como foi o processo? Começou pelas lideranças executivas? Pelosstakeholders? Como fazer com que os conceitos sejam realmente incorporados pela cultura da empresa?
Não é de hoje que a agenda ESG permeia 100% do nosso trabalho e do nosso olhar para o futuro. Nossos pilares de atuação estão intimamente ligados à sustentabilidade do negócio. Desde 2014, temos comitês internos e externos multidisciplinares, nos quais discutimos programas de longo prazo focados em meio ambiente, inovação, impacto social positivo, consumo responsável, ética, diversidade e inclusão aliados à nossa estratégia. Vemos o tema de ESG como uma visão estratégica e multistakeholder para criação de valor de longo prazo alinhada ao impacto socioambiental positivo e transformador.
A transformação que desejamos alcançar no mundo, por meio do desenvolvimento sustentável, será alcançada de maneira coletiva e com muita troca de experiências. Para garantir um futuro próspero, com mais razões para brindar, queremos que nosso ecossistema também seja agente de mudança junto conosco. Esse ecossistema começa com o agricultor, passa pelos nossos colaboradores, as comunidades onde estamos inseridos, nossos parceiros, até chegar aos milhões de consumidores brasileiros. Nós temos o papel de fazer a sociedade ser um lugar
melhor.
Trago aqui um desses exemplos: para zerar as emissões líquidas de carbono próprias e de terceiros até 2040, sabemos que precisaremos contar com nosso ecossistema. Para incentivar e ajudar os fornecedores a cumprirem essa ambição, formamos uma aliança inédita, o Compromisso pela Ação Climática.
O que a empresa ganhou ao adotar os conceitos ESG?
Acreditamos que a Ambev e o Brasil crescem juntos. Crescimento compartilhado é nosso norte. Para garantir um futuro próspero, trabalhamos sempre de forma sustentável, considerando a preservação de recursos naturais e o cuidado com as pessoas e as nossas comunidades: fornecedores, nossa gente, clientes e consumidores.
O nosso compromisso com a sustentabilidade dos nossos produtos e operações não é de hoje. Fomos pioneiros ao traçar, desde 2009, alguns ciclos de metas de sustentabilidade ambiciosas, com atualizações em 2013 e agora em 2025, sendo as principais:
Agricultura sustentável: 100% dos nossos agricultores devem estar capacitados, conectados e empoderados financeiramente;
Gestão de água: melhorar de forma mensurável a disponibilidade e a qualidade de água para 100% das nossas comunidades em áreas de alto estresse hídrico;
Packaging circular: 100% dos nossos produtos devem estar em embalagens retornáveis ou que sejam majoritariamente feitas de conteúdo reciclado;
Ações climáticas: até 2025, 100% da eletricidade comprada por nós deve ser advinda de fontes renováveis. Além disso, vamos reduzir em 25% as emissões de carbono ao longo da nossa cadeia de valor;
Ecossistema de empreendedores: 100% dos nossos empreendedores devem ter acesso às ferramentas que eles precisam para seu
desenvolvimento;
Consumo responsável: consumo responsável compartilha metas globais principais para redução do consumo nocivo de álcool até 2025: (1) investimento de US$ 1 bilhão na promoção de campanhas de conscientização; (2) implementação de rotulagem educativa; (3) portfólio de produtos não alcoólicos e com baixo teor de álcool como 20% do volume; (4) implementar projetos de impacto a partir das melhores práticas do programa de city pilot.
Temos também nossa plataforma de consumo responsável rodando por todo Brasil há mais de 20 anos. Já realizamos diversos projetos transformados em políticas públicas e iniciativas que unem acadêmicos e inovação, além de investimentos em treinamentos, campanhas, mudança das embalagens e na criação de novos produtos. Entre 2009 e 2015, por exemplo, a companhia realizou parcerias com órgãos públicos, ONGs, bares e restaurantes para combater o consumo de bebidas alcoólicas por menores de 18 anos, além de ações focadas em segurança viária. Em 2020, lançou a plataforma de moderação aberta ao público, na qual as pessoas podem fazer um raio-x da sua relação com a bebida e mudar hábitos.
Sabemos do nosso papel na sociedade para mudar e quebrar comportamentos que fujam do equilíbrio e moderação. Consumo moderado tem sido nosso mantra há mais de 20 anos. Temos um time inteiro dedicado a trazer um olhar cuidadoso para essa frente e nos provocamos a mirar em diversas formas de reprogramar a cultura da sociedade e potencializar a importância do consumo responsável nos próximos anos. Estamos avançando nessa jornada e muito mais vem por aí.
Para levar o consumo moderado à terceira potência, em 2021, criamos a “Smart Drink LAB”, uma área de inovação dedicada a traduzir os conceitos de moderação em inovação, tecnologia e ciência. Uma das inovações que nasceu dessa frente é a barrinha “On by beats”, uma barrinha prática, menos volumosa em comparação com refeições tradicionais, nutritiva (157 kcal a unidade), com proteínas e fibras e uma ótima alternativa para promover a saciedade dos foliões, pois demonstrou ser eficiente especialmente quando há o consumo de álcool.
A Ambev passou por uma profunda transformação nos últimos anos e a bagagem dos integrantes do conselho representa a construção dessa nova jornada, que busca a sustentabilidade e o aumento do impacto social, centrada no desenvolvimento do ecossistema e sustentada pela tecnologia e inovação.
Houve algum ganho de imagem junto à sociedade e aos consumidores?
Não é sobre imagem diante da sociedade e consumidores, mas sim sobre a coisa certa a ser feita. A agenda ESG não deve ser encarada como diferencial para nenhuma empresa. A agenda de carbono, por exemplo, não é diferencial. É obrigação de qualquer negócio. Se não fizermos isso, dificilmente o mundo terá novos capítulos a serem escritos na história.
O que ainda falta fazer?
ESG é uma jornada, construída dia a dia. Percorremos até aqui um caminho consistente e baseado em metas ambiciosas. Os resultados que colhemos até agora mostram a solidez da nossa jornada. Mas sabemos que ainda há muito a ser feito pela frente. Acreditamos que a transformação que desejamos alcançar no mundo, por meio do desenvolvimento sustentável, será alcançada de maneira coletiva e com muita troca de experiências. As questões de ESG trazem uma série de oportunidades para estimular o empreendedorismo e negócios de impacto. Aqui na Ambev, por exemplo, temos a nossa Aceleradora 100+, que nos ajuda a encontrar negócios de impacto e ideias inovadoras alinhadas aos nossos compromissos sociais e ambientais.
Como mencionei antes, no ano passado, numa aliança inédita, convidamos fornecedores para juntos zerarmos as emissões líquidas de carbono na cadeia até 2040. O nosso objetivo é apoiar a todos, incluindo aqueles que ainda não entraram na aliança e não amadureceram sua jornada de descarbonização, e ajudá-los a fortalecer suas políticas ambientais, o que vai dar novas
perspectivas aos seus negócios.
Por que esse processo é conduzido por profissionais de relgov? Quais as vantagens dessa escolha por parte da empresa? Como esses profissionais estão assumindo essa responsabilidade dentro das empresas?
Cada vez mais o ESG está integrado no negócio de forma totalmente transversal, inclusive com metas para toda a alta liderança, com remuneração variável ligada a ESG. Com estímulo da liderança, estamos fortalecendo e formando profissionais com uma visão integrada e que trabalham de forma coletiva com outros especialistas em diferentes frentes, como economia circular, projetos de impacto social, geração de valor para micro e pequenos empreendedores.
A Agenda 2030 da ONU envolve a sociedade como um todo. Os objetivos a serem alcançados são esperados dos governos, mas também das empresas e da sociedade, tendo assim o profissional de relgov um papel fundamental no
atingimento desses objetivos.
O que é preciso considerar para executar da melhor forma possível essa função? Como abordar temas como responsabilidade corporativa, capitalismo consciente e capitalismo de partes interessadas?
Nossas iniciativas são pensadas para o ecossistema. Isso é o que nos guia. Pensamos sempre na atuação compartilhada para que os outros atores do ecossistema possam ir junto com a gente.
Escuta ativa tem sido essencial para entendermos e apoiarmos as pessoas diante de questões prioritárias e urgentes. Estamos atentos ao contexto do Brasil e do mundo frente aos principais temas socioambientais. Um grande exemplo disso foram nossas ações durante a pandemia.
Como uma empresa brasileira, mergulhamos intensamente em formas de ajudar o Brasil e os brasileiros a superar a crise. Olhamos para as nossas capacidades, para os nossos talentos, e buscamos novas formas, com muita inovação e agilidade, de adaptar o nosso negócio para ajudar o país.
Você considera que, no futuro, a agenda ESG tende a assumir ainda mais importância dentro das empresas?
ESG é e precisa continuar sendo uma prioridade das empresas. Como costumamos dizer aqui na Ambev, nós temos o papel de fazer a sociedade ser um lugar melhor. E podemos impulsionar o crescimento de todos ao redor.
A Ambev é muito mais do que uma empresa, é um grande ecossistema de pessoas, colaboradores, clientes, parceiros de negócios, fornecedores. Como a gente consegue crescer como negócio e fazer nossos parceiros crescerem junto? Isso tem norteado todo o nosso planejamento para os próximos 10 anos em ESG, temos metas ambiciosas e muito a fazer ainda nesse setor.
Uma de nossas apostas é no Bora, nosso projeto de inclusão produtiva que busca combater a pobreza e gerar transformações em todo o ecossistema. Com isso, iremos incluir 5 milhões de brasileiros e brasileiras no mercado produtivo nos próximos 10 anos.