A primeira mesa-redonda do congresso, mediada pela CEO do Radar Governamental, Juliana Celuppi, teve como tema a interação entre a área de relgov e as estratégias de negócios de economia e redução de custos.
A vice-presidente para a América do Sul da General Motors, Marina Willisch, citou um caso da indústria automobilística para explicar a importância do lobby na defesa dos interesses da sociedade: a substituição dos estepes dos automóveis, que até então deviam possuir dimensões idênticas aos pneus de rodagem do carro, por um conjunto mais leve – rodas e pneus mais finos – resultou em economia para consumidores e indústria. “Mostramos para as autoridades que esse custo recaía sobre o consumidor, que não queria mais arcar com ele; além disso, argumentamos tecnicamente, apresentando novas tecnologias desse tipo de pneu e como é a legislação em outros países. Mas demorou”.
Willisch acredita que as empresas identificam novos negócios, produtos e tecnologias e são as responsáveis por pensar como serão os próximos 20 anos. “A tarefa do relgov é apresentar esse futuro aos governos para que eles construam condições favoráveis para torná-lo possível por meio de políticas públicas. É o caso da eletrificação dos carros. A indústria já desenvolveu alternativas aos combustíveis líquidos, mas cabe às autoridades criarem regulamentações para que as empresas se sintam seguras e façam os investimentos necessários”.
Para Antonio Werneck, CEO da Bombril, o grande desafio é a harmonização entre diversos atores, pois nenhum deles possui capacidade para resolver os problemas de forma independente. “É necessário ter olhar sistêmico, perceber que todos existem de forma integrada. O segundo desafio é a comunicação com esses stakeholders, pois as pessoas têm outros objetivos e mapas mentais e nem sempre entendem suas ideias. E o terceiro consiste em mobilizar as lideranças das empresas – os CEOs têm que ter competências complementares e participar do processo”.
Segundo o vice-presidente da Arko Advice, Cristiano Noronha, recentemente as empresas passaram a se questionar sobre o que extraem e o que devolvem para a sociedade. “Esse aspecto se tornou uma preocupação dos gestores, ainda mais diante da diversidade de grupos que compõem a democracia”. No entanto, para comprovar os benefícios que a área de relações governamentais obtém para empresas e sociedade é necessário medir o resultado. “Por meio das métricas é que você sente que está sendo ouvido, que o trabalho está rendendo”, comenta Marina Willisch, da GM. “Nosso papel é traduzir os anseios da sociedade em metas. Há 10 anos quem estaria falando de carbono zero? Hoje é um objetivo a ser alcançado”.