DIÁLOGOS IRELGOV - NOVEMBRO de 2020
- 1 -
A revista digital do Instituto de Relações Governamentais (IRELGOV)
ANO 7 - Edição 3 - Novembro de 2020
OS EFEITOS DA PANDEMIA NO BRASIL
O QUE AFETA O FUTURO DAS RELÕES

A GUERRA DAS VACINAS
RELÕES EXECUTIVO E LEGISLATIVO
LOBBY VIRTUAL: COMO SERÁ O TRABALHO

ELEIÇÕES NOS EUA
DIVERSIDADE E INCLUSÃO
COMO SERÁ O “NOVO NORMAL

DIÁLOGOS IRELGOV - NOVEMBRO de 2020
- 2 -
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DIÁLOGOS IRELGOV - NOVEMBRO de 2020
- 3 -
Editorial


 é uma publicação
do Instituto de Relações Governamentais
(IRELGOV) Rua Funchal, 203 – cj. 111
Vila Olímpia – São Paulo – SP
CEP 04551-904
Fone:
+55 11 98536-0012
E-mail: irelgov@irelgov.com.br
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Subfederados
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 – Internacionalização &
Parcerias Internacionais
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 – Empreendedorismo &
Transformação Digital
– Carreira & Futuro da

 – Comunicação & Advocacy
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Regulatório
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Raquel Fernandes Batista Araujo

Suelma Rosa
Fábio Rua
Valeria Rossi
Raquel Fernandes Batista Araujo
A revista  é editada pela

Rua Matipó, 290/301 – Santo Antônio –
Belo Horizonte – MG – CEP 30350-210
Tel.: +55 31 3286.4214

Robson Fontenelle (Reg. MG 05197 JP DRT/MG)
 Paola Menezes

(revisão), Márcia M. Silva Rosa e Julia Lousa

Foto de capa: Alexandre Brondino-unsplash
Copyright © IRELGOV 2020 – Permitida a
reprodução desde que citada a fonte.
Caros leitores,
É com grande satisfação que apresentamos a primeira edição da revista
Diálogo sob a liderança do novo Conselho Deliberativo, eleito em 15 de
junho, para o biênio 2020-2022, cuja chapa intitulou-se e representa a real
Convergência entre seus integrantes. Quando pensamos no time para liderar
        
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altos níveis de integridade e ética. Estamos aqui por um propósito e assim
           
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vez mais responsáveis, transparentes e participativas.
O novo Conselho está comprometido em estimular uma escuta ativa e
interessada por meio de consultas, pesquisas e engajamento direto nos oito
eixos de atividades propostos: (1) Diversidade & Inclusão, (2) Jurídico & Marco
Legal, (3) Nacionalização e Entes Subfederados, (4) Empreendedorismo &
Transformação Digital, (5) Ensino & Pesquisa, (6) Internacionalização & Parcerias
internacionais, (7) Comunicação & Advocacy e (8) Carreira & Futuro do Trabalho.
Convidamos a todos a trazer projetos, contribuindo com o tempo disponível,
para uma construção coletiva e voluntária. Sonhamos em consolidar o IRELGOV
como Think Tank, aprofundando o seu ciclo de maturidade institucional,
aperfeiçoando controles internos, a profundidade e a pluralidade dos debates,
instrumentos de gestão e construindo novas políticas e modelo de governança.
            

governos, destacamos nesta edição algumas pautas que servirão de bússola
para nos guiar para o onipresente e cada vez mais aguardado “novo normal”.
Nossa reportagem de capa traz um verdadeiro raio-x sobre a Guerra das
Vacinas, seus efeitos geopolíticos e estratégicos na relação entre países, além
de uma análise sobre como a pandemia deve transformar a política, a economia
e, principalmente, a forma de fazer Relações Governamentais. Também não
deixamos de lado temas como a eleição americana e seus possíveis impactos
para o Brasil e, em forma de entrevista, um bate-papo com Renard Aron, autor
       
governos e empresas’’.
             
sobre os avanços obtidos no primeiro semestre da nova gestão, que incluem
parcerias internacionais, webinários que debateram os mais variados temas
da atualidade, a publicação da nossa política de apoio institucional, além de
um olhar atento e sensível aos movimentos de diversidade e inclusão em RIG,
que aproximam pessoas e “empoderam algumas maiorias historicamente
minorizadas: as mulheres, os pretos, as pretas e os LGBTQI+”.
O IRELGOV só existe e se fortalece a cada ano graças ao apoio de cada
um de vocês. Participem, divulguem nossas ações e nos ajudem a construir
         
fundamental para o fortalecimento da democracia representativa.
Boa leitura.
S&F
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IRelGov
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DIÁLOGOS IRELGOV - NOVEMBRO de 2020
- 2 -
Novembro 2020
Nessa edição
41
43
Eleições nos EUA


diversidade e da inclusão
ARTIGO
ARTIGO
14
19
Futuro pós-pandemia -
características e tendências
Renard Aron conta como é fazer
lobby digital no pós-pandemia
CAPA
ENTREVISTA
27
CAPA
A guerra das vacinas:
contexto político internacional
SUMÁRIO
04
RADAR
O balanço do que foi realizado
nos primeiros meses da gestão
Convergência
Editorial ..................................................................... 02
Série Convergência e Novos Diretores ............... 03
Parceria Consejo PR ................................................ 04
Série Relações Governamentais em Perspectiva . 05
Dicas dos Eixos e Dicas dos Associados ............... 05
Série de Webinários Ciclo Eleitoral nos EUA e
Brasil .......................................................................... 06
Associados ganham área de acesso exclusivo no
site .............................................................................. 07
IRELGOV lança Política de Apoio Institucional .... 07
Novo suporte na área de comunicação ............. 08
Novo endereço ........................................................ 08
Anuário ORIGEM: Parabéns aos 14 associados do
IRELGOV premiados ............................................... 09
Giro dos Eixos ........................................................... 10
Futuro pós-pandemia .............................................. 14
Os efeitos da pandemia no Brasil .......................... 15
O que afeta o futuro das relações governamentais
 .................................................... 15
Entrevista: Lobby Virtual: como será o trabalho de
 ......................................... 19
Relações Executivo e Legislativo ........................... 25
A Guerra das Vacinas ............................................... 27
Artigo: Eleições nos EUA ......................................... 41
Artigo: Diversidade e Inclusão ............................ 43
ASSOCIADOS IRELGOV ........................................ 45
Radar
DIÁLOGOS IRELGOV - NOVEMBRO de 2020
- 3 -
Nos meses de julho e agosto o então
recém-eleito Conselho Deliberativo do IRELGOV
promoveu a série de webinários Convergência,
exclusiva para os associados. Nos cinco episódios,
foram apresentados os eixos temáticos
Nacionalização & Entes Subfederados (Anna Paula
Losi), Ensino & Pesquisa (Creomar de Souza),
Internacionalização & Parcerias Internacionais
(Diego Bonomo), Diversidade & Inclusão (Helga
Franco), Empreendedorismo & Inclusão Digital
(Juliana Celuppi), Carreira & Futuro da Profissão
(Raul Cury Neto), Comunicação & Advocacy
(Valeria Rossi) e Jurídico & Marco Regulatório
(Wagner Parente). Os ricos debates contribuíram
para a formulação coletiva das diretrizes para o
biênio 2020/2022.
A partir das discussões foi feita
uma chamada pública aos associados para a
apresentão de projetos a fim de criar as novas
diretorias e eleitos os diretores.
As gravações dos webinários da série
estão disponíveis na 
Série
Convergência e
Novos Diretores
Nome Diretoria IRELGOV
CLARICE MOSELE Operações
GABRIELA SANTOS Jurídica
JORGE LIMA Administrativa-Financeira
Nome Diretoria Eixos
ANDRIEI GUTIERREZ Empreendedorismo e Transformação Digital
CARLOS PARENTE Carreira & Futuro da Profiso
DENILDE HOLZHACKER Ensino & Pesquisa
JULIANA VILLANO Internacionalização & Parcerias Internacionais
JULIANO GRIEBELER Marco Regulatório
NAYANA RIZZO Diversidade & Inclusão
RAQUEL ARAUJO Comunicação
Nome Lideranças Eixo
ALEXADRE AMISSI Nacionalização & Entes Subfederados
ANGELA BATISTA Nacionalização & Entes Subfederados
LARIANA MUNGAI Empreendedorismo & Transformação digital
FABIANE LAZZARESCHI Empreendedorismo & Transformação digital
ANNA BEATRIZ ALMEIDA LIMA Empreendedorismo & Transformação digital
Conheça os novos diretores do
IRELGOV eleitos para o próximo biênio:
Radar
DIÁLOGOS IRELGOV - NOVEMBRO de 2020
- 4 -
Consolidando sua missão como
think tank de relevância no setor de relações
governamentais, o IRELGOV firmou acordo de
cooperação com o Conselho Profissional de
Relações Públicas, o Consejo PR, baseado em
Buenos Aires, na Argentina. A parceria, lançada
em webinário no dia 18/08, tem como o objetivo
a troca de conhecimento e a colaboração em
diversos projetos entre as duas entidades na
região.
O lançamento contou com a participação
de Juan Pablo Ronderoes, presidente do Consejo
PR e Creomar de Souza, conselheiro do Eixo de
Ensino & Pesquisa do IRELGOV, cuja conversa foi
mediada por Jimena Canda, gerente de RelGov
na DOW Química. Os debatedores apresentaram
um panorama da conjuntura político-econômica,
das relações comerciais e da integração
produtiva entre Argentina e Brasil.
O Consejo PR é uma associação civil
que há mais de 60 anos reúne profissionais da
atividade, sendo a entidade mais representativa
do setor na Argentina, com mais de 600
membros. Segundo Pablo Cattoni, “o Consejo
PR é um espaço de plena contribuição no qual
os colegas podem aprender uns com os outros,
compartilhando experiências, divulgando boas
práticas e ampliando conhecimentos”. O
Conselho é coordenado em comissões para
representar e responder aos diferentes
perfis e âmbitos das profissões: Conselho
de Administração, Comiso de Consultores,
Comissão Corporativa, Comissão de Estudantes
e Jovens Profissionais, Comissão do Terceiro
Setor, Comissão do Setor Público, Comissão de
Educão e Comissão de Média Gerência.
No release de divulgação da parceria, o
Consejo PR destaca que “consciente e responsável
pelo impacto da comunicação no espaço
público, o Conselho convida toda a comunidade
profissional a fazer parte e a construir juntos o
caminho”.
A gravação do webinário do lançamento
da parceria está disponível na .
Parceria
Consejo PR
Radar
DIÁLOGOS IRELGOV - NOVEMBRO de 2020
- 5 -
A parceria entre o IRELGOV e a ESPM
tem dado bons frutos. Sob a coordenação dos
professores Denilde Holzhacker e Creomar
de Souza e da conselheira Valeria Rossi – com
o suporte da Diretoria de Comunicação, foi
realizada, entre 25/08 e 29/09, a série de
webinários Relações Governamentais em
Perspectiva.
Voltada para os alunos do Curso de
Relações Internacionais da ESPM – mas também
aberto a todos os associados e público externo
– a série abordou aspectos básicos da profissão
para os futuros relgovers, como fundamentos de
advocacy, lobby, comunicação de crise e o papel
dos think tanks.
Estudantes, professores e profissionais
de RelGov participaram intensamente dos
debates que, a cada encontro, apresentaram as
principais perspectivas teóricas e as práticas de
mercado por profissionais reconhecidos. Dentre
os convidados que contribuíram com suas
ideias estão Andrea Gozetto, Silvia Fagnani,
Marcello Baird, Laís Thomaz, Carlos Lima, José
Luiz Pimenta Jr., Patricia Guimarães Gil, Felipe
Seligman, Valéria Rossi, Anna Almeida, Raul
Cury, Ana Regina Falkembach Simão, Roberta
Braga, Julia Dias Leite e Saulo Nogueira.
As gravões dos webinários da série
estão disponíveis na .
O IRELGOV publica semanalmente as
DICAS DOS EIXOS ou DICAS DOS ASSOCIADOS.
São sugestões de artigos, livros, filmes, séries,
entre outros formatos e veículos, dadas por
conselheiros, diretores e associados para segui-
dores dos perfis do instituto nas redes sociais.
A sugestão publicada sempre tem conexão
com um dos eixos que fazem parte do modelo de
cogestão implementado pelo IRELGOV.
      
ideias para  mencionando a
dica, bem como uma breve frase sobre sua relevância
e o porque gostaria de sugeri-la ao Instituto.
Série Relações
Governamentais
em Perspectiva
Dicas dos Eixos
e Dicas dos
Associados
Radar
DIÁLOGOS IRELGOV - NOVEMBRO de 2020
- 6 -
Para discutir a questão eleitoral nos
Estados Unidos e no Brasil, o IRELGOV promoveu
de 20/10 a 10/11 a série de encontros virtuais “O
Ciclo Eleitoral nos EUA e Brasil”. Foram quatro
webinários, dois sobre eleições nos EUA a fim
de conhecer o sistema político americano,
compreender o sistema eleitoral para a eleição
presidencial e legislativa, bem como o papel
do financiamento de campanha. Outros dois
webinários trataram das eleições no Brasil, o
primeiro analisando o impacto das eleições de
2020 nos EUA para o nosso país bem como o papel
das eleições municipais no Brasil, e outro, especial,
sobre as eleições municipais brasileiras sob a
ótica da diversidade. Os webirios com temas
que envolvem as eleições nos EUA e os impactos
no Brasil foram fruto de uma parceria com o think
tank americano Atlantic Council. O que analisou as
eleições sob a ótica da diversidade foi uma iniciativa
do Eixo de Diversidade & Inclusão. O eventos foram
exclusivos para os convidados do Atlantic Council
e associados do IRELGOV.
Entre os participantes convidados estavam
Carlos Gustavo Poggio, Abrão Neto, Roberta
Braga, Suelma Rosa, Luis Miranda Jr., Maria Elena
Salinas, Henry Cuellar (Representante dos Estados
Unidos D-TX-28), Terry Mcauliffe (ex-governador
da Virgínia), Francis Roone (Representante dos
Estados Unidos R-FL-19), Jason Marczak, Irina
Bullara, Mafoane Odara, Toni Reis, Nayana Rizzo,
Maurício Moura, Bruno Carazza e Patrícia Mello.
As gravações dos webinários da série
estão disponíveis na .
Série de
Webinários Ciclo
Eleitoral nos
EUA e Brasil
Radar
DIÁLOGOS IRELGOV - NOVEMBRO de 2020
- 7 -
No mês de setembro os associados
IRELGOV ganharam uma área de acesso exclusivo
no site onde podem encontrar as atas de reuniões
do Conselho, artigos exclusivos, webinários grava-
dos, oportunidades e, futuramente, a relação de
associados e contatos que queiram participar de
network. Com a nova área, o Conselho pretende
dar mais transparência à governança do Instituto,
ao mesmo tempo em que oferece benefícios exclu-
sivos aos associados. Na área, por exemplo, estão
disponíveis todos os webinários realizados, como os
da Série Relações Governamentais em Perspectiva,
a parceria IRELGOV & Consejo PR e o Ciclo Eleitoral
nos EUA e Brasil. 
Em setembro também foi lançada a nova
política de Apoio Institucional do IRELGOV. O docu-
mento passou por consulta pública dos associados e
contém as diretrizes de apoio e patrocínio. A medida
normatiza e dá transparência às ações e eventos que
levam a assinatura do IRELGOV.  

Associados
ganham área
de acesso
exclusivo no site
IRELGOV lança
Política de Apoio
Institucional
Radar
DIÁLOGOS IRELGOV - NOVEMBRO de 2020
- 8 -
Desde agosto, o Instituto conta com a
parceria FBK Comunicação + Árvore de Design
para atender às demandas de comunicação. A
agência, contratada por meio de uma concorrência,
está encarregada de atuar no planejamento de
comunicação interna e externa, na atualização
da identidade visual, no novo projeto editorial
gráfico e jornalístico da Revista Diálogos (a partir
do próximo número), na gestão das redes sociais,
no planejamento estratégico e na criação das
campanhas e das novas peças de comunicação. A
, com seus 26 anos de experiência no mercado
de comunicação integrada, coordenada pelo
jornalista e publicitário Robson Fontenelle, e a
, com seus mais de 20 anos de
experiência da designer Paola Menezes, trazem
inovação e conceitos como o design thinking e
branding estratégico para posicionar o IRELGOV
de forma a crescer em relevância e número de
associados. Muitas novidades vêm por aí. A
identidade visual das campanhas nas redes sociais
já trazem elementos que vêm sendo introduzidos
na comunicação do Instituto de forma a reforçar a
presença e a identidade da marca. O propósito da
marca ganhou relevância com os Eixos que serão
ainda mais valorizados. Até janeiro a nova identidade
visual estará expressa nas comunicações, veículos
e peças institucionais do IRELGOV.
Novo suporte na área
de comunicação
FBK Comunicação
Fabrika Comunicação Integrada EIRELI
Rua Matipó, nº 290, 301 - Santo Antônio - Belo Horizonte/MG - CEP: 30350-210
CNPJ: 00.267.895/0001-25 IE: Isento Código CENP: MG.0608.7747.5 Fone: (31)3286-4214
Proposta nº 620
IRelGov
INSTITUTO DE RELAÇÕES GOVERNAMENTAIS
Rua Gomes de Carvalho, nº 1356, 2º andar, cj. 22 - - Vila Olímpia - São Paulo/SP - CEP: 04547-005
CNPJ: 21.736.802/0001-34 Fone: 11 3995-5210 Email: [email protected]
Proposta Atendimento demandas da IRelGov
O Instituto de Relações Governamentais - IRELGOV, fundado em 2015, é um
think tank
brasileiro dedicado ao tema das relações governamentais e assuntos públicos. Sob nova direção
para o biênio 2020/2022, definiu o propósito de comunicação focado em:
a) profissionalizar a comunicação, dando maior visibilidade às ações e aumentar a interação
com os associados;
b) utilizar a comunicação como apoio a iniciativas comerciais, para ampliar sua base de
associados.
Para tanto, necessita de proposta de Fee-mensal que contemple os serviços de
comunicação
integrada:
1. Gestão de redes Sociais que contemple diagnóstico e planejamento, criação de conteúdo
e postagens, cronograma conforme planejamento, monitoriamento e resposta ativa aos
canais e report métrico semanal;
2. Gestão de Comunicação Interna que contemple planejamento, execução e revisão de
peças de comunicação/divulgação para com o público interno;
3. Planejamento e novo material institucional, folder, flyers digitais, etc;
4. Execução da Revista Diálogos, média de 30 páginas, contemplando pauta, espelho,
revisão e edição de artigos, redação de notas, matérias e entrevistas (3 por edição);
Proposta de valor por job (by demand) para os serviços de:
1. Edição de fotos e vídeos;
2. Assessoria de imprensa: cavar pautas relacionadas ao Instituto, inserção em mídia paga
e espontânea, p
ublicação de artigos em jornais e mídias especializadas, cobertura
adicional para os eventos patrocinados pelo Instituto;
3. Media training: até 3 h de treinamento online para Conselheiros e/ou Diretores no caso
de exposição em mídia nacional e/ou internacional em nome do Instituto.
4. Divulgação e trabalho de comunicação relacionado a missões internacionais: a definir.
Itens
Em Aberto
Comunicação Integrada - Consultoria, gestão e criação de peças
Fee-mensal para Comunicação Integrada abrangendo os serviços de Gestão de redes Sociais que
contemple diagnóstico e planejamento, criação de conteúdo e postagens, cronograma conforme
planejamento, monitoramento e resposta ativa aos canais e report métrico semanal;
Gestão de Comunicação Interna que contemple planejamento, execução
e revisão de peças de
comunicação/divulgação para com o público interno;
Planejamento e novo material institucional, folder, flyers digitais, etc;
Execução da Revista Diálogos, média de 30 páginas, contemplando pauta, espelho, revisão e edição de
artigos, redação de notas, matérias e entrevistas (3 por edição);
Não inclui custo de produção fotográfica, gráfica, digital nem eletrônica.
Fee-mensal ser
viços de comunicação integrada -
Fee
Quantidade
1
Valor Mensal
R$ 66.000,00
Valor
R$ 66.000,00
SiGA | Proposta nº 620 Gerado em 23/07/2020 11:13 - 1 / 4
+
O IRELGOV tem novo endereço desde o dia
10 de setembro. Devido à pandemia, o espaço de
cowork em que o Instituto estava sediado encerrou
suas atividades e foi preciso fazer a mudança para
outro lugar. Agora o IRELGOV está sediado à Rua
Funchal, 203, Cj 111 – Vila Olímpia – SP – Capital –
CEP 04551-904. O telefone permanece o mesmo:
+55 11 98536-0012.
Novo endereço
Radar
DIÁLOGOS IRELGOV - NOVEMBRO de 2020
- 9 -
Dos 20 profissionais de RIG agraciados com o Prêmio Origem em 2020, 14 são associados do
IRELGOV. O Instituto parabeniza a todos por somar na nossa missão de Dialogar para Transformar!
Anuário ORIGEM: Parabéns aos 14
associados do IRELGOV premiados
Associados premiados prestigiaram o evento do Anuário Origem, em São Paulo.
 - Diretora Executiva da AIPC;
 - Sócio da Perman Advogados;
 - CEO e Fundador da Dharma
Political Risk and Strategy;
 - Diretor de Relações
Governamentais, BCN Burson Cohn & Wolfe;
 - Senior Director Government
Affairs LATAM - Biomarin
 - Head, Government & Regulatory
Affairs - IBM Latin America;
 - Diretora Global de Relações
Internacionais BRF;
 - Head of Institutional Affair and
Government Relations, Nestlé;
 - Sócia Diretora da Celuppi
Advogados / Radar Governamental;
 - Diretora Associada de Relações
Governamentais, MSD Brasil;
 - Sócia-Diretora da Patri;
 - Sócio da BMJ;
 - Presidente Executivo da
ABRAMAT;
 - Diretora de Relações
Governamentais da DOW.
Giro dos Eixos
DIÁLOGOS IRELGOV - NOVEMBRO de 2020
- 10 -
Giro dos Eixos
A partir desta edição publicaremos a seção Giro dos Eixos. A gestão atual do IRELGOV trabalha ancorada
em oito temas que já se encontram em plena atividade.
Conheça cada um dos eixos que compõem o Conselho do IRELGOV, sua equipe de trabalho e seu foco
principal, todos discutidos e avaliados em conselho, de forma a agregar na divulgação da relevância do

Nacionalização &
Entes Subfederados
Internacionalização
& Parcerias
Internacionais
Empreendedorismo &
Transformação Digital
Comunicação & Advocacy
Ensino & Pesquisa
Diversidade &
Inclusão
Carreira &
Futuro da Prossão
Jurídico & Marco Regulatório
Giro dos Eixos
DIÁLOGOS IRELGOV - NOVEMBRO de 2020
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DIVERSIDADE &
INCLUSÃO
 Helga Franco, Nayana Rizzo Sampaio,
Cibele Perillo, Marcele Adames, João Marques,
Veronica Horner Hoe, Erik Camarano, Irina Cezar,
Leon Rangel e Patricia Dias.
O  possui dois grandes

Como ampliar o diagnóstico e a sensibilização
sobre conceitos de diversidade e inclusão;
Como reconhecer e desenvolver os represen-
tantes e embaixadores da temática.
Várias ações estão sendo implementadas tendo

Diálogos terá como tema principal as discussões
sobre Diversidade e Inclusão.
ENSINO & PESQUISA
 Creomar Souza, Denilde Holzhacker,
Fernanda da Costa, Ivan Ervolino, Jackson de Toni,
Pablo Cesário, Raquel Colsera, Raquel Almeida,
Rodrigo Navarro e Saulo Nogueira.
O    , além de promover
a convergência com os outros eixos, tem como

Promover o debate conceitual e técnico na área;
Estimular o aprendizado de habilidades e com-

Incentivar a produção sobre temas da área, nos

Compartilhar a troca, pesquisas e estudos entre
os associados e membros da comunidade de RIG;
Apoiar cursos e eventos em consonância com
as políticas do IRELGOV.
Uma das primeiras ações do eixo foi a realização
da série de webinários abordando os fundamentos
a em parceria com a ESPM.
INTERNACIONALIZAÇÃO
& PARCERIAS
INTERNACIONAIS
 Diego Bonomo, Juliana Villano, Clarice
Mosele, Bernhard Smid, José Pimenta, Lucas Lorini
e Juliana Cruz.
O     
 possui três grandes desafios:
Posicionar o IRELGOV como referência inter-
nacional em think tank na área de Relações
Governamentais;
Disseminar boas práticas de advocacy entre o
Brasil e outras regiões;
Reforçar a atuação internacional do IRELGOV.
Uma das primeiras ações realizadas foi o convênio
com o Consejo-PR, da Argentina, possibilitando o
trabalho conjunto das instituições.
EMPREENDEDORISMO
& TRANSFORMAÇÃO
DIGITAL
 Juliana Celuppi, Andriei Gutierrez, Fábio
Rua, Fabiane Lazzareschi, Anna Beatriz Almeida
Lima e Lariana Mungai.
O    
      
gerem inovação para a área de relações governa-
mentais por meio da análise de dados e criação de
soluções digitais. Duas ações básicas vêm sendo
desenvolvidas:
Manual Tecnologia e Gestão em RIG, constru-
ção colaborativa já em andamento (digitalskills);
HACKATHON – evento para geração de um
software que auxilie na gestão de RelGov,
agendado para 2021.
Giro dos Eixos
DIÁLOGOS IRELGOV - NOVEMBRO de 2020
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COMUNICAÇÃO &
ADVOCACY
 Valeria Rossi e Raquel Araujo (Comunicação)

:
Ampliar o reconhecimento do IRELGOV como
think tank;
Trabalhar em prol do reconhecimento e
lobby e relações
governamentais;
Buscar o fortalecimento de marca institucional
do IRELGOV.
Para possibilitar isso, várias ações estão sendo
realizadas tanto no campo da comunicação interna
quanto no da comunicação externa. Planejamentos
     
e melhorias nos usos dos canais de comunicação
estão sendo desenvolvidos e implementados,

dos materiais de comunicação e as mudanças
implementadas nesta revista fazem parte deste
conjunto de ações.
CARREIRA & FUTURO DA
PROFISSÃO
 Afonso Lamounier, Anna Beatriz, Carlos
Parente, Eduardo Calderari, Grazielle Parenti, José
Luis Pimenta Jr, Juliana Cruz, Raquel Almeida, Raul
Cury, Renard Aron, Roberta Rios, Rodrigo Navarro.
O  tem dois

eixos da atual gestão:
Promover um networking mais efetivo entre
associados;
Ampliar o conhecimento sobre a carreira e a

JURÍDICO &
MARCO REGULATÓRIO
 Wagner Parente, Juliano Griebeler,
Sílvia Fagnani, Sílvia Abud, Cláudio Timm, Maurício
Wanderley, Gabriela Santos de Santana, Leonardo

Duas ações são principais entre os objetivos do

:
Contribuir para o debate a respeito da regula-

e governamentais, gerando estudos e informa-
ções;
Acompanhar as ações do governo e ajudar o
Instituto a se posicionar sobre o tema sempre
que possível e necessário.
NACIONALIZAÇÃO &
ENTES SUBFEDERADOS
Ana Paula Losi, Alexandre Amissi e Ângela
Oliveira.
-
zação do IRELGOV para outros entes subfederados.
     
para o ano de 2020: Bahia e Minas Gerais. São três
as ações propostas:
     
nessas regiões;
Divulgação do IRELGOV nos fóruns regionais

Realização de eventos on-line com temas de

mente.
Giro dos Eixos
DIÁLOGOS IRELGOV - NOVEMBRO de 2020
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4
DICAS DOS ASSOCIADOS
Associado, queremos sua dica de
leitura dentro de um dos eixos:
Envie sua dica para irelgov@irelgov.com.br
mencionando o título e autor(a), bem como uma
breve justicativa sobre sua relevância e o porque
gostaria de sugeri-la como leitura.
JURÍDICO &
MARCO REGULATÓRIO
ENSINO &
PESQUISA
INTERNACIONALIZAÇÃO &
PARCERIAS INTERNACIONAIS
EMPREENDEDORISMO &
TRANSFORMAÇÃO DIGITAL
COMUNICAÇÃO &
ADVOCACY
NACIONALIZAÇÃO &
ENTES SUBFEDERADOS
CARREIRA &
FUTURO DA PROFISSÃO
DIVERSIDADE &
INCLUSÃO
DIÁLOGOS IRELGOV - NOVEMBRO de 2020
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Capa
Futuro pós-pandemia
DIÁLOGOS IRELGOV - NOVEMBRO de 2020
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Desde que a Organização Mundial da
Saúde (OMS) declarou que o mundo vivia sob a
pandemia de um novo Coronavirus, o SARS-COV-2,
foram iniciadas, mundialmente, as medidas de
contenção do vírus. A maioria determinou
quarentena. A economia parou com as pessoas
em casa, sem entender direito o que estava
acontecendo. De lá para cá o Brasil já confirmou
mais de 162 mil mortes e 5,6 milhões de diagnós-
ticos de COVID-19 (dados divulgados até o
fechamento desta edição).
Política
Capa
Os efeitos da
pandemia
no Brasil
O que afeta o futuro das
relações governamentais
no pós-pandemia?
Que o dia 11 de março de 2020 mudou o
mundo ninguém tem mais dúvidas. Elas estão agora,
em como serão as relações humanas, comerciais,
trabalhistas, profissionais, internacionais e fede-
radas; na educação, na cultura, no turismo, no
esporte, na política e nas relações governamen-
tais. Essa discussão tem sido a tônica de debates,
webinários, congressos da ONU e, quem di-
ria, até de bate-papos entre amigos, seja via
web ou em bares e restaurantes recém abertos
pelo país. O que se tem de fato são algumas
mudanças de comportamento que apontam
para uma nova postura no futuro. Abaixo, a Di-
álogos destaca algumas áreas da vida cotidiana
que foram afetadas pela pandemia e que devem
ser levadas em consideração por todos os profis-
sionais que trabalham na defesa de interesses.

O isolamento social serviu de lente de
aumento para a sociedade como um todo
perceber como andava sua própria qualidade
de vida. Durante a pandemia, o que se verificou
foi a agudização de diversos sinais e sintomas
que a sociedade já sentia mas fingia não per-
ceber. Pais e mães se viram obrigados a, da
noite para o dia, lidar com os filhos, as tarefas
domésticas, o ensino on-line e o trabalho: tudo
junto e ao mesmo tempo. A professora doutora
Valeska Zanello, do Departamento de Psicologia
Clínica da Universidade de Brasília, coordenadora
do grupo de pesquisa do CNPQ, Saúde Mental e
Gênero, conta que as mulheres se viram numa
Hoje, enquanto Itália, França, Suíça e
outros países da Europa começam a viver uma
segunda onda de infecções pela doença e voltam
a se fechar, no Brasil, motivados pelos núme-
ros, estados e municípios se abrem. E a economia
começa a mostrar que pode se recuperar. O comér-
cio já comemora a Black Friday e estima maiores
vendas para o Natal, considerando que será
mantida a recuperação de 1,8% no Dia das
Crianças em relação ao Dia dos Pais. O setor
de serviços aponta crescimento, segundo dados
do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística,
IBGE, divulgados em outubro. A indústria ainda
sofre com a falta de disponibilidade de matérias-
primas no mercado nacional (68%) e o aumento
dos preços (82%), segundo pesquisa da Confede-
ração Nacional da Indústria (CNI), realizada em
outubro. 31% das indústrias relataram altas acen-
tuadas nos custos dos insumos que, em algum mo-
mento, terão que ser repassados aos consumidores.
DIÁLOGOS IRELGOV - NOVEMBRO de 2020
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situação extremamente estressante: “a carga de
trabalho e responsabilidade durante a pande-
mia cresceu a ponto de levar 80% das mulheres
brasileiras ao sofrimento. O sofrimento mental,
no Brasil, também virou pandêmico”. A pesquisa
da professora destaca que o sexismo, o ma-
chismo, a objetificação da mulher durante
a pandemia cresceram muito, conforme se
observa nos grupos de mensagens entre homens
neste período. Pior:
on-line


Outro reflexo dessa lente de au-
mento jogada sobre a hiper-convivência du-
rante o isolamento social é que, não ape-
nas por uma questão de economia devido
à queda do poder de compra, mas também
por uma tomada de consciência, as pessoas
passaram a rever suas necessidades. Tudo aquilo
que não era básico para a sobrevivência começou
a ter sua necessidade questionada. Assim, houve
também uma tomada de consciência que reorde-
nou os valores, necessidades e desejos de compra.
Mudou completamente as relações de consumo.
O consumidor percebeu que fazer compra on-line
é mais barato que em lojas físicas; está optando
pela compra de itens essenciais, como alimen-
tos, bebidas, medicamentos e reduzindo itens
supérfluos.
De março para cá o e-commerce no Brasil
experimentou um incremento vertiginoso. Dados
da Associação Brasileira de Comércio Eletrônico
(ABCOMM) apontam que houve um crescimento
de 70% no faturamento do e-commerce quando
comparado com o mesmo período do ano passado.
Mais de 150 mil novas lojas aderiram ao comércio
on-line para continuar vendendo e se manter no
mercado. O Relatório Setores do e-commerce no
Brasil, editado pela Conversion, mostra que, em
setembro, as maiores lojas virtuais brasileiras
registraram a marca de 1,21 bilhão de acessos.
Foi um período de queda em relação ao último
mês (-4,8%), mas de aumento na comparação
com o ano anterior (+4,3%). Os setores que mais
cresceram de fevereiro para cá foram o de Pets
(71%), Comidas & Bebidas (56%) Casa & Móveis
(49%), Moda & Acessórios (42%) e Farmácia &
Saúde (38%). A expectativa do setor é que em
outubro haja um incremento de 0,5%, o que
levaria o número para o patamar de 1,22 bilhão de
acessos. Pesquisa da consultoria McKinsey aponta
Capa
muitas mulheres se colocaram
em situação de se subjulgar a
continuar vivendo casamentos
abusivos por, neste momento,
estarem completamente
dependentes e sem chances
de se libertar. Se ela resolver sair de
casa, ela vai pra onde?
No pós-pandemia teremos
muitas separações. Muitas
mulheres de classes mais altas
que terceirizavam seus trabalhos e
responsabilidades,
neste período pandêmico, tomaram
consciência de gênero porque
sentiram a falta dessas terceiras e
tiveram que vivenciar esses afazeres.
A partir daí elas perceberam
a importância de pensar nisso e
houve uma mudança de postura
da mulher em todas as classes.
E isso vai refletir no mundo
pós-pandemia
Valeska Zanello
Departamento de Psicologia Clínica
da Universidade de Brasília
DIÁLOGOS IRELGOV - NOVEMBRO de 2020
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que no Brasil 40% dos consumidores pretendem
fazer mais compras on-line pós-pandemia, 35%
das pessoas dizem que vão reduzir as idas a lojas
físicas. Esse comportamento tende a permanecer.



A pandemia também trouxe uma tomada
de consciência para um comportamento mais
sustentável. As pessoas passaram a olhar para
seu lixo, observando volume, tipo, e muitos
consumidores passaram a enxergar suas compras
de uma forma mais responsável. Passaram
também a ter uma preocupação maior com o
próximo, se reconectando às pessoas. Empresas
social e ambientalmente responsáveis passaram
a ser mais valorizadas pelos clientes. Muitas
pessoas passaram a comprar de produtores
locais, com o objetivo de fortalecer a economia
regional. “Acredito que o futuro do consumo é
consumir menos. Estamos preenchendo vazios
existenciais com compras, um excesso de
consumo compensatório. Desapego, coerência e
verdade passaram a ser as palavras do momento”,
explicou o professor e fundador da Keep Learning
School, Murilo Gun, durante o painel da Expert
XP 2020, ocorrido em julho.
O atendimento humanizado passou a ser
ainda mais necessário no pós-pandemia. O novo
comportamento de compra define essa necessida-
de de estar mais próximo do cliente, interagindo
e oferecendo conteúdos relevantes no pós-ven-
da. Segundo Melissa Vogel, CEO da Kantar, “um
dos grandes desafios das marcas é coerência, é
como se manter relevante e com propósito. Os
consumidores esperaram que as marcas fossem
direcioná-los. O que as marcas estão fazendo para
       
oportunista nem deixar de conversar e investir
no consumidor. As marcas precisam cada vez
mais de narrativas conscientes em todas as pla-
taformas. O consumidor está cada vez mais crí-
tico e consciente, preocupado com seu futuro”,
acredita.


A flexibilidade nos horários e locais de
trabalho propiciada pelo trabalho remoto acabou
sendo necessária para o distanciamento social e
deverá permanecer mesmo depois da pandemia.
Pesquisa do IBM Institute for Business Value (IBV)
aponta que 52% dos brasileiros entrevistados
desejam continuar trabalhando em casa ou
com idas ocasionais ao local de trabalho. 25%
querem voltar ao trabalho nas empresas com a
possibilidade de poder trabalhar de casa. Apenas
10% querem voltar a trabalhar todos os dias no
escritório.
Capa
O futuro, entretanto,
depende das respostas que
a sociedade global der,
que podem variar desde
valores e crenças individualistas
a coletivistas, a enfoques
econômicos centrados
na acumulação ou
no bem-estar comum.
Luis Guadagnin
Professor do Departamento
de Ecologia da UFRGS.
DIÁLOGOS IRELGOV - NOVEMBRO de 2020
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Capa



O mundo viu reações populares pró-democracia
em Hong Kong, no Chile, na Tailândia. Obser-
vou reações contra o racismo, iniciadas nos Es-
tados Unidos e propagadas por todo o mundo
com o lema “Vidas Negras Importam”, movimento
importante que teve papel de destaque na elei-
ção de Joe Biden. Viu o incremento da tensão
entre Armênia e Azerbaijão, na região do Cáu-
caso, levando Rússia, Estados Unidos e França a
se oporem à Turquia. Percebeu China e Índia se
estranharem por conta de fronteiras, o mesmo
acontecendo com Paquistão e Afeganistão numa
luta que se arrasta desde 2017.
O professor do Departamento de Ecologia da
UFRGS, Luis Guadagnin, em artigo publicado
no site Campo Grande News, diz que “o
contexto socioambiental global é o envelope
da pandemia, condicionando, circunscrevendo
possibilidades. Esse contexto se caracteriza hoje
pela reorganização da geopolítica da produção,
do consumo e do poder, uma resposta sistêmica
aos limites do crescimento econômico e ao risco
iminente de decrescimento e colapso. Limites
esses estabelecidos por recursos que se esgotam
rapidamente e pela corrosão da estabilidade
climática na qual se assenta o modo de vida
moderno. Esse contexto vai impor mudanças
radicais que são inevitáveis. O futuro, entretanto,
depende das respostas que a sociedade global
der, que podem variar desde valores e crenças
individualistas a coletivistas, a enfoques
econômicos centrados na acumulação ou no
bem-estar comum”.


mindsets
Em entrevista à revista Diálogos, Lucas
Alcântara, diretor do Centro da Quarta Revolução
Industrial, afiliado ao Fórum Econômico Mundial,
alerta que o futuro pós-pandemia é balizado pela
mudança de mindset do mundo que passa a ser
baseado em colaboração.
Lucas explica que “na lógica da coopera-
ção e da colaboração, o profissional de Relações
Governamentais precisa sair de dentro da sua
organização para alcançar a sociedade civil
organizada, seja nas associações que forem. Mas
é muito importante também que ele busque:
tem o IRELGOV, a ABRIG e uma série de entidades
que tem se aberto para discussões importantes,
para que esse profissional possa, a partir delas,
se qualificar para entender melhor quais são as
questões que estão em voga no país. E que a partir
daí ele gere um impacto mais significativo na sua
organização e na sociedade”.
Nós promovemos uma discussão
mais ampla: a visão de que
o profissional de relações
governamentais passe para empresa
que ele representa, como pode
construir uma estratégia e relações
governamentais que não vão funcionar
por um ano ou por 10 anos.
Mas que vá construir a reputação
daquelas empresas por mais décadas
e gerar valor, não só para acionista,
mas para toda sociedade.
Lucas Alcântara
Diretor do Centro da Quarta Revolução Industrial.
DIÁLOGOS IRELGOV - NOVEMBRO de 2020
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Antes mesmo da pandemia e da chegada de um “novo normal”, as relações governamentais
já vinham sendo repensadas. Como vai se dar o relacionamento que é tão tête-à-tête, mas que com

escritor, palestrante, consultor e profissional de Relações Governamentais Renard Aron, que aborda
o assunto em seu livro, recém lançado em um evento, parceria entre IRELGOV e ABERJE: “Lobby Di-
gital - Como o cidadão conectado influencia as decisões de governos e empresas’’. Com mais de 25
anos de experiência profissional em relações com governo, public affairs e cidadania corporativa no
Brasil e nos EUA, tendo trabalhado para grandes multinacionais e entidades de classe, Renard, com
sua experiência, aponta um caminho sem volta e que já é real e muda a forma de agir dos RelGov.
Lobby
Virtual: como será
o trabalho de RelGov
no novo normal?
Entrevista


DIÁLOGOS IRELGOV - NOVEMBRO de 2020
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Entrevista


   
 - Meu histórico é um pouco diferente
porque eu venho da área técnica. Me formei
em Ciências Geológicas, pela UERJ, no Rio de
Janeiro, e depois em Engenharia Geológica,
pela Montana Tech, em Montana, nos Estados
Unidos. Trabalhei na área por uns quatro, quase
cinco anos, em exploração de ouro. Depois eu
fui para Washington fazer meu MBA e foi lá que
fui realmente exposto, pela primeira vez, ao
governo. Inclusive, meu primeiro estágio foi no
departamento de comércio americano, o MDIC,
o nosso ex-MDIC. E de lá fui para a câmara
de comércio americana, a CNI brasileira,
trabalhando com Brasil-Esta-
dos Unidos. Depois, atuei
num escritório brasileiro
de lobby em Washington,
que é sediado em Brasília.
De lá fui trabalhar por conta
própria representando inte-
resses brasileiros no congres-
so americano: um negócio
super bacana que durou uns
três anos mas depois o cash
flow não me sustentou. E
aí é que fui para a indústria
farmacêutica, trabalhar para
PhaRMA, entidade de classe
que representa a indústria
de pesquisa farmacêutica
em Washington, onde o meu
foco era a América Latina. De
lá fui contratado pela Novartis, empresa Suíça,
onde também trabalhei cobrindo América Latina.
Um dia o presidente da Novartis Brasil me con-
vidou para assumir a área de RelGov e Public Af-
fairs da empresa. Foi assim que eu saí de Washin-
gton e voltei para o Brasil. Passei quase quatro
anos com a Novartis no Brasil e depois fui para a
Johnson & Johnson, uma indústria farmacêutica
americana, enorme aqui. Passei mais uns quase
seis anos na Johnson & Johnson, primeiro como
responsável do Brasil, depois como responsável
de RelGov para a América Latina. Há dois anos a
gente decidiu voltar para os Estados Unidos. Saí
da Johnson & Johnson, acabei de escrever meu
livro e aqui nós estamos agora.



 - Eu tenho uma visão pouco distin-
ta, porque eu separo esta fase que nós estamos
passando agora como, digamos, uma fase um
pouco maior. O meu livro tem a ver com o maior
e não com o momentâneo. O momentâneo, de-
vido à pandemia, é realmente uma transição. É
mais um deslocamento das
relações que antes eram o
one-on-one, no gabinete de
deputados e ministros, se-
cretários, uma reunião numa
agência como ANVISA, ANA-
TEL. E isso agora foi desloca-
do para o Zoom, por exemplo.
Então a reunião que antes
era presencial passou a ser
virtual, digital. Não muda
muito do meu ponto de vis-
ta. Obviamente é mais fácil
você ter uma reunião digi-
tal, virtual, via plataforma
se você já tinha um relacio-
namento com questões que
vão ter que ser condiciona-
das. Mas assim que a pande-
mia acabar, volta, talvez não a ser 100% o que
era. Para quê ficar viajando a Brasília o tempo

Mas a lógica da reunião não muda. Se a gente fala
de Lobby Digital, que é o título do meu livro, aí
sim a lógica mudou. Porque os atores mudaram,
a dinâmica do processo mudou. A lógica do pro-
cesso muda. Tudo muda. Se você pegar a lógica
da reunião one-on-one e tentar transferir essa ló-
O momentâneo, devido
à pandemia, é realmente
uma transição. É mais um
deslocamento das relações
que antes eram o
one -on-one, no gabinete
de deputados e ministros,
secretários, uma reunião
numa agência como
ANVISA, ANATEL. E isso
agora foi deslocado para
o Zoom, por exemplo.
Renard Aron
Escritor e RelGov.
DIÁLOGOS IRELGOV - NOVEMBRO de 2020
- 21 -
Entrevista
gica para o mundo digital, você dança. Você vai lá
defender seu ponto de vista dizendo a ele: olha
aqui está a minha visão sobre
o que está sendo discutido
no Congresso. Não é assim
que funciona no digital. A
lógica é muito mais emo-
cional: você não tem esse
tempo todo para sentar com
alguém 20, 30 minutos ou
uma hora para poder ter uma
conversa técnica. Não! Você
tem x segundos ou até mili-
segundos. Tem que chamar
a atenção do cidadão que é o novo stakeholder
dessa conversa porque senão ele não mostra que
tem interesse… Então, a lógica no digital é total-
mente diferente. É disso que o livro trata.
lobby


     




 - O lobby digital não vem para subs-
tituir o tradicional. Ele vem adicionar. Inclusive
o lobby digital tem que fazer parte de uma es-
tratégia do lobby tradicional. Quando que você
começa ele tem que fazer sentido dentro do
processo legislativo ou de uma audiência públi-
ca numa agência regulatória. Então, a primeira
coisa é que o digital não substitui o tradicional.
Os atores tradicionais continuam aí e quem está
entrando hoje no processo vai lentamente se en-
volver e estabelecer as relações. Se você pensar
numa empresa, numa organização, ONG, você vai
ter a pessoa mais sênior, que vai ter as relações,
e o entrante que vai aprender e vai desenvolver
sua própria rede de contatos. Isso não muda.
O que muda são os novos stakeholders que não
são os tradicionais. Então, quando a gente pensa
em stakeholders tradicionais, a gente pensa de-
putado, senador, secretária, setor legislativo,
diretor de uma agência regu-
latória, o ministro de dentro
de um ministério, qualquer
que seja o ministério que
você está trabalhando. Você
pensa na mídia, nos think
tanks, então tem aí uma
gama de atores que seguem
a lógica tradicional de quem
é stakeholder, o interesse
econômico, na maioria das
vezes, o interesse do
tema em si. Eu argumento que quem es aí
há 30 anos está prejudicado porque não en-
tende como funciona o mundo digital. E eu
diria que o novo entrante está mais capacitado.
E destaco duas categorias de novos stakeholders
que o tradicional não conhece: o cidadão e a ce-
lebridade. Quando se fala de celebridades são os
influenciadores, que pode ser desde uma Anitta
até um youtuber que trata de uma questão es-
pecífica qualquer como um gamer que só fala de
games. Este também é um stakeholder. Pode ser
um Greg, do GregNews, que passa a falar de po-
lítica pública. Pode ser Anitta e a gente pode se
aprofundar: uma chef, como a Paola Carosella,
a Bela Gil... todas elas hoje são stakeholders. E
hoje se você não pensar nesses atores tanto no
cidadão enquanto influenciadores, você pode ser
pego de surpresa.


 - Muda porque você tem que levar
em conta a dinâmica na web. A lógica do lobby
tradicional, e eu venho do lobby tradicional, ela
pensa: um tema vai ser debatido na plenária do
congresso, numa audiência pública, num prazo de
você submeter comentários ao processo tanto no
executivo quanto no legislativo, uma discussão do
regulatório. Pode ser um evento organizado por
uma entidade de classe. São debates realmente
O lobby digital não vem
para substituir o tradicional.
Ele vem adicionar. Inclusive
o lobby digital tem que fazer
parte de uma estratégia
do lobby tradicional.
Renard Aron
Escritor e RelGov.
DIÁLOGOS IRELGOV - NOVEMBRO de 2020
- 22 -
Entrevista
fechados onde, no máximo, a mídia reflete uma
discussão caso haja o interesse maior da socie-
dade no tema. Então essa lógica é bem fechada.
Hoje, na hora de planejar, se o tema for de inte-
resse do público, novamente a dinâmica muda
porque de repente o cidadão pode estar interes-
sado. E se o cidadão está interessado esse debate
não ocorre em espaços relativamente fechados e
estanques, mas no público. Inclusive, no livro eu
falo que o debate de políticas públicas virou pú-
blico, realmente. Ao vir a público, você tem que
entender a dinâmica desse processo público que
está sujeita a um processo muito mais rápido do
que aquele onde você tinha uma audiência e um
trâmite. Muda a lógica pela lógica da velocida-
de e da dinâmica. A dinâmica do debate na web
segue muito a dinâmica do coletivo, não do one-
-on-one que o lobista tradicional tão bem sabe
fazer, onde a relação é importante, onde A pode
influenciar B. Na rede é múltiplo. Tem que enten-
der a dinâmica do coletivo. Como é que eu, como
cidadão, influencio você, que leva minha mensa-

isso vai para o coletivo, isso pode mudar de um
dia para noite. E se no seu planejamento você não
estiver no mínimo atento ao que está acontecen-
do nas redes sociais sobre o seu tema, você pode
ser surpreendido que amanhã muda. O melhor
exemplo recente é o da Anitta que fez uma live
no Instagram com um deputado para todo mundo
ver. Não era uma reunião privada ou Zoom com
deputado lá em Brasília. Era uma reunião com o
deputado lá na casa dele, para todo mundo ver.
Os 48 milhões de seguidores da Anitta no Insta-
gram podiam acompanhar a conversa dela no Ins-
ta ou no YouTube.


       



  - Na hora que o cidadão entra no
debate, o termo que eu uso e tenho um blog em
que aplico isso, é a democratização do lobby. O
meu blog, inclusive, é lobby democratizado. Por-
que na hora que esse cidadão entra você demo-
cratiza essa conversa. A política pública, de novo,
passou a ser pública, para todo mundo participar.
Você pode assinar uma petição on-line, bastante
fácil. Você pode mandar um e-mail para um de-
putado, você pode fazer uma hashtag de alguma
coisa no Twitter, você pode pegar uma campanha
qualquer e compartilhar com a sua rede… Então
é muito fácil participar dessa discussão. Se agre-
ga ou dificulta, realmente depende do ponto de
vista. Do ponto de vista macro, ao invés de usar
a palavra agregar ou dificultar, eu diria que é po-
sitivo. Porque você está trazendo o cidadão para

o tempo disponível para você discutir a política
pública nas redes sociais é extremamente limi-
tado. Não cabe uma discussão técnica sobre o
tema. Então não adianta você fazer os 5 talking
points que o RelGov vai fazer explicando porque
a proposta A é melhor que a proposta B. Não tem
espaço para isso. A chamada tem que ser conta-
giante, você tem que viralizar sua ideia. Inclusive,
no meu livro, eu dedico um capítulo inteiro à co-
municação de políticas públicas. Qual a desvan-

discussão qualificada de um seminário, de um
painel com técnicos. Você tem o perigo realmen-
te de mobilizar a sociedade a favor de temas que,
inclusive, podem ser prejudiciais à sociedade. Eu
trago aí um exemplo no Brasil, tem outros, que é
a fosfoetanolamina, a chamada pílula do câncer.
Aquilo foi discutido no Congresso e aprovado em
um mês. Você já viu o Congresso Brasileiro apro-
       
Câmara quanto no Senado. E com a assinatura da

um debate extremamente emocional. O PL não
era legal, não era constitucional. Tanto que o Su-
premo dois meses depois falou que essa lei não
DIÁLOGOS IRELGOV - NOVEMBRO de 2020
- 23 -
Entrevista
é constitucional. Existe hoje uma ANVISA para
tratar do tema, a questão científica foi comple-
tamente ignorada. Nessa onda, que eu chamo de
tsunami, no digital, não existe uma massa crítica,
eu falo que quando o coletivo vem e diz ”a gente
quer”, fica difícil o deputado falar não. Fica difícil
a presidente Dilma, que na época estava com o
fantasma do impeachment, falar não.
lobby

one-on-one



timing



   


       
  - Esse é um grande desafio indo
para frente nesse mundo digital. A primeira coisa
é que, quando se trabalha no mundo corporativo,
a expertise do RelGov não é
necessariamente a comunica-
ção: é o RelGov. Há aqueles
que também dominam a co-
municação, além do próprio
pessoal da área da comuni-
cação que dominam a comu-
nicação. De agora em diante,
as duas áreas vão ter que tra-
balhar juntas. Porque para
comunicar com a sociedade
a área de comunicação está
muito bem preparada para
fazer isso. Só que a comuni-
cação pode trabalhar bem e
tem no seu DNA a questão
da reputação, a questão do
produto, mas não necessa-
riamente política pública. Eles não têm o pulso
em Brasília. Então você não pode estar na web
só pensando no cidadão, porque o deputado, o
senador, quem quer que seja lá em Brasília, está
acompanhando, também, o que está se passando
na rede social. Então as duas áreas vão ter que
trabalhar juntas para levar essa conversa até a
sociedade. Continua lá na ponta, em Brasília. Isso
não vai mudar na minha cabeça. Neste novo con-
texto a gente vai ter que entender que, o RelGov
quando pensa em contexto, pensa qual é o cená-
rio econômico, qual é o cenário político, eleições,
quem está falando em orçamento e vai passar a
reforma administrativa, como os partidos estão
se posicionando. Ele pensa sobre o contexto de
Brasília. E quando a gente olha pra frente vai ter
que envolver não só a comunicação, mas vai ter
que envolver o marketing, porque você tem que
pensar no contexto da sociedade. Isso o RelGov
também não está preparado para fazer. E a co-
municação possivelmente também não. Porque
estes temas não existem no vácuo. Agora no Bra-
sil teve a discussão do Black Lives Matter: o públi-
co tem opinião sobre o tema. Ainda mais em so-
ciedades polarizadas como o Brasil e os Estados
Unidos. Então o marketing vai ter que entrar e o
RH vai ter que entrar. Porque essas questões são
discutidas internamente
na empresa. Como é que
a empresa vai se posicio-
nar quanto à questão do
racismo, quanto à ques-
tão do meio ambien-
   
têm uma sobreposição
com política pública.
Então não é a cidadania
corporativa que todo
mundo acha bom: a em-
presa apoiar as ONGs na
área de saúde, educa-
ção, o que quer que seja.
Não existe “é ruim fazer
isso”; não tem problema.
A empresa pode apoiar
De agora em diante, as duas
áreas (comunicação e RelGov)
vão ter que trabalhar juntas. (...)
Porque o RelGov pensa sobre o
contexto de Brasília. E quando
a gente olha pra frente vai ter que
envolver não só a comunicação,
mas vai ter que envolver o
marketing, porque você tem que
pensar no contexto da sociedade.
isso o RelGov também não
está preparado para fazer.
Renard Aron
Escritor e RelGov.
DIÁLOGOS IRELGOV - NOVEMBRO de 2020
- 24 -
Entrevista
a ONG que quiser, no tema que quiser,
mas na hora que a gente começa de novo
o contexto de questões sociais, onde há
dissenso na sociedade, o RelGov vai ter que
entrar nessa discussão. Porque se a empresa se
posicionar em um tema como o racismo e uma
série de deputados acham isso ruim, como a ação
do RelGov no executivo ou no

nova realidade do lobby digital
e dos temas que estão sendo
incorporados à agenda das em-
presas, em particular, onde a
comunicação vai ter que traba-
lhar com o RelGov nos temas de
RelGov. Mas vai ter que ir além.
Vai ter que trabalhar temas
que não são de cunho econômi-
co ou de interesse imediato da empresa. Essa é
uma nova realidade. Ela está chegando no Brasil
agora. Mas veio para ficar. Aqui nos Estados Uni-
dos é super normal e é a nova agenda do RelGov.

      
       
      
    
 - Sim. Porque pegando o exemplo
da Nike, a campanha do Colin Kaepernick, o lider
dessa discussão, aqui nos Estados Unidos, entre
os atletas de futebol americano, sobre a violên-
cia policial contra os negros: ela tomou um passo
extremamente corajoso há uns três ou quatro
anos ao fazer essa campanha com o Kaepernick.
A Nike se posicionou bem antes das empresas
nesta questão da violência policial quando o Black
Lives Matter explodiu aqui nos Estados Unidos.
Eles fizeram uma outra campanha muito bacana.
Mas, mesmo assim, sofreu críticas porque, para
dentro - por isso que eu digo o RH vai ter que
fazer parte dessa discussão -, para dentro eles
tinham telhado de vidro. Então não adianta só
falar para fora e falar bem para fora, se para
dentro você não fez o seu dever de casa.

      
 - Essa é a nova realidade e o mais
interessante, novamente, que a gente tem que
prestar muita atenção,
sob o ponto de vista das
RelGov. Essa é a nova rea-
lidade porque o poder
público tem interesse em
como é que uma empresa
pensa na retaliação do con-
sumidor. Essa é mais fácil
e mais visível. No livro, eu
falo de casos concretos,
em que o setor público, a
Assembleia Legislativa, por exemplo, retaliou
contra a Delta (Airlines) no caso em que ela se
posicionou sobre o controle de armas. Uma re-
taliação de US$ 40 milhões. Se o RelGov não
estiver atento a essa dinâmica você é pego
de surpresa. Não pelo consumidor que decide
ou não viajar pela Delta ou queimar o sapato da
Nike, mas pelo poder público que acha que a Del-
ta não tem que se posicionar sobre esse assunto.
A gente pode se aprofundar nessa historinha, mas
a lógica, quando você começa a pensar em lobby
digital, você tem que passar a entender o
mundo, a sociedade. O RelGov trabalhava aqui
muito com foco em Washington e com foco em
Brasília, como é que é a discussão lá. Eu tenho
que entender a reforma administrativa, o que
está acontecendo com o Maia, e se o Alcolumbre
vai ou não vai, quando é que eu vou entrar com

trouxer para dentro um ambiente maior hoje,
você corre o risco de ser surpreendido por uma
onda tsunami qualquer aí, que não estava no teu
radar.
Entrevista realizada em 30/09/2020.
Essa é a nova realidade
porque o poder público tem
interesse em como é que
uma empresa pensa na
retaliação do consumidor.
Renard Aron
Escritor e RelGov.
DIÁLOGOS IRELGOV - NOVEMBRO de 2020
- 25 -
Capa
Os desafios não param de se apresentar
ao profissional de relações governamentais que,
se por um lado vai ter que se preparar para o lobby
digital, por outro terá que se acostumar à rotina
de reuniões on-line mescladas a compromissos
presenciais. Pelo menos é o que pensa a Relações
Governamentais e pós-doutora em Ciências Políti-
cas Leany Lemos, ex-secretária de Planejamento
do Estado do Rio Grande do Sul e também do Dis-
trito Federal, atualmente coordenadora do Comi-
tê de Dados ao Combate à COVID no Rio Grande
do Sul.
Em entrevista à Diálogos sobre a tendência
das relações do Executivo com o Legislativo, Leany
destaca que, com a pandemia houve um avanço ex-
pressivo no que tange a revolução tecnológica. “Nós
já contávamos com as ferramentas, mas ainda não
as tínhamos na cabeça, no nosso uso do dia a dia”,
explica. Para ela, essa adaptação às tecnologias
acabou mudando um paradigma: a forma como as
empresas lidam com os consumidores, bem como
a forma como elas se relacionam com o governo.
“Essa mudança em escala também impacta a for-
ma como o governo se relaciona com outros po-
deres. O uso das novas tecnologias permite reu-
niões em que as pessoas que estão em espaços
territoriais diferentes possam se encontrar dalí
a cinco minutos e permite acelerar um certo tipo
de coisa. Por outro lado, a gente ainda tem algu-
ma dificuldade com confiança. A presença é mui-
to importante, esse contato pessoal, e isso deve
se manter. O ser humano gosta de estar junto, no
mesmo lugar, na mesma sala e tomar um café. E a
gente, na nossa cultura brasileira, latina, é muito
das relações pessoais, sociais. Isso vai se manter
um pouco. Mas o uso da tecnologia vai agilizar a
tomada de decisão governamental e a interação
das empresas com o governo, o que eu acho bem
interessante. Isso porque se ganha em custo, em
tempo, já que você não precisa mais se deslocar
para Brasília para uma reunião de duas horas e
perder um dia. Sem falar que pode acelerar toma-
das de decisão e algo que o RelGov faz muito em
empresas, que é trazer informações do governo,
sobre o setor, investimentos ou situações futuras,
cenários... Então isso tudo vai ser possível se fazer
de uma maneira mais rápida, mais barata, sem fa-
lar que a gente fica acessível, parece que a agenda
fica maior... Isso vai permitir mais acesso às pes-
soas e aos tomadores de decisão que vão ter que
administrar muito bem seu tempo”, avalia.
A chegada abrupta da pandemia trou-
xe um cenário de incertezas e caos nos primeiros
meses ocasionando uma completa mudança da
agenda do governo e do legislativo que passaram
a ser as políticas de combate à COVID, as políticas
de auxilio, de renda, de crédito, as ações do Ban-
co Central e mitigar os efeitos macroeconômicos.
Leany destaca que, embora importante, foi uma
agenda paralisada porque, em termo de reformas,
elas pararam: “As paixões acabaram polarizando
muito e de fato não foi possível se discutir e avan-
çar na desburocratização, nas ações de avanço e
Relações Executivo e Legislativo
Relações Executivo e
Legislativo: mix entre reuniões
virtuais e presenciais são a
tendência pós-pandemia
DIÁLOGOS IRELGOV - NOVEMBRO de 2020
- 26 -
Capa
reformas consistentes. Em plano nacional, a gen-
te não vê uma agenda estratégica. Apenas ações
isoladas, não coordenadas e o país sofre com isso:
o real foi a moeda que mais se desvalorizou este
ano, o mercado está muito atento se as medidas
e programas do governo continuarão sendo ofe-
recidos e qual a fonte de financiamento. E essas
dúvidas impactam. Se as ações do momento críti-

são as medidas que vão nos conduzir a uma condi-
ção de normalidade do ponto de vista econômico.
Como vai ser essa fase out
mudanças e demandas do mercado são importan-
tes neste contexto de relações governamentais e
entre os poderes. É o exercício da democracia.


Leany destaca que “os profissionais de
relações governamentais precisam entender o
que estão fazendo, como estão fazendo. É muito
importante a capacitação técnica, ou seja, se você
trabalha em um determinado setor, seja na indús-
tria, na agricultura, na tecnologia, num sindicato,
você tem que conhecer esse trabalho. Você tem
que ser um conhecedor não só de relações gover-
namentais e ter muita transparência. Nos Estados
Unidos há legislação sobre o lobby, que determina
o que é possível; como é que se dão as relações;
como elas podem ser estabelecidas; qual o presen-
te que pode ser dado... Há uma regulamentação e
uma transparência muito grande. Eu trabalhei no
Congresso Americano em 2003-4. O que mais me
impressionou, eu sendo originariamente de carrei-
ra do Senado (tenho quase 30 anos de Senado), foi
essa transparência. Por exemplo, o meu chefe, um
deputado de Seattle, quando ia receber a Boeing
tinha que preencher um formulário e colocar no
site do Congresso. Todo mundo sabia que o depu-
tado ou a equipe do deputado daquela região es-
tava recebendo a equipe da Boeing. E a Boeing, as
vezes, paga o almoço para os servidores. Mas, para
isso, preenche o formulário e coloca lá o quanto
custou o almoço e o que foi. Porque tem limites
também para essas coisas. Tem que ser transpa-
rente. Eu acho que favorece todo mundo. Acredito
que é importante ter uma legislação sobre o tema,
sobre grupos de pressão, lobby, da sua atuação no
Poder Executivo, a sua atuação no Poder Legislati-
vo e dar transparência a essas relações. Quem tem
que esconder alguma coisa é quem está fazendo
coisa errada. Acho que é muito importante a gente
trabalhar em três frentes: a profissionalização, a
transparência nessas relações e um marco regula-
tório, que é um limite. Como institucionalista, acho
que as instituições é que vão limitar o comporta-
mento das pessoas, regular mesmo a atuação”,
conclui.
Os profissionais de relações
governamentais precisam entender o
que estão fazendo, como estão fazendo.
É muito importante a capacitação
técnica, ou seja, se você trabalha em um
determinado setor, seja na indústria, na
agricultura, na tecnologia, num sindicato,
você tem que conhecer esse trabalho.
Você tem que ser um conhecedor não só
de relações governamentais, tem que ser
um integrante, fazer um trabalho sobre o
que é aquele que você está representando
e tem que ter muita transparência.
Leany Lemos
Relações Governamentais
DIÁLOGOS IRELGOV - NOVEMBRO de 2020
- 27 -

Mal foi declarada a pandemia e já se
instalava um racha entre americanos, europeus,
chineses e países em desenvolvimento. Uma
disputa diplomática e financeira era iniciada
deixando clara a distância entre as potências.
Já no mês de abril os EUA acusavam a China de
espionagem industrial. Em maio, mesmo em
meio à maior pandemia em 100 anos, a cúpula da
Organização Mundial da Saúde (OMS) acabou se
transformando em palco de disputas.
O texto da resolução conjunta, que a
princípio garantiria o acesso de todos os países
à vacinação e reconheceria a imunização como
um ”bem público mundial para a saúde”, acabou
sendo rejeitada pelo governo americano. Em
uma costura diplomática depois de idas e vindas,
inclusive com importante participação do governo
brasileiro, uma aliança inédita entre Japão, Reino
Unido e Alemanha com países emergentes acabou
isolando Washington. O acordo saiu mais fraco
que o que se pretendia, o termo foi mantido, mas
prevaleceram as regras de mercado. A esperança
dos países emergentes era que o acesso aos
tratamentos, remédios e à vacina fosse justo,
equável e transparente. Mas o acordo apenas
cita “o esforço de unidade e solidariedade para
controlar a COVID-19”. O governo americano
acabou cortando os seus pagamentos à OMS.
Mais que uma disputa de poder e
soberania sobre a ciência, a corrida das vacinas
revela o lado da luta de capitais. Estão em jogo
trilhões de dólares investidos em pesquisa.
Afinal, nem todos os países concordaram com os
termos que garantiria acesso de todos à vacina.
Há países que já pensam em quebra de patente.
O governo de Xi Jinping se adiantou a garantir
que uma eventual vacina chinesa se tornará um
“bem público mundial”, prometendo que seu país
dedicaria US$ 2 bilhões em dois anos à luta global
contra a COVID-19. A cartada não é à toa: há uma
intrincada disputa geopolítica por trás da vacina.
Desde o fornecimento do imunizante como moeda
de troca para conseguir entrada e fluxo comercial
em determinados mercados e em outros assuntos
de interesse; ou vantagem diplomática no caso de
conflitos do mar do sul da China, como garantir
acesso a novas rotas de abastecimento pelo
Paquistão; e até o enfraquecimento do poderio da
indústria farmacêutica indiana, por meio de uma
política de retenção de ingredientes farmacêuticos
ativos e incentivo ao desenvolvimento da indústria
local para tornar-se autossuficiente.
Hoje, a OMS lidera um consórcio de
vários países investindo em pesquisas em busca
da vacina. A China conta com pelo menos cinco
vacinas em estágio avançado de pesquisas, sendo
que a produzida pela SINOVAC - que no Brasil
tem parceria com o Instituto Butantan - é a mais
promissora delas. Conta ainda com três vacinas
produzidas pela estatal Sinofarma, com produção
no Instituto Biológico de Wuhan (cidade que foi o
epicentro da epidemia naquele país) e no Instituto
Biológico de Beijing; e a da CanSino Biologics
(empresa privada em parceria com o Canadá).
A Rússia acaba de anunciar a fase três para a
sua segunda aposta. A primeira, já em aplicação
naquele país, é a SPUTNIK 5, que no Brasil aguarda
aprovação da ANVISA para iniciar a fase três por
meio de acordo com o governo do Paraná. Os
ingleses e suecos, em parceria com os americanos,
investem na vacina de Oxford, da farmacêutica
AstraZeneca. Os EUA estão na briga com as vacinas
desenvolvidas pela BioNTech/ Pfizer (em parceria
com a empresa chinesa Fosun Pharma), Moderna
e Janssen, o braço farmacêutico da Johnson &
Johnson. No dia 19 de outubro haviam 198 vacinas
sendo desenvolvidas no mundo. Quarenta e quatro
delas em testes clínicos.
A Guerra das
Vacinas –
contexto
político
internacional
Capa
DIÁLOGOS IRELGOV - NOVEMBRO de 2020
- 28 -
O COVAX, pilar de vacinas do Access to
COVID-19 Tools (ACT) Accelerator, é coliderado pela
Coalition for Epidemic Preparedness Innovations
(coalizão para inovações de preparação para
epidemias — CEPI, na sigla em inglês), Gavi, a
Vaccine Alliance e a OMS, que estão trabalhando
em parceria com fabricantes de vacinas de
países desenvolvidos e em desenvolvimento. É a
única iniciativa global que atua com governos e
fabricantes para garantir que as vacinas contra a
COVID-19 estejam disponíveis em todo o mundo,
tanto para pessoas de alta quanto de baixa renda.
Segundo a OMS, o COVAX é um mecanismo
de aquisição conjunta coordenado pela Gavi para
novas vacinas contra a COVID-19 e garantirá o acesso
justo e equitativo às vacinas para cada economia
participante, usando uma estrutura de alocação
atualmente formulada pela OMS. A iniciativa fará
isso reunindo o poder de compra das economias
participantes e fornecendo garantias de volume
em uma gama de vacinas candidatas promissoras.
Isso permitirá que os fabricantes de vacinas, cuja



Até o dia 21 de outubro, um total de
184 países aderiram à COVAX, uma iniciativa
internacional liderada conjuntamente pela Orga-
nização Mundial da Saúde (OMS) e parceiros para
garantirem o acesso global eficaz e equitativo
às vacinas de COVID-19. Em entrevista coletiva
virtual, o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom
Ghebreyesus, disse que “COVAX representa o
maior portfólio de vacinas de COVID-19 em
potencial e a maneira mais eficaz de compartilhar
vacinas seguras e eficazes de maneira equitativa
no mundo inteiro”. Para ele, “o compartilhamento
equitativo de vacinas é a forma mais rápida de
proteger comunidades de alto risco, estabilizar os
sistemas de saúde e promover uma recuperação
econômica verdadeiramente global”.
Consórcio OMS
Capa

DIÁLOGOS IRELGOV - NOVEMBRO de 2020
- 29 -
Capa
experiência é essencial para a produção em larga
escala, façam investimentos precoces e em risco
na capacidade de fabricação - proporcionando aos
países e economias participantes, a melhor chance
de acesso rápido às doses de uma vacina bem-
sucedida para a COVID-19.
A meta do COVAX é, até o final de
2021, fornecer dois bilhões de doses de vacinas
seguras e eficazes que passaram pela aprovação
regulamentar e/ou pela pré-qualificação da OMS.
Essas vacinas serão oferecidas igualmente a
todos os países participantes, proporcionalmente
às suas populações, priorizando inicialmente os
profissionais de saúde e depois expandindo para
cobrir grupos vulneráveis, como idosos e aqueles
com doenças pré-existentes. Doses adicionais
serão disponibilizadas com base na necessidade
do país, vulnerabilidade e ameaça da COVID-19.
O mecanismo também manterá uma reserva
para uso emergencial e humanitário, incluindo
o tratamento de surtos graves antes que fiquem
fora de controle.
Nove vacinas estão no portfólio de
investimentos do COVAX:
• Inovio;
• Moderna;
• CureVac;
• Pasteur;
• AstraZeneca;
University of Hong Kong;
• Novavax;
• Clover;
University of Queensland.
A China também aderiu ao consórcio
em outubro alegando ser uma prova de sua boa
vontade em contribuir de forma equitativa com a
vacinação no mundo.
O Brasil, depois de três pedidos para que tivesse mais tempo para aderir, anunciou
no dia 24 de setembro, por meio da Medida Provisória 1004/2020, a liberação de R$ 2,5
bilhões para fazer parte do COVAX. A primeira parcela de R$ 803 milhões foi paga no dia
9 de outubro, oficializando a entrada do país no consórcio. Do montante destinado, R$
711,7 milhões equivalem ao custo de adesão para aumentar a produção para que haja
doses suficientes para o país e para o mundo e não são reembolsáveis. Segundo explicou
o assessor internacional do Ministério da Saúde (MS), Flávio Werneck, em audiência da
comissão externa da Câmara para combate à pandemia com integrantes da pasta da
Saúde, “estamos pagando R$ 91,8 milhões, que dizem respeito à nossa opção de compra.
Esse valor é reembolsável”. Ele informou que é muito pouco provável que o Brasil não
compre nenhuma vacina da aliança, uma vez que já assinou acordo de cooperação para
o desenvolvimento da vacina da Universidade de Oxford, que faz parte do consórcio.
Com a adesão, o Brasil fez a opção por comprar doses suficientes para vacinar 10% da
população. Como a vacinação se dará em duas doses, e cada dose deve custar US$10,00,
o MS prevê um custo de US$20,00 por cidadão vacinado. No total, serão 40,4 milhões
de doses da vacina obtidas. O Ministério da Saúde pretende disponibilizar, no primeiro
semestre de 2021, 140 milhões de doses da vacina.
Brasil aderiu à COVAX
DIÁLOGOS IRELGOV - NOVEMBRO de 2020
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Capa
Desde agosto, a ANVISA protelava a
liberação da entrada da CORONAVAC no país.
Depois de reunião do Ministro da Saúde, general
Eduardo Pazuello, com os governadores, no dia
19 de outubro, quando anunciou o convênio com
o Instituto Butantan e a carta de intenção de
compra de 36 milhões de doses da vacina, um
novo capítulo da novela começou a ser escrito. A
alegação de que estava desautorizada a compra
de vacina chinesa foi questionada em função do
preconceito com a origem do imunizante e em
nome da preservação da saúde da população. A
outra alegação, de que o governo não colocaria
dinheiro numa vacina que sequer havia sido
comprovada como eficaz, também levantou críticas
- já que o governo brasileiro investiu na compra
de vacinas da Universidade de Oxford, fabricada
pela farmacêutica britânica-sueca AstraZeneca e
aderiu ao consórcio COVAX, ambas iniciativas em
Depois de meses de discussões entre
o presidente Jair Bolsonaro e o governador de
São Paulo, João Dória, por conta da politização
da produção e compra de vacinas contra a
COVID-19, no dia 22 de outubro finalmente a
ANVISA liberou a entrada no país de 6 milhões
de doses da vacina CORONAVAC, fabricada pelo
laboratório Chinês Sinovac e testada no Brasil
pelo Instituto Butantan, que também constrói
uma nova fábrica para produzí-la no país.
No último dia 26 de outubro, o governo
de São Paulo anunciou que as doses da vacina
chinesa Coronavac chegam em uma semana
ao estado. Também é esperada a liberação da
ANVISA para receber insumos que vão permitir ao
Instituto Butantan produzir 40 milhões de doses
do imunizante, que se encontra em fase de testes
contra o novo coronavírus.
A Guerra das Vacinas – SINOVAC
SP / Butantan SP Invest
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Capa
vacinas ainda em teste e sem comprovada eficácia.
Pressionado pelo Legislativo e pelo Judiciário, o
Executivo aos poucos começou a ceder. O discurso
mudou para uma possível compra, caso a vacina
seja liberada pela ANVISA.
No dia 23, o diretor do Butantan, Dimas
Covas, alertou, em entrevista à TV Globo, que o
cronograma de produção da vacina poderia ser
prejudicado devido ao atraso na liberação da
ANVISA. E que, caso só ocorresse em novembro,
poderia ser que ela só estivesse disponível
em 2021 e não em novembro deste ano, como
estava previsto. No final do dia, a ANVISA liberou
a importação do produto. No dia seguinte,
em entrevista à CNN Brasil, Covas disse que a
Coronavac “é a vacina mais segura entre todas as
que estão sendo testadas. Ela já foi testada em
mais de 70 mil voluntários entre Brasil e China,
sendo 15 mil só no Brasil”. Segundo ele, a adoção
da vacina é vantajosa para o Brasil por causa de sua
semelhança com outras já produzidas e distribuídas
no país. “É uma tecnologia já conhecida. O Butantan
domina essa tecnologia e já produz vacinas com
ela”, encerrou.


O governo de São Paulo divulgou que,
entre os 9 mil voluntários que receberam doses
da Coronavac no Brasil, 35% deles tiveram
efeitos adversos como dor, edema, inchaço no
local da aplicação, dor de cabeça e fadiga. Não
houve nenhum efeito colateral grave. Também
foi apresentado um comparativo com as quatro
vacinas que estão sendo testadas no Brasil
desenvolvidas pelas farmacêuticas BioNTech/
FoSun/Pfizer, Moderna, CanSino e AstraZeneca/
Oxford.
Segundo Dimas Covas, “nestas quatro
vacinas, a incidência de efeitos adversos variou
entre 77% e 100%, o que permitiria dizer que a
Coronavac é a vacina mais segura não só no Brasil,
mas no mundo”, afirmou.

DIÁLOGOS IRELGOV - NOVEMBRO de 2020
- 32 -
Capa
Entrevistado pela Revista Diálogos,
Wilson Mello, diretor da SPInvest, representante
do governo de São Paulo junto ao setor privado,
contou que o Instituto Butantan e a farmacêutica
Sinovac possuem acordo de produção cruzada
desde agosto de 2019. Na ocasião, o governo
de São Paulo, por meio da SPInvest, levou a
Pequim 50 empresários em missão comercial
organizada pela representação do escritório
de Xangai. O governo chinês, interessado no
comércio bilateral, ofereceu ao governo de São
Paulo e mantém toda a infraestrutura de um
escritório comercial em Xangai. Foi o trabalho
de RelGov que possibilitou os entendimentos, a
aproximação e parceria entre os governos de São
Paulo e China e as empresas dos dois países. A
crise da saúde com a pandemia propiciou que as
empresas que já eram parceiras cooperassem no
desenvolvimento da vacina Sinovac.
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       
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
 
O segundo ciclo da vacinação já seria
realizado com vacina produzida no Brasil pelo
Instituto Butantan.
Wilson explica que hoje o Butantan
não tem uma fábrica pronta e devido a Lei de
Licitações (Lei 8.666), o processo seria muito longo
e demorado. A solução para resolver o problema
foi chamar o setor privado a colaborar. Desta
forma, R$ 130 milhões foram levantados junto a
20 empresas para a obra, que vai aproveitar um
prédio que fica atrás do Instituto, que é sediado
na USP. O prédio já existente e inacabado será
utilizado como base, barateando a obra. Passada
a pandemia, a fábrica também vai produzir outras
vacinas. Segundo Wilson, as obras começaram no
dia 26 de outubro e devem ficar prontas ainda no
primeiro semestre de 2021.
Entenda
como surgiu a
parceria com
o Butantan

Anunciada a pesquisa no final de junho, no
dia 11 de agosto o presidente da Rússia, Vladimir
Putin, surpreendeu ao anunciar que o país se
tornava o primeiro do mundo a regulamentar o
uso de uma vacina contra a COVID-19. A Sputnik V,
batizada numa clara referência à corrida espacial
durante a Guerra Fria*, seria utilizada, a partir de
setembro, na vacinação em massa naquele país.
O anúncio rápido causou suspeita
sobre a condução da pesquisa realizada pelo
Instituto Gamaleya, de Moscou. Em 4 de agosto,
A Guerra das Vacinas – Sputnik
PR, BA e intenção MG
DIÁLOGOS IRELGOV - NOVEMBRO de 2020
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em videoconferência entre representantes
do Ministério da Saúde e da FIOCRUZ com
representantes do Fundo de Investimento
Direto na Rússia (RDIF), os técnicos tentaram
obter respostas sobre o imunizante, seu preço
para fabricação e a possibilidade de empresas
brasileiras atuarem como parceiras na produção
local. Os jornais Estadão e O Globo apuraram,
na época, que havia desconfiança por falta de
informações, mas o governo brasileiro deixou as
portas abertas. Segundo a Folha de São Paulo,
em 30 de julho, o governador da Bahia, Rui Costa,
e seu secretário de Saúde, Fábio Villas Boas, já
tinham tido reunião com o embaixador da Rússia
para negociar uma possível parceria para testes
e produção da vacina no estado e que poderia
envolver outros estados nordestinos. No dia 11
de agosto, o governador do Paraná, Ratinho Jr.,
anunciou o acordo com o governo russo, que vinha
sendo negociado desde julho. Para isso, R$ 200
milhões seriam investidos para que o Instituto de
Tecnologia do Paraná (Tecpar) seja um dos pólos de
produção e distribuição da vacina para a América
Latina. O convênio também previa a realização da
fase três dos testes clínicos, mediante aprovação
da ANVISA, o que não havia acontecido até o
fechamento desta edição.
Em setembro, a revista britânica The
Lancet, uma das principais revistas científicas do
mundo, publicou estudo de cientistas do Centro
Nacional de Investigação de Epidemiologia e
Microbiologia (Instituto Gamaleya), que envolveu
testes com 38 adultos saudáveis, com idades
entre 18 e 60 anos, ao longo de 42 dias, nos dois
primeiros estágios de desenvolvimento da vacina.
Segundo eles, “não houve resultados adversos” da
Sputnik V entre as pessoas testadas e o composto
conseguiu “provocar uma resposta imunológica”.
Dias depois a revista enviava questiona-
mentos aos autores porque 37 respeitados pesqui-
sadores, encabeçados por Enrico Bucci, alegaram
inconsistências nos dados com possível duplica-
Capa
ção destes, acusações refutadas categoricamente
pelo vice-presidente do Instituto Gamaleya, Denis
Logunov, em nota enviada à imprensa.
Só dias depois o ministro da Saúde russo,
Mikhail Murashko, anunciou o início da fase 3 dos
testes clínicos da vacina. O diretor do RDIF, Kirill
Dmitiev, anunciou que a vacina seria testada
em 5 países: Arábia Saudita, Emirados Árabes,
Filipinas, Brasil e Índia. Cerca de 40 mil voluntários
participarão desta fase e 10 mil vão receber
placebo invés do imunizante. Na Rússia, a vacina
já está sendo aplicada na população. Até agora
não há notícias de efeitos colaterais importantes.
Ainda em setembro, o estado da Bahia confirmou
a compra de 50 milhões de doses da vacina, sem
transferência de tecnologia.
E no dia 23 de outubro a farmacêutica
União Química informou que assinou acordo com
o Fundo Russo de Investimento Direto (RDIF) para
produzir a vacina russa Sputnik V contra a Covid-19
a partir da segunda quinzena de novembro. No
dia anterior, a CNN Brasil havia destacado que
a empresa, sediada no Distrito Federal, havia
recebido parte dos insumos para a produção da
vacina. O diretor de negócios internacionais da
União Química, Rogério Rosso, disse à emissora
que esse material é um lote piloto para pesquisa
e desenvolvimento e conta com vetores (matéria
prima) da vacina russa. Já a coordenadora de
biotecnologia do Grupo União Química, Natasha
Kuniechick, destacou à CNN Brasil que essa é
uma fase muito importante para a etapa de
transferência de tecnologia: “Recebemos um
insumo para a produção da vacina, que é o vector
viral e estaremos nos próximos dias fazendo
alguns pilotos. Após isso, teremos os moldes de
vetor, estudos clínicos e vamos pedir os registros
necessários”. A expectativa é que a empresa
solicite o registro à ANVISA em 10 dias. Na segunda
metade de novembro estão sendo esperados
técnicos russos para acompanharem o início da
produção da vacina.
DIÁLOGOS IRELGOV - NOVEMBRO de 2020
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Capa


Em entrevista à Revista Diálogos, a cônsul
da Rússia em Belo Horizonte, Carolina Bernardes
Machado de Oliveira Silva Emham, defendeu a
rapidez dos estudos por se tratar de vacina urgente
na contenção da pandemia e de a Rússia ter
pesquisas de ponta na área de vacinas. Ela explica
que a grande dificuldade está no fato de o governo
federal não ter centralizado as negociações para
aquisições de suprimentos anti-covid, fazendo
com que cada estado negocie diretamente com os
países.
Na prática, ao flexibilizar as negociações
entre os estados com países, o governo federal
não assumiu ter que negociar com Estados Unidos
e China ao mesmo tempo em que teria também
que negociar com a Grã-Bretanha e Rússia, o que
poderia ser desconfortável para a diplomacia
brasileira. ”Embora o Brasil tenha boas relações
diplomáticas com todos esses países que estão
na frente das pesquisas, detrás dessa relação
diplomática, de dar essa autonomia aos estados,
de certa forma favoreceu que cada um tenha que
tomar a atitude de correr atrás e nem todo estado
tem essa competência, essa habilidade. Por outro
lado, foi justamente por isso que o Paraná acabou
conseguindo sair na frente aqui no Brasil”, explica
Carolina.
Ela conta que a negociação com o
Paraná contou com intensa intermediação do
cônsul naquele estado, que acabou obtendo boas
vantagens para sediar a produção da vacina. Ela
contou que em Minas Gerais, até pelo alinhamento
ao governo federal, as negociações têm sido
mais lentas. Já houve reuniões com a Secretaria
da Saúde, a FAPEMIG (agência de fomento à
pesquisa do estado), mas sem muito avanço. Uma
das apostas é de uma empresa mineira que já
manifestou interesse em produzir e distribuir a
vacina e que aguarda a liberação do RDIF.
A Cônsul destaca que o Brasil é estratégico
para a Rússia, que entende que precisa do país como
parceiro. E que estar no BRICS (grupo de países
de economias emergentes formado por Brasil,
Rússia, Índia, China e África do Sul) pode ser muito
bom para o Brasil, mas é preciso que o país encare
estar nesse bloco como uma oportunidade de
internacionalização, transferência de tecnologia,
investimento e desenvolvimento de pesquisa.
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DIÁLOGOS IRELGOV - NOVEMBRO de 2020
- 35 -
Capa
O nome da vacina russa Sputnik-V é
uma referência ao primeiro satélite artificial
colocado em órbita pelo homem em 1957. Essa
iniciativa russa derrotou os americanos na
primeira etapa da corrida espacial estabelecida
durante a Guerra Fria, entre os anos 1945 a 1991.
A vacina russa é de vetor: o material
genético do vírus é transportado por um vírus
inócuo, que não consegue se reproduzir (vírus
“não replicante”), com o intuito de estimular a
produção de anticorpos contra o COVID-19.
Os participantes do experimento se
isolaram ao se voluntariarem para receber a
vacina, a fim de evitar contágio prévio por
coronavírus. Após a inoculação, eles perma-
neceram em dois hospitais russos por
28 dias. A versão congelada foi ministrada
no hospital Burdenko, que é uma agência do
Ministério da Defesa, e incluiu militares.
A versão liofilizada foi testada na Universidade
Sechenov apenas com voluntários civis.
Os efeitos colaterais relatados pelos
pacientes não foram considerados graves: tem-
peratura alta (50%), dor de cabeça (42%), falta
de energia (28%) e dores em juntas e músculos
(24%). Os sintomas são semelhantes aos de
outras vacinas do tipo.
Para avaliar a eficácia da vacina, os
cientistas compararam o plasma dos voluntários
inoculados com o de pessoas infectadas. Segun-
do eles, a resposta de anticorpos foi maior entre
as amostras dos vacinados.
Com Reuters e BBC.
*SPUTNIK-V
Desenvolvida por cientista da Universi-
dade de Oxford, a vacina AZC1222 teve sua
patente repassada para a farmacêutica britânica-
sueca AstraZeneca em abril para um trabalho
conjunto de produção. Ela é considerada uma
das mais promissoras. Chegou a ter sua fase de
testes três interrompida depois que um voluntário
apresentou reação grave. Mas foi retomada nos
Estados Unidos, poucos dias antes da divulgação
desses dados, depois de comprovada sua segu-
rança por parte de uma comissão de ética.
Notícia divulgada no dia 26 de outubro,
pelo jornal britânico Financial Times, diz que a
vacina gera uma resposta robusta na imunidade
entre idosos e adultos numa faixa etária mais
jovem, entre 18 e 55 anos. A notícia havia sido
comentada pela cientista–chefe da Organização
Mundial da Saúde (OMS), Soumaya Swaminathan,
no último dia 19, quando disse que a “boa notícia”
é que “algumas vacinas em desenvolvimento
estão mostrando resultado muito positivos
em imunização de pessoas idosas” e que “é
A Guerra das Vacinas – Oxford
AstraZeneca
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DIÁLOGOS IRELGOV - NOVEMBRO de 2020
- 36 -
Capa
importante protegê-los com vacinas”. Segundo o
Financial Times, a vacina desencadeia anticorpos
que protegem os mais idosos, grupo considerado
prioritário em uma primeira fase de vacinação.
Os resultados dos testes são preliminares. No
Reino Unido, a vacina foi testada em pessoas com
idades de 56 a 69 anos e em um segundo grupo,
com idosos de 70 anos ou mais. A informação foi
discutida pelo pesquisador Andrew Pollard, um
dos coordenadores do estudo na universidade, em
uma conferência.
Na semana anterior foi divulgado que um
voluntário brasileiro que participava dos testes
havia morrido de COVID-19. Ele teria tomado um
placebo (substância inativa). A Fiocruz, parceira
brasileira na aplicação dos teste e fabricação da
vacina, informou que os testes são randomizados
de forma que uma parte dos voluntários recebem
o placebo e outra parte a vacina com a substância
ativa. Além de aleatório os testes também são
“duplo-cego”, ou seja, nem os pesquisadores nem
os voluntários sabem quem recebeu ou não a
vacina. O grupo que não recebe a vacina, chamado
de “grupo de controle”, possibilita aos cientistas
compararem os resultados obtidos de forma a
verificar as reações e a eficácia da vacina.
O acordo entre Fiocruz e AstraZeneca
foi anunciado em 27 de junho pelo Ministério da
Saúde, resultado da cooperação entre o governo
brasileiro e o britânico. Um acordo de encomenda
tecnológica, assinado em agosto, garantiu acesso
a 100 milhões de doses do insumo da vacina, das
quais 30 milhões de doses entre dezembro e
janeiro e 70 milhões ao longo dos dois primeiros
trimestres de 2021. Segundo a Fiocruz, a vacina
será produzida por Bio-Manguinhos e distribuída
pelo Programa Nacional de Imunização (PNI), que
atende o Sistema Único de Saúde (SUS). O acordo
com a AstraZeneca permite, além da incorporação
tecnológica desta vacina, o domínio de uma
plataforma para desenvolvimento de vacinas
para prevenção de outras enfermidades, como a
malária.

DIÁLOGOS IRELGOV - NOVEMBRO de 2020
- 37 -
No dia 6 de outubro a Agência Européia
de Medicamentos (EMA) começou a avaliar os es-
tudos laboratoriais da vacina e pode acelerar a
aprovação do imunizante. A Pfizer e a BioNTech
pediram ao FDA autorização para aumentar o nú-
mero de testes no mundo de 30 para 44 mil em
voluntários. No Brasil, mil pessoas na Bahia e em
São Paulo serão testadas. Também há testes com
a vacina sendo executados nos EUA, na Argentina
e na Alemanha.

A farmacêutica americana Moderna está
testando a mRNA-1273, considerada uma das
vacinas mais promissoras contra a Covid-19. O
imunizante, que apresentou resultados positivos
em suas fases iniciais, é desenvolvido em parceria
com o Instituto Nacional de Alergias e Doenças
Infecciosas (NIAID), liderado pelo infectologista
Anthony Fauci. Ele é considerado o principal mem-
bro no âmbito epidemiológico da força tarefa
do governo dos EUA contra a pandemia. Feita a
partir do RNA do Sars-CoV-2, com uma das tecno-
logias mais avançadas existentes, a compra de 80
milhões de doses da vacina está sendo negociada
com a Comissão Europeia (ANSA). A vacina ame-
ricana também se baseia no DNA mensageiro. A
princípio, toda a produção da Moderna será dedi-
cada ao mercado interno americano para garantir
a vacinação da população do país.
Capa
en
A vacina Ad26.COV2.S, da Janssen-Cilag,
braço farmacêutico da Johnson & Johnson, foi
a quarta a receber autorização da ANVISA para
efetuar testes da fase três. No mês de agosto, a
empresa foi autorizada a recrutar 7.560 voluntá-
rios em dez estados e mais o Distrito Federal. A
Janssen vai testar 60 mil pessoas com uma única
dose, no Brasil, Argentina, Chile, Colômbia, Méxi-
co, Peru, África do Sul e Estados Unidos. Os locais
foram escolhidos pela alta incidência da COVID-19.
No último dia 23 de outubro a empresa
comunicou que vai retomar os testes, autorizados
pelo FDA, depois que o conselho independente de
monitoramento e segurança de dados recomen-
dou a volta das atividades por não ter detectado
relação entre um efeito adverso em um dos volun-
tários e a vacina. Os testes da fase três tinham sido
paralisados em 12 de setembro.

A Pfizer e a BioNTech anunciaram ainda
em março o acordo para desenvolver e distribuir
conjuntamente, exceto na China, uma vacina ba-
seada em mRNA contra a COVID-19, a BNT162b2.
O projeto conta com a parceria da farmacêutica
chinesa Fosun Pharma. Os testes clínicos foram
iniciados em abril. A vacina tem como base o RNA
mensageiro, que objetiva produzir as proteínas
antivirais no corpo do indivíduo.
A Guerra das Vacinas – Janssen,
BioNTech / Pfizer e Moderna

DIÁLOGOS IRELGOV - NOVEMBRO de 2020
- 38 -
Todos os países envolvidos na corrida
pelas vacinas, como vimos, mais que buscar uma
saída para o fim da pandemia e garantir acesso ao
imunizante, têm grandes interesses estratégicos
baseados no poderio que os acordos de produção
e compra das vacinas podem proporcionar. Quem
sair na frente garante vantagens competitivas
importantes.
Tendo por base o conflito comercial China
x EUA, que se acirrou em 2020, a Rússia se coloca
como uma terceira via para que os países possam
comercializar a vacina sem se comprometer ou,
de certa forma, tomar partido de chineses ou
A Guerra das Vacinas –
A geopolítica e RelGov
americanos. Os russos têm interesse em parceria
de comercialização e produção da vacina com o
Oriente Médio (sobretudo Arábia Saudita) e Índia,
que poderia vir a ser distribuidora do imunizante
para o Sudeste Asiático. Há também interesse
na Coréia do Sul, mas a parceria para fabricação
pode ser dificultada por interesses geopolíticos
já que aquele país é grande aliado americano e,
portanto, potencial comprador ou parceiro dos
EUA. Na lista de interesses russos entram ainda
África, países da antiga União Soviética e América
Latina que têm relações comerciais muito
significativas com China e Estados Unidos.



Capa
DIÁLOGOS IRELGOV - NOVEMBRO de 2020
- 39 -
A China, embora com empresas privadas
também pesquisando a vacina, de alguma forma
detém o crivo das rotas de interesse, já que o
Partido Comunista tem controle sobre tudo o que
é produzido na República. Países que compõem
o acordo da nova Rota da Seda (One Belt, One
Road), cinturão e rota de ambiciosa infraestrutura
regional e global que envolve a Eurásia e tem
países estratégicos como Cazaquistão e Paquistão
nos extremos, deverão garantir o acesso mais fácil
à vacina. A rota e o domínio do imunizante também
atuariam de forma a enfraquecer a Índia. Desde
o início da pandemia a China, que era a maior
fornecedora de ingredientes farmacêuticos ativos
para a potente indústria farmacêutica indiana, uma
das maiores do mundo, passou a concentrar os
fármacos internamente para sua autossuficiência,
incentivando a indústria farmacêutica local.
Ela pretende abastecer seu próprio mercado e
atingir um poderio similar ao da indústria indiana.
A medida também é reflexo do acirramento
das relações com os americanos por conta da
tecnologia, sobretudo da supremacia da Huawei,
no 5G, e da Tik-Tok, como rede social mundial.
Por outro lado, a produção de medica-
mentos cria um cinturão de proteção à China que
deixa de depender de medicamentos indianos,
americanos e europeus. Além do mais, a Índia
tem o Paquistão como rival na área da Caxemira e
rivalidade com a China por causa de interesses na
independência do Tibet: a Índia tem interesse em
avançar sobre o Himalaia mas, para os chineses, o
Tibet é estratégico por ser o berço de seus dois
principais rios na região: o Yang-tse-Kiang (rio Azul)
e o Hoangho (rio Amarelo), responsáveis por quase
30% da água da China. Por outro lado, a China tem
investimentos em um porto no Paquistão, por
interesse em ter uma rota alternativa em caso de
conflito, por causa da disputa com os outros nove
países com quem divide fronteira pelo mar sul, em
que o Estreito de Malaca é o ponto mais crítico.
Com a vacina, os chineses poderiam amenizar
os riscos de conflito e desenvolver o diálogo, ao
mesmo tempo em que evitariam que americanos
e europeus pudessem abastecer a região com
imunizantes. Já os Estados Unidos, embora tenham
acordo com a AstraZeneca e com a Pfizer, investem
na vacina da Moderna para abastecer unicamente
o mercado interno. Assim, 500 milhões de doses da
vacina imunizariam a população norte-americana
permitindo que o governo possa guardar o
excedente dos outros laboratórios para estoque
futuro ou contrabalancear o fornecimento para
diminuir a influência russa ou chinesa.
Neste jogo altamente complexo de
estratégias geopolíticas, o Brasil se encontra
numa posição peculiar: ao dar autonomia para os
estados negociarem diretamente com os países
fabricantes, o governo federal não se coloca
em conflito com o interesse de nenhuma das
potencias mundiais. E por ser um mercado amplo
e estratégico na América Latina, é “objeto de
desejo” da China, da Rússia, dos Estados Unidos
e da Europa. Um imenso campo de atuação
estratégica de RelGov no âmbito do governo
federal, das farmacêuticas e dos entes federados.
Capa

DIÁLOGOS IRELGOV - NOVEMBRO de 2020
- 40 -
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DIÁLOGOS IRELGOV - NOVEMBRO de 2020
- 41 -
Artigo
Eleições nos EUA


Roberta Braga, Vice
Diretora, Adrienne Arsht
Latin America Center,
Atlantic Council
Valentina Sader, Diretora
Assistente, Adrienne
Arsht Latin America
Center, Atlantic Council.
Além da pandemia da COVID-19, o ano
de 2020 será lembrado também por eleições
históricas nos Estados Unidos. A disputa
presidencial entre o atual presidente americano,
Donald Trump, e o candidato democrata e ex-
vice-presidente, Joe Biden, já é considerada uma
das mais acirradas e importantes dos últimos
tempos... e nem o Brasil escapou dessa disputa.
O Brasil e os Estados Unidos têm uma
relação de cooperação e parceria de longa data.
Nos últimos anos, a aproximação entre os dois
países atingiu um patamar ilustre, considerado o
mais próximo da atualidade.
Como fruto dessa sinergia foi assinado
o acordo de Salvaguardas Tecnológicas de
Alcântara, avançando cooperação bilateral
científica e tecnológica. O Brasil também recebeu
apoio dos Estados Unidos para ingressar na
Organização para Cooperação e Desenvolvimento
Econômico (OCDE) e as duas maiores economias
das Américas concluíram as negociações de
um pacote comercial bilateral, assinado em
19 de outubro, que engloba facilitação de
comércio, boas práticas regulatórias e medidas
anticorrupção.
Mas 2020 também revelou preocupações
americanas em relação ao Brasil. A disputa
eleitoral dos últimos meses esclareceu as
prioridades de cada candidato e suas estratégias
quanto à política externa voltada para a América
Latina e para o Brasil.
Se por um lado, a política externa de
Trump se baseia no princípio do America First,
por outro, Biden propõe uma abordagem mais
colaborativa junto a aliados americanos e
organizações internacionais.
Trump busca controlar a questão
migratória para os Estados Unidos, principalmente
da América Central e do México, impondo medidas
para reduzir a entrada de imigrantes ilegais nos
Estados Unidos, incluindo a construção de um muro
na fronteira com o México. Biden, por sua vez,
pretende auxiliar o desenvolvimento econômico
e segurança desses países para que a migração
não seja necessária. O meio ambiente também se
tornou um ponto de discórdia importante durante
essa disputa. Trump apoia o fortalecimento
das indústrias de petróleo e gás do país e
propõe reverter regulamentações ambientais
democráticas, enquanto Biden adotou a proteção
DIÁLOGOS IRELGOV - NOVEMBRO de 2020
- 42 -
Artigo
ambiental como uma de suas principais bandeiras,
buscando levar os Estados Unidos a zerar suas
emissões de carbono até 2050, além de propor
alto investimento em áreas verdes, incluindo
investimento em infraestrutura, transporte e
indústrias automotivas, entre outros. E foi nesse
quesito, já no primeiro debate, que o Brasil foi
envolvido nessa disputa.
O candidato democrata afirmou que
disponibilizaria ajuda ao Brasil para o controle
das queimadas e proteção da Amazônia, mas
condenou as políticas ambientais do país, dizendo
que haveria retaliações, caso a floresta não fosse
protegida. Em junho de 2020, congressistas
democratas membros do Comitê de Assuntos
Tributários (Ways and Means) já haviam criticado
a postura do governo brasileiro em relação a
proteção ambiental e dos direitos humanos,
quando enviaram uma carta ao representante
comercial dos Estados Unidos, Robert Lighthizer,
opondo-se às negociações comerciais em curso
entre Brasil e Estados Unidos.
Assim, independente de quem vença,
essas eleições serão consequentes para o Brasil
e definirão o futuro dessa parceria. A menos
de três semanas das eleições, o contexto é de
extrema polarização e incerteza quanto ao futuro
dos Estados Unidos após 3 de novembro.
Nas últimas eleições presidenciais
americanas, em 2016, o cenário era parecido.
Pesquisas de intenção de votos apontavam a
candidata democrata e ex-secretária de Estado,
Hillary Clinton, como favorita. Apesar da vitória
por voto popular da democrata (que recebeu
cerca de 2,8 milhões de votos a mais que Trump),
o então candidato republicano venceu no colégio
eleitoral, o que, pelo sistema eleitoral americano,
o elegeu presidente dos Estados Unidos.
Em 23 de outubro, no fechamento deste
artigo, as pesquisas indicavam que Trump, ainda
que muito popular junto a sua base eleitoral,
aparece atrás de Biden nas pesquisas de
intenções de votos, inclusive em estados chaves
(swing states que costumam oscilar em como
votam: republicanos ou democratas), como é o
caso da Florida (com alto número de eleitores
latinos), Wisconsin, Pensilvânia e Michigan.
Apesar de Biden liderar as pesquisas, há grande
preocupação do lado democrata de repetir o
feito de 2016.
Mas alguns fatores diferenciam as
eleições presidenciais de 2016 e 2020. A pandemia
da COVID-19 é com certeza um deles. Mais de 216
mil americanos morreram em razão da pandemia
e muitos eleitores responsabilizam o governo
americano pela situação crítica do país.
Apesar da cooperação ser natural e há
muito almejada, o Brasil não deve subestimar as
dificuldades das relações bilaterais nos próximos
anos, independente de quem seja o presidente
americano. O Brasil precisará continuar ganhan-
do espaço e se estabelecendo como parceiro es-
tratégico dos Estados Unidos, mas esforços para
reestabelecer uma relação diplomática pragmá-
tica e polir a imagem do Brasil no exterior serão
dobrados na presidência Biden.
Independente de quem
seja eleito, relações econômicas
bilaterais mais estreitas com o Brasil
são benéficas para ambos
os países, especialmente no atual
cenário de recessão econômica
e recuperação pós-COVID-19.
DIÁLOGOS IRELGOV - NOVEMBRO de 2020
- 43 -
Os últimos meses foram bastante atí-
picos e desafiadores. Com um volume grande de
trabalho e muita adaptação na forma de se rela-
cionar com o poder público, os profissionais de
RIG tiveram que inovar para desenvolverem suas
atividades de forma virtual. O número crescente
de normas (decretos, portarias e decisões do se-
tor público) no contexto da pandemia provocaram
o surgimento de iniciativas de impacto relevante
para o universo de RIG, unindo os profissionais em
redes e fortalecendo ainda mais as conexões da
nossa comunidade. Esse fortalecimento foi visto
especialmente na pauta de Diversidade e Inclusão.
Movimentos coletivos nasceram no mo-
mento em que a colaboração e a cooperação foram
cruciais para o desenvolvimento das atividades de
RIG. Esses movimentos aproximaram pessoas com
propósitos semelhantes e impulsionaram a rede
que visa empoderar algumas maiorias historica-
mente minorizadas: as mulheres, os pretos e pre-
tas e os LBTQI+. Em destaque, três coletivos que
simbolizam a busca por maior representatividade
e inclusão destes grupos no mercado de RIG:
 Logo no início
da intensa movimentação virtual de trocas e cola-
boração entre os profissionais de RIG, em março
foi fundado o grupo “Dicas – Mulheres em RIG”. O
objetivo das co-fundadoras Giuliana Franco, Cibele
Perillo, Carolina Venuto, Francine Moor, Gabriela
Diversidade e Inclusão

Cibele Perillo Leon RangelVerônica Hoe
Santana e Lana Gomes, inicialmente, era despre-
tensioso: facilitar dicas de serviços em Brasília.
Porém, o grupo desenvolveu-se de maneira acele-
rada, ainda que espontânea, e cresceu em número
de participantes, em diversidade de perfis e em
ambições. Hoje, o Dicas é um poderoso movimento
de mais de 600 mulheres unidas pela política e pe-
las Relações Institucionais e Governamentais.
É importante frisar que o Dicas não foi o
primeiro coletivo de mulheres em RIG. Antes dele
surgir, dois grupos O RelGov Por Elas e o MRG
– Mulheres em RelGov – já cumpriam a importan-
te missão de promover networking e trocas de
informações profissionais entre mulheres. E, com
a constituição de mais uma rede e círculo de con-
fiança, mais mulheres foram incluídas no universo
de relações governamentais.
De fato, a inclusão e pluralidade são as
maiores premissas do Dicas: o movimento conta
com mulheres com diferentes níveis de experiên-
cia profissional, desde iniciantes até aquelas com
mais de 30 anos de trajetória; com profissionais de
empresas privadas e também de órgãos públicos,
entidades de classe ou terceiro setor e com repre-
sentantes de fora do eixo Brasília-São Paulo, como
Minas Gerais e Santa Catarina, por exemplo. A
diversidade está no DNA do Dicas e nos espaços
de discussão há bastante abertura para trocas,
sem preconceito. Para amplificar a voz do grupo, já
Artigo
DIÁLOGOS IRELGOV - NOVEMBRO de 2020
- 44 -
foram realizados 10 webinários ao longo dos últi-
mos meses, com diferentes temas, sempre esca-
lando mulheres do grupo como debatedoras.
O objetivo maior é muito simples, o que
não significa que seja sempre fácil: dar visibilida-
de e aumentar o número de mulheres nos espaços
públicos, especialmente em RIG. Nesse sentido,
temos atualmente um fato inédito: duas mulheres
à frente das duas instituições representativas de
RIG no Brasil, Carol Venuto presidindo a ABRIG e
Suelma Rosa presidindo o IRELGOV. É um marco
a se comemorar. Ainda com muitos espaços para
conquistar, o Dicas pretende ser instrumento para
trazer para o presente o futuro que desejamos.
***
     coletivo
antirracista de profissionais de relações governa-
mentais que surgiu de conversas entre amigos so-
bre o quanto a profissão de RIG é pouco diversa,
quando se trata de diferentes etnias (ao refletir,
há grandes dificuldades de identificar pessoas ne-
gras em cargos de liderança na profissão de RIG);
e, pouco inclusiva, dado os requisitos de contrata-
ção, muitas vezes, excludentes.
Para fomentar a discussão e propor ações
para mudar esse cenário, Verônica Hoe e Creomar
de Souza se uniram, formaram um primeiro grupo
de whatsapp e hoje, 4 meses depois, importantes
ações já foram implementadas, como um webiná-
rio para estimular a discussão da questão racial
no universo RIG e um guia de empregabilidade
(em elaboração).
O principal objetivo do coletivo é cola-
borar construtivamente com a transformação do
perfil étnico-racial da indústria de Relações Institu-
cionais e Governamentais. O coletivo é um espaço
seguro para o diálogo sobre os impactos do racis-
mo sobre este mercado, bem como um propositor
de ideias e políticas institucionais antirracistas nas
práticas de RIG e em áreas correlatas.
Formando uma rede de D&I, o coletivo es-
pera colaborar e receber a colaboração das ações
de diversidade e inclusão do IRELGOV. Ao se uni-
rem para fortalecer a agenda, iniciativas dessa
natureza somam e é a soma de cada uma dessas
ações que mudará o perfil da profissão.
***
 também um coletivo
criado recentemente com o objetivo de ser um es-
paço de compartilhamento e conexão, em especial
entre a comunidade LGBTQI+ com atuação em RIG
e governo.
Embora nos últimos anos tenham surgi-
do alguns coletivos de gênero e raça no universo
de RIG, ainda faltava um espaço dedicado aos LB-
TQI+. Diversas conversas entre colegas da profis-
são mostravam essa realidade, uma percepção de
que havia uma comunidade trabalhando em RIG,
mas que se desconhecia e que não estava mape-
ada. Assim, Leon Rangel e Gabriel Borges criaram
o coletivo justamente para ter esse espaço onde
profissionais de RIG possam se conhecer, compar-
tilhar conteúdo, ideias e experiências. Acima de
tudo, permitir também um mapeamento ainda que
informal do cenário LGBTQI+ no universo de RIG
e promover a união de colegas de profissão que
compartilham de uma mesma realidade pessoal.
O nome Diversidade em RIG veio justa-
mente do potencial de intersecção entre as várias
pautas identitárias – afinal, independentemente
de gênero e raça, por exemplo, os indivíduos po-
dem também ser LBTQI+.
O coletivo possui hoje projetos bem estru-
turados à parte do sucesso do grupo para promo-
ver trocas de informação e um espaço comum aos
profissionais. Já visualizando a jornada do grupo, a
ideia é que organicamente o coletivo ganhe força
e bons projetos sejam criados e levados adiante,
especialmente aqueles voltados para aumentar a
representatividade formal dos LBTQI+ em RIG, in-
clusive na alta liderança.
Autores: Cibele Perillo (Dicas – Mulheres em RIG),
Verônica Hoe (Pretas e Pretos em Relgov) e Leon
Rangel (Diversidade em RIG)
Artigo
DIÁLOGOS IRELGOV - NOVEMBRO de 2020
Associados doAssociados do
- 45 -
Novos Associados IRELGOV

Anna Beatriz Almeida Lima AT&T São Paulo SP
Caroline Neves Camargos ECCO Consultoria Brasília DF
Douglas Thiago Lara Gonçalves KPMG São Paulo SP
Ulisses Jorge Soares Martins TOTAL E&P do Brasil Ltda Niterói RJ
Patrícia Serral Coelho Consultora Independente São Paulo SP
Marilia Moreira Garcez Ministério da Economia São Paulo SP
Roberta Carolina C. T. Rios Bosco Soares Gabinete do Dep. Distrital Leandro Grass Brasília DF
Verônica Moreira Horner Hoe Lopes Oxiteno São Paulo SP
Fernanda da Costa ABIFINA Rio de Janeiro RJ
Mauro Borges de Castro ANFAVEA Brasília DF
Beatriz Gusmão Sanches Pereira Sebrae SP São Paulo SP
Ibiapaba De Oliveira Martins Netto CitrusBR Itapecerica da Serra SP
Maria da Glória de Amaral Merendi Volkswagen do Brasil São Paulo SP
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Rafael André Laurino Aliança Pesquisa Clínica Brasil São Paulo SP
Bruno Ferreira da Paixão Controladoria Geral do Estado de Goiás Cruzeiro DF
Leonardo Di Paula Gomes Cruz Leonardo Cruz Advogados Recife PE
Patrícia Lopes Nepomuceno Dias FIRJAN - Federação das Indústrias do RJ Brasília DF
Raul Mitsuyuki Hara Capgemini Brasil São Paulo SP
Renato de Souza Dias Ranking dos Políticos São Paulo SP
Tatiana Martins Porto Bayer - Pharma Brasília DF
Gabriela de Almeida Bolcero BMJ Consultores Associados Brasília DF
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Marcus Nazareth Peçanha Ministério do Meio Ambiente São Paulo SP
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Rogério Oliva Cortez CONSULTE Relações Governamentais Brasília DF
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Associados doAssociados do
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Novos Associados IRELGOV PJ

TSC BRASIL (TSC Brasil Inteligência Artificial Eireli) Rio de Janeiro RJ
Amalia Del Carmen Casas de Las Peñas Del Corral - Gerente Geral América Latina
Matheus Monteiro da Palma - Client Success Manager
BSA | The Software Alliance (Business Software Alliance do Brasil) São Paulo SP
Antonio Eduardo Mendes da Silva (Pitanga) - Country Manager - Brazil São Paulo SP
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