Editorial

Relações governamentais em debate no Encontro IRELGOV 2025

Como tomar decisões em um ambiente político em constante mudança? De que forma as ferramentas digitais influenciam as relações entre empresas privadas e governo? Estes e muitos outros temas foram objeto de debate no Encontro IRELGOV 2025, que o Instituto de Relações Governamentais (IRELGOV) promoveu no dia 6 de junho, em Brasília. A meta foi promover o debate sobre o atual cenário da profissão de relações governamentais no Brasil, assim como boas práticas em relgov.

O evento reuniu profissionais da área de relações governamentais com o objetivo de promover o diálogo sobre o cenário do relgov no país e apresentar cases e ferramentas da área, com a presença de painelistas que abordarão temas setoriais, como o relgov em tempos de turbulência internacional, tomada de decisões com inteligência política, letramento digital no mundo do relgov, transformação digital para uma atuação estratégica junto a governos e modernização regulatória, entre outros.

A abertura contou com a presença da presidente do IRELGOV, Patrícia Nepomuceno, que ressaltou a oportunidade para que profissionais da área realizassem intercâmbio de ideias e experiências, aperfeiçoando seu conhecimento. Ela comemorou os números do IRELGOV. “São quase 2 milhões de pessoas alcançadas por nossas postagens e 5,4 mil novos seguidores passaram a acompanhar o IRELGOV tanto no Instagram quanto no LinkedIn. Já tivemos mais de meio milhão de novas visualizações no site do IRELGOV, que foi lançado há 1 ano. Nesses 11 anos de atividade, estamos com 275 associados pessoas físicas, 53 empresas na categoria pessoa jurídica com 225 representantes, o que fez com que alcancemos 500 associados. Isso é um marco histórico e consolida o IRELGOV como a maior comunidade de profissionais de relações governamentais do Brasil”.

Ela apresentou os pilares de atuação do instituto: geração de conteúdo, com o lançamento de três modelos de referência (para profissionais, empresas e consultorias) e a produção de 15 novos conteúdos, incluindo três pesquisas inéditas; capacitação, que teve 108 horas de mentoria, cursos exclusivos e uma missão internacional à Georgetown University e comunicação, com quase dois milhões de pessoas atingidas nas redes sociais e mais de meio milhão de visualizações no novo site. Nepomuceno aproveitou para anunciar os novos temas estratégicos para o biênio 2025-2026, definidos a partir de uma pesquisa com associados, que incluem democracia e regulamentação do lobby, estratégias e mensuração de resultados em RIG, transparência e compliance; ESG, diversidade e inclusão; política internacional; e a transformação digital das relações governamentais.

Na ocasião foi exibido o vídeo de boas-vindas do presidente em exercício e Ministro do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin, na qual ele validou a importância da profissão, descrevendo-a como essencial em uma sociedade plural para aclarar ideias com boa técnica. Ele alinhou a atuação de RIG aos objetivos do Governo Federal, que busca políticas públicas construídas de forma participativa, inclusiva e com base em evidências. “Numa sociedade plural como a nossa, com projetos e visões de mundo muito diferentes, é importante termos profissionais éticos que buscam defender e aclarar ideias, sempre primando pela boa técnica e pela diversidade. Só a democracia garante que as políticas públicas sejam construídas com participação e transparência, respaldadas no interesse geral da sociedade e legitimadas pela vontade popular”.

O Encontro IRELGOV 2025 contou com o patrocínio das empresas Ágora, Cielo, JTI, Prysmo, Seta, Shein, Totvs (Categoria Master); BMJ e Itaú (Categoria Diamante); Oficina Consultoria (Categoria Ouro); Abipla, Tozzini Freire Advogados e iFood (Categoria Prata); e apoio da Abrig, da Fiesp, da Findes e das empresas JOTA, Natura e Vale.

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IRELGOV Mais: conheça nosso programa de benefícios

Durante o Encontro IRELGOV 2025, a diretora-executiva do instituto, Lara Gurgel, anunciou o lançamento do Programa de Benefícios IRELGOV Mais.

O Programa de Benefícios do IRELGOV reconhece o engajamento dos associados Pessoa Física por meio de incentivos simbólicos e materiais. Ele é mais do que uma premiação — é um compromisso com quem compartilha, apoia e faz a nossa comunidade crescer.

Quanto maior for a participação e engajamento dos associados, maior são os benefícios, que vão desde descontos na Missão Internacional até ingressos para eventos e cursos.

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Última chamada para se inscrever na Missão Internacional do IRELGOV!

Com um programa de alto nível acadêmico e estratégico, a missão proporciona imersão nas melhores práticas globais, capacitando profissionais para atuar com ainda mais eficiência e influência no atual cenário político e econômico.
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Setembro de 2025 – Bruxelas, Bélgica

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Novos episódios do podcast TransformaGov no ar!

Batemos um papo com Juliana Marra, vice-presidente do IRELGOV e diretora de Comunicação e Assuntos Corporativos na Unilever, que falou sobre estratégias, táticas e mensuração de resultados de relgov em nível internacional.

Na sequência, conversamos com Atli Stannard, conselheiro na Convigton & Burling LLP sobre Regulamentação do Lobby na União Europeia: Transparência, Compliance e Lições para o Brasil. Este episódio está em inglês, com transcrição disponível em português.

Marcelo Almeida, diretor de relgov na ABES e na ANC, participou do último episódio, que fala sobre Análise de Riscos de Projetos de Leis em Tramitação no Congresso Nacional.

Ouça os episódios clicando aqui.

Ensaios aborda geoeconomia e governança de dados

O IRELGOV lança, em julho, o suplemento “Ensaios”, focado em dois temas atuais: geoeconomia, que trata das mudanças pelas quais o comércio internacional vem passando, e governança de dados, sobre as diferenças regulatórias entre países e seus impactos sobre estratégias, estruturas e operações de empresas multinacionais.

Acesse nosso site e confira!

POR DENTRO DO IRELGOV

Reconhecimento, engajamento e visibilidade: a nova estratégia do IRELGOV para fortalecer a comunidade de relações governamentais

Por Lara Gurgel, diretora-executiva do IRELGOV

O fortalecimento da profissão de relações governamentais no Brasil — e seu reconhecimento como elemento essencial para a construção de uma democracia mais ativa e participativa — passa, necessariamente, pela valorização de seus profissionais, pelo estímulo ao engajamento coletivo e pela criação de espaços que promovam visibilidade e conexão. Alinhado a essa missão, o IRELGOV lançou, durante o Encontro IRELGOV 2025, realizado em 6 de junho, duas iniciativas que inauguram um novo capítulo em sua trajetória institucional: o programa IRELGOV Mais e a nova versão do Diretório de Associados, voltada tanto para pessoas físicas quanto para representantes das organizações associadas ao Instituto.

IRELGOV MAIS: um marco na valorização da trajetória associativa – O IRELGOV Mais nasce como um programa estruturado de benefícios e reconhecimento aqueles que se dedicam às atividades do instituto. Mais do que um conjunto de vantagens, o programa reflete o compromisso institucional com a transparência, a equidade e a valorização do engajamento dos seus associados.

Baseado em um sistema de pontos e selos, o programa reconhece a participação ativa em diferentes frentes de atuação: desde a contribuição como mentor em programas de desenvolvimento de carreira até a produção de conteúdo técnico, a liderança de grupos de trabalho e a participação em cursos e missões internacionais organizados pelo instituto.

A lógica é simples e meritocrática: quanto maior o envolvimento do associado nas iniciativas do IRELGOV, maior seu avanço nas categorias de reconhecimento — que vão de Bronze a Diamante. Essa progressão garante mais visibilidade ao perfil do associado no site do instituto e amplia as oportunidades de acumular pontos, que podem ser trocados por benefícios voltados ao desenvolvimento e à profissionalização dos membros do nosso think tank.

Além disso, o programa busca estimular novas formas de participação, criando um ciclo virtuoso de contribuição e reconhecimento, alinhado aos princípios de sustentabilidade institucional e integridade que norteiam a governança do IRELGOV.

Um novo diretório: visibilidade estratégica, online e em tempo real para os profissionais de relações governamentais – Paralelamente ao lançamento do IRELGOV Mais, o instituto implementou uma atualização completa no seu Diretório de Associados, que agora se consolida como uma das principais ferramentas de visibilidade profissional do setor.

Além das informações básicas, como área de atuação, foto e perfil no LinkedIn, o diretório passa a refletir também a trajetória institucional e profissional de cada associado, incluindo os selos de reconhecimento conquistados ao longo de sua participação em projetos, cursos, publicações e demais iniciativas do IRELGOV.

Com design mais intuitivo, navegação amigável e atualização em tempo real, a nova plataforma permite que os próprios associados mantenham seus perfis sempre atualizados, com informações relevantes para o networking e para eventuais oportunidades profissionais.

Mais do que um repositório de nomes, o diretório representa um registro vivo e transparente da atuação dos membros da comunidade, valorizando o engajamento real e o esforço coletivo pelo fortalecimento da profissão.

Em um cenário marcado pelo surgimento de diferentes iniciativas de reconhecimento e visibilidade no mercado, o modelo adotado pelo IRELGOV destaca-se por sua ênfase na transparência, na clareza dos critérios e na atualização contínua. A proposta é assegurar que todos os associados tenham oportunidades iguais de reconhecimento, com base em méritos objetivos e no engajamento efetivo com as ações do instituto e com o fortalecimento do campo de relações governamentais no Brasil.

Além de facilitar a conexão entre os próprios membros, o diretório já vem sendo utilizado por consultorias especializadas, headhunters e áreas de recursos humanos como uma fonte confiável e atualizada para identificação de talentos. Com essas inovações, o IRELGOV dá mais um passo na construção de uma comunidade profissional cada vez mais engajada, reconhecida e conectada.

Engajamento que gera impacto coletivo – Com essas duas iniciativas, o IRELGOV dá um passo importante na consolidação de uma comunidade cada vez mais conectada, participativa e reconhecida. O IRELGOV Mais e o novo Diretório de Associados não apenas ampliam a oferta de benefícios individuais, mas também fortalecem a cultura de pertencimento e de protagonismo entre os profissionais do setor.

Ao valorizar o percurso e o engajamento de seus associados, o instituto reafirma seu papel como espaço de desenvolvimento, reconhecimento e articulação institucional, contribuindo de forma concreta para o avanço das boas práticas em relações governamentais no Brasil.

Programa IRELGOV Mais valoriza engajamento dos associados

Na avaliação da diretora-executiva do IRELGOV, Lara Gurgel, o Encontro IRELGOV 2025 oferece uma chance de debater formas de melhorar a imagem da atividade de relações governamentais e, consequentemente, beneficiar o segmento como um todo. “É quando podemos analisar as melhores alternativas para deixar claro para a sociedade a importância de permitir a participação de todos na implementação de políticas públicas. Isso torna nossa democracia mais diversa. Todos ganham”. 

Lara Gurgel, diretora-executiva do IRELGOV, apresentando o novo programa.

Lara apresentou o programa IRELGOV Mais, que tem dois objetivos – entregar benefícios para os associados e reconhecer todos os associados que se engajam de forma voluntária em muitas das ações do instituto. A iniciativa visa valorizar o engajamento dos associados por meio de um sistema de pontos e selos, com categorias (Bronze, Prata, Ouro, Diamante) que refletem o tempo de associação e a participação ativa e podem ser trocados por diversos benefícios, como bolsas para missões internacionais, descontos e mentorias exclusivas, transformando participação em reconhecimento e oportunidade.

O IRELGOV Mais constitui não apenas um programa de benefícios, mas uma resposta estratégica às necessidades do mercado. O programa busca aumentar a visibilidade dos profissionais no diretório do instituto, que se tornou uma importante vitrine de talentos para o mercado. “De um lado, há profissionais de RIG em transição de carreira; de outro, empresas e consultorias em busca de talentos de confiança. Quanto mais engajado for o associado, mais destaque ganhará nas nossas páginas. E hoje elas são acessadas por muitas profissionais buscando novos talentos dentro das suas empresas”.

Relações governamentais em tempos de turbulência internacional

No IRELGOV Talk BMJ, a diretora de relações governamentais da empresa, Rebeca Lucena, abordou a evolução da complexidade para o profissional de RIG, no qual argumentou que a globalização tornou as crises instantâneas e transfronteiriças, pois eliminou fronteiras não só para os negócios, mas também para os problemas.

Rebeca Lucena, Diretora de Relações Governamentais da BMJ.

Lucena usou uma linha do tempo para ilustrar o aumento da intensidade dos desafios: crise de reputação da Lava Jato, impeachment, greve dos caminhoneiros e pandemia até chegar às atuais tensões geopolíticas (guerra na Ucrânia) e comerciais (taxas de carbono). “Isso exige um profissional “total flex” e híbrido, que possua uma atuação mais transversal e multidisciplinar. Ele precisa dominar não apenas o ambiente político local, mas também comércio internacional, sustentabilidade e geopolítica”.

A diretora de relações governamentais da BMJ defendeu que a área deixe de ser reativa para se tornar estratégica, participando da construção das decisões e antecipando crises. Temos que deixar de ser um plano B. Há cada vez menos pessoas dispostas a construir pontes e nós, como profissionais, podemos atuar como um eixo de estabilidade. As relações governamentais passam a ser um espaço de diálogo em um mundo cada vez mais polarizado”.

Previsão e decisão com inteligência política

No IRELGOV Talk Oficina Órbita, a head de Public Affairs da Oficina Consultoria, Raquel Madeira, argumentou que o sucesso em relações governamentais depende da capacidade dos profissionais de anteverem múltiplos movimentos, como em um jogo de xadrez.

Ela apresentou a plataforma Órbita como ferramenta de inteligência política que combina análise de dados, IA e expertise humana para proporcionar uma visão estratégica. São três camadas de inteligência integradas: mapeamento de stakeholders e suas redes de influência; monitoramento em tempo real do ambiente digital, que captura a repercussão de temas na mídia e redes sociais; e análise humana qualificada, que conecta os pontos e traduz os dados em insights. “O objetivo é ajudar os profissionais de RIG a mapear stakeholders, entender redes de relacionamento e monitorar o ambiente digital em tempo real”.

Raquel Madeira, Head de Public Affairs da Oficina Consultoria.

Ao usar exemplos como a rápida reação do setor ao decreto do IOF, que acabou fazendo o governo dar um passo atrás, e a complexa negociação do licenciamento ambiental, Raquel Madeira demonstrou como a ferramenta permite às empresas adaptarem suas estratégias de forma ágil, identificando o momento e a estratégia ideais. “É uma ferramenta muito customizável, ágil, e rápida, que vai fornecer informações na palma da mão de quem toma decisões, permitindo que ele avalie qual passo dar e qual o rumo estabelecer. Em um ambiente digital em movimento o tempo todo, é essencial avaliar a repercussão que os temas dos nossos clientes estão tendo nas redes sociais e nas mídias digitais e relacionar essas informações com os stakeholders e suas teias de relacionamento”.

Políticas públicas para um mundo digital

Painel da TOTVS debate políticas públicas e transformação digital.

O primeiro painel do encontro, organizado pela TOTVS, teve como tema “Políticas públicas para um mundo digital: como os profissionais de relgov facilitam o letramento tecnológico”, com mediação de Andriei Gutierrez, presidente da ABES, que ressaltou a rápida transformação proporcionada pela chegada ao mercado da inteligência artificial, como o ChatGPT, fizeram com que as organizações acordassem para o tamanho do impacto da transformação digital.

A gerente executiva de Relações Institucionais e Governamentais na TOTVS, Ariela Zanetta, teve como argumento central a transversalidade. Ela concordou que a tecnologia saiu da exclusividade e permeia todos os aspectos da sociedade. Consequentemente, as políticas públicas não podem mais ser pensadas de forma isolada. “Hoje, o grande debate que a gente faz é justamente pensar numa política pública, num plano de país, não mais para um setor exclusivo de tecnologia, mas como a gente pode pensar num plano de país em que tem a tecnologia, a transformação digital impulsionando o desenvolvimento econômico e a inclusão social?”

A solução, segundo Zanetta, foi o plano Brasil Digital 2030+. Nascido na Brasscom e amadurecido no Conselhão, o plano estabelece uma estratégia nacional de longo prazo com seis pilares (infraestrutura, tecnologias prioritárias, P&D, inclusão, educação e ambiente de negócios), criando uma “coluna vertebral” para o desenvolvimento digital do país, com papéis definidos para governo, setor privado, academia e sociedade. “Esse plano nasceu dentro da Brasscom, foi levado para o Conselhão, do qual a professora Roseli Lopes participa, e do qual a ABES também faz parte, e é coordenado por Verônica Deviá. É uma coluna vertebral do país e todos temos um papel nele”.

A professora da USP/Inova USP, Roseli Lopes, trouxe a perspectiva da academia, defendendo uma aproximação urgente com o setor privado para acelerar o que chamou de “ciência transformacional” — o processo de transformar conhecimento científico em inovação prática e produtos para a sociedade. Criticou a cultura de “caixinhas” do ecossistema brasileiro e afirmou que os desafios são complexos demais para serem resolvidos de forma isolada. “O Brasil precisa de um esforço coletivo para vencer os desafios, pois nenhuma entidade sozinha detém todo o conhecimento. A inteligência humana coletiva, e não apenas a artificial, é o ativo mais valioso para induzir o futuro que o país deseja”.

Roseli Lopes, Verônica Deviá, Ariela Zanetta e Andrei Gutierrez discutem caminhos para a transformação digital no Brasil.

Já a líder do Comitê de Tecnologia do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável, Veronica Deviá, apontou para um paradoxo brasileiro: o país possui uma população hiperconectada (9 horas diárias online, 4ª maior usuária de ChatGPT) que, ao mesmo tempo, apoia massivamente a regulação (80% no Brasil, enquanto nos Estados Unidos não chega a 50%). “O desafio do governo democrático é equilibrar a proteção e a inovação, um processo inerentemente mais lento. Por isso o Conselhão é importante como espaço de consenso”. Para ela, uma das grandes conquistas que a comissão teve dentro do Conselhão foi a cobrança da existência de um órgão centralizado de transformação digital.

Transformação digital nas relações governamentais

O Painel Prysmo, intitulado “Transformação digital nas relações governamentais”, apresentou cases setoriais de inovação e inteligência voltados para uma atuação estratégica junto aos governos. Mediado pela gerente de Políticas Públicas do Ifood, Marina Merlo, o encontro teve como foco discutir de forma mais prática a aplicação de tecnologia nas relações governamentais.

Painel Prysmo discute o uso de tecnologia e dados nas relações governamentais.

O diretor sênior de Relações Governamentais Intercontinental na BioMarin, Erik Camarano, traçou um paralelo histórico da evolução do profissional da área, que saiu do antigo modelo de “lobby de restaurante”, baseado em contatos, para uma atuação moderna e fundamentada em dados. “Utilizamos o DataSUS e geolocalização para identificar “clusters” de pacientes com doenças raras, que ocorrem em populações com casamentos consanguíneos, otimizando o diagnóstico”. Camarano alertou que tecnologias como a Inteligência Artificial são ferramentas poderosas, mas que exigem profundo conhecimento do tema para serem usadas corretamente. “Por isso, a expertise humana sobre o tema é insubstituível”.

Michelle Mello, gerente de Assuntos Governamentais na Roche, ressaltou a necessidade de o profissional de relações governamentais estar integrado à estratégia do negócio. Ela apresentou o case dos contratos de risco compartilhado da Roche, um contrato com o hospital AC Camargo para uma medicação para câncer de pulmão, no qual a empresa se compromete com o resultado do tratamento. “Esse modelo de negócio inovador, que gera sustentabilidade para o sistema de saúde, só é escalável se houver dados de saúde qualificados e integrados. O papel do profissional de RIG nesse cenário é advogar por políticas públicas que criem essa infraestrutura de dados, gerando valor para a empresa, viabilizando o negócio e beneficiando a sociedade”.

Para a diretora de Acesso a Mercados e Policy Shaping na Prospectiva, Rita Ragazzi, a transformação digital permite ao profissional de RIG realizar uma triangulação estratégica, conectando três pontas: as movimentações do governo (dados regulatórios e políticos), as necessidades da sociedade (dados da vida real, como os epidemiológicos) e os objetivos do negócio. “Com dados, é possível construir argumentos sólidos e fundamentar pleitos em necessidades reais, o que potencializa a atuação e a credibilidade do profissional de RIG, tornando o advocacy mais eficaz”.

Marina Merlo, Gerente de Políticas Públicas do Ifood e Michelle Mello, Gerente de Assuntos Governamentais na Roche.

Michelle Melo acredita que os profissionais de relgov possuem uma vantagem dentro desse ambiente de saúde digital. “É a nossa competência para engajar e conectar pessoas”, disse. Ragazzi preza por uma visão holística, que permita conversar com os stakeholders internos. “É essencial possuir capacidade interpessoal para dialogar dentro da empresa. Temos que entender a situação da sociedade para conseguir construir pontes e beneficiá-la”.

COP 30: momento decisivo para a agenda ambiental

Helena Mader, Danilo Maeda, Márcia Massotti e Gustavo Biscassi.

No painel “Rumo à COP: estratégias de relações institucionais e governamentais para impulsionar a agenda verde em um cenário global de incertezas”, apoiado pela Seta, a mediadora Helena Mader, diretora da Seta Public Affairs Solutions/ FSB Holding, pontuou que o momento é decisivo para a agenda ambiental brasileira com a realização do evento em novembro, em Belém, e questionou os integrantes em relação às principais oportunidades do encontro internacional.

O professor no IBMEC e na FIA Business School nos MBAs de sustentabilidade e diretor-geral da Beon, consultoria de ESG da FSB Holding, Danilo Maeda, acredita que a COP 30 representa uma oportunidade singular para o Brasil, mas alertou que o risco climático já é um custo presente, não uma projeção. “O profissional de RIG, nesse contexto, deve ser uma correia de transmissão, traduzindo a complexidade da agenda climática para a linguagem dos negócios, ajudando a acelerar a transformação necessária”. Ele também buscou alinhar as expectativas, afirmando que a COP não é um festival e que o papel do setor privado é ser parte da solução, sem necessariamente esperar o protagonismo total.

Márcia Massotti, diretora de Sustentabilidade na Enel Brasil, apresentou dados sobre o potencial energético do Brasil. Segundo ela, a matriz elétrica é 89% renovável, mas a matriz energética total, que inclui transportes e indústria, conta com apenas 49% de fontes limpas. “A eletrificação é a chave para a descarbonização. Pesquisas da Enel demonstram que uma transição justa trará um benefício social superior ao custo de investimento, com potencial para gerar 8 milhões de empregos líquidos até 2050. Para destravar esse potencial o trabalho de advocacy na pré-COP é crucial”.

Debate destaca o papel do setor privado e das comunidades locais na agenda ambiental da COP 30.

Sinergia e integração estrutural entre relações governamentais, comunicação e sustentabilidade, o que garante agilidade e coerência. Essa é a receita do diretor sênior de Relações Institucionais, Comunicação e Sustentabilidade da Coca Cola Company para o Cone Sul, Gustavo Biscassi, para garantir agilidade e coerência às ações da empresa e facilitar o diálogo com os stakeholders. Ele apresentou o projeto “Olhos da Floresta”, que há mais de uma década desenvolveu a cadeia de pequenos produtores de guaraná na Amazônia. “Com isso, eliminamos intermediários e aumentamos a renda e a qualidade de vida das comunidades locais. Este é um exemplo de ação que gera valor compartilhado, fortalecendo o negócio da empresa ao mesmo tempo em que promove o desenvolvimento socioeconômico”.

E qual será o legado da COP 30? Márcia Massoti acredita que o objetivo de trazer a COP 30 para cá foi exatamente deixar um legado para a Amazônia, entre outras razões para estimular o financiamento climático. “A gente tem que fazer com que os governos entendam que os países em desenvolvimento precisam fazer parte. A transição justa não envolve só as pessoas, mas também as nações”. Biscassi concorda que o evento vai proporcionar maior visibilidade e melhorar a compreensão do que é a Amazônia. “Falta esse entendimento de ir lá e ver o que que é a Amazônia. Essa é a ocasião adequada”.

Advocacy e consumo na era digital

A mediadora e gerente sênior de Relações Governamentais da DHL Express Brasil, Diana Oliveira, deu inicío ao painel SheIn “Advocacy e consumo na era digital: como as políticas públicas se adaptam ao novo mercado” com uma pergunta: “A digitalização acelerada dos mercados tem transformado profundamente a forma como consumidores interagem com marcas, produtos e plataformas digitais. Como as políticas públicas estão respondendo a essas mudanças?”

Painel Shein debate os impactos da digitalização no consumo e os desafios regulatórios na era da inteligência artificial.

“Considerando que nos últimos 10 anos 90% da população brasileira já fez compras online, o país precisa de regulações e temas que tratem disso com o devido conforto legal, sem inibir o crescimento, que foi de 24% no último ano”, respondeu a diretora sênior de Relações Exteriores LATAM da SheIn, Anna Almeida Lima. Segundo ela, a regulação do e-commerce precisa ser fluida e pensar no futuro, para não engessar modelos de negócio inovadores. “E o profissional de RIG tem a função de tradutor desse cenário. Para isso, precisa adaptar sua comunicação, levando dados econômicos para o Ministério da Fazenda e dados de impacto social para os órgãos de defesa do consumidor”.

Fabro Steibel, diretor executivo do Instituto de Tecnologia & Sociedade do Rio de Janeiro, alertou para o risco da “falha de governo”, que ocorre quando uma regulação mal concebida causa mais danos do que benefícios. Ele usou o exemplo da “influenciadora fake” Marisa Maiô, criada por IA em questão de dias, para demonstrar como a tecnologia rapidamente torna obsoletos os debates regulatórios. “A pergunta fundamental que devemos nos fazer antes de qualquer regulação deve ser: qual problema, exatamente, estamos tentando resolver?”, afirmou.

O deputado federal Rodrigo Valadares fez uma crítica estrutural ao sistema legal brasileiro. Argumentou que a tradição do Civil Law, onde a lei é criada por legisladores, favorece a extrema regulamentação, em contraste com o Common Law, baseado em costumes e precedentes. Para ele, o Congresso deveria focar em desregulamentar e simplificar, estabelecendo apenas princípios gerais (“frameworks”) e permitindo que o mercado inove, para não tornar o Brasil proibitivo para novos players. Temos que evitar a visão protecionista e a burocracia excessiva do Brasil, que travam o crescimento. Precisamos de uma agenda de desregulamentação, simplificação tributária e mudança da cultura antiempresarial para destravar o potencial do país como mercado consumidor”.

O chefe do Departamento Internacional dos Correios, Nailton Oliveira, explicou que a entrada dos Correios no mercado de marketplaces tem como objetivo usar a capilaridade única da empresa para promover a inclusão de pequenos produtores e artesãos. Ele apontou para um paradoxo regulatório: hoje, no Brasil, o processo de exportação é mais complexo e burocrático do que o de importação, o que representa uma trava para os pequenos negócios que poderiam acessar mercados globais.

Por estar presente em redes internacionais, os Correios poderiam facilitar o comércio transfronteiriço. “O ponto é: como garantir a segurança jurídica? Eu diria: vamos começar com a exportação. O programa Exporta Fácil, lançado há quase 30 anos, ainda é uma ferramenta muito boa. Nossa ideia, com o lançamento do Mais Correios, é internacionalizar, vinculando com a nossa própria plataforma”, aposta Nailton Oliveira.

Nailton Oliveira, Rodrigo Valadares, Anna Almeida Lima, Fabro Steibel e Diana Oliveira.

Brasil diante da nova ordem do comércio internacional

Tatiana Prazeres, secretária de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços.

A keynote speaker Tatiana Prazeres, secretária de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, em sua palestra “O novo cenário do comércio internacional”, falou sobre o cenário do Brasil no comércio internacional.

Segundo ela, a ordem liberal que vigorou nos anos 1990 acabou e o mundo está em uma transição para uma nova ordem ainda em formação. “A lógica liberal, que vigorou até a crise de 2008, focada em eficiência e globalização, está sendo substituída por uma ordem geoeconômica focada em resiliência e segurança nacional. Nesta nova ordem, o comércio deixa de ser visto apenas como uma oportunidade e passa a ser encarado também como um risco estratégico. Quando a gente vê países grandes restringindo exportações, por exemplo, de semicondutores percebemos que o mundo mudou, pois isso não se encaixa no cenário anterior”.

Prazeres acredita que o Brasil possui um ponto positivo por estar distante dos focos de tensão geopolítica. “Precisamos navegar neste cenário com pragmatismo, aproveitando as oportunidades, como na agenda de sustentabilidade, e, crucialmente, não importar problemas que não são nossos. Política comercial passa a ser utilizada para fins estratégicos e geopolíticos, e isso, de fato, traz uma complexidade importante para nossa agenda de comércio exterior”, explicou. Segundo ela, a inserção do país no comércio internacional é inferior ao que poderia ser. “A transformação digital tem o potencial para mudar essa realidade”.

Relações governamentais a serviço da sociedade civil

Como a prática das relações governamentais pode ser um vetor positivo de transformação social, fomentando políticas públicas voltadas à sustentabilidade, a democratização da tecnologia e o fortalecimento dos pequenos empreendedores? Este foi o mote do Painel Cielo – Diálogos que transformam: relações governamentais a serviço da sociedade civil, conduzido pelo mediador Gilvan Bueno, membro do Conselho de Administração da Financer Educação.

Painel Cielo debate como as relações governamentais podem impulsionar inclusão, sustentabilidade e apoio aos pequenos empreendedores.

O head de Relações Institucionais da Cielo, Renato Kindi Noda, usou como exemplo a jornada da área de RIG na Cielo, que evoluiu de uma função reativa para uma de criação de agendas positivas. “Uma dessas iniciativas foi a parceria que estabelecemos junto com o governo do Pará no âmbito da COP 30, que ainda carecia de mão de obra com domínio da língua inglesa. Criamos então um portal no qual conseguimos oferecer cursos de forma gratuita, com quase 3 mil bolsas de estudo do idioma. Também é importante falar da rápida implementação da tecnologia Tap on Phone para pagamentos no celular para ajudar os empreendedores afetados pelas enchentes no Rio Grande do Sul, e o uso do índice ICVA (Índice Cielo do Varejo Ampliado) como uma ferramenta de dados para subsidiar políticas públicas”.

A coordenadora executiva da Advocacy Hub, Talita Ibrahim, defendeu que a colaboração entre setor privado e sociedade civil só é produtiva quando se baseia na busca por interesses comuns e universais, em vez do embate de posições rígidas. “Para uma colaboração efetiva, é preciso reconhecer as assimetrias de poder e focar nos interesses comuns, não apenas nas posições. É preciso empatia como pré-requisito para qualquer avanço. O profissional de RIG pode atuar como um facilitador desse diálogo”, acredita.

Já Marcelo Strama, diretor de Fomento do MEMP (Ministério do Empreendedorismo), ressaltou que o governo busca ativamente colaborações com o setor privado. Ele apresentou o “MEI, conta com a gente”, parceria com entidades contábeis para oferecer um ano de assessoria gratuita a microempreendedores, e o “Contrata Mais Brasil”, plataforma que visa democratizar o acesso de MEIs e pequenas empresas às compras públicas, antes dominadas por grandes corporações. “São exemplos de como a expertise privada pode ajudar a criar políticas públicas inclusivas e eficazes”, explicou.

Talita Ibrahim, Gilvan Bueno, Renato Kindi Noda e Marcelo Strama.

Como ampliar a percepção positiva da atuação em relações governamentais, superar o estigma do lobby e mostrar os ganhos para a sociedade? “Acho que o primeiro ponto é diretamente relacionado ao letramento político. Antes de cada um de nós aqui representarmos a empresa, também somos cidadãos. O segundo ponto é essa relação com a tecnologia, o quanto que a gente tem de acesso à informação. No fim do dia, a gente pode oferecer a melhor tecnologia, mas se a gente não faz o básico bem-feito, toda essa parte do estigma do lobby acaba ficando mais claro”.

Talita Ibrahim acredita que a sociedade civil pode ser mais protagonista na formulação de políticas públicas, mas que é uma questão de organização social e política e de pressão da opinião pública. “A sociedade civil vai gritar quando ela precisar gritar e quando isso for uma estratégia. Mas também vai sentar e discutir as agendas com o poder público e com o setor privado, quando for necessário”.

Public Affairs e o espaço de debate sobre políticas públicas

O Painel Ágora “Public affairs e o espaço de debate sobre políticas públicas” discutiu o papel destas no cenário atual. Comandado pelo mediador Thomaz D’Addio, diretor de Public Affairs da Ágora, reuniu especialistas para discutir os desafios e oportunidades na relação entre empresas, governo e sociedade.

Thomaz D’Addio, Fernando Silveira Filho e Carolina Rolo.

Durante o debate, foi destacada a importância de uma comunicação clara e ética entre as áreas de Relações Governamentais, Comunicação e Public Affairs. Carolina Rolo, Market Access, Strategic Pricing, Health Economics and Outcome Research Lead da UCB, enfatizou que essa sinergia é fundamental para fortalecer a relação entre empresas e o governo, além de reforçar a necessidade de uma abordagem transparente. “Entendo que é importante ter essa comunicação e que ela seja feita de forma bastante clara e pautada cada vez mais na ética”.

O presidente-executivo da Associação Brasileira da Indústria de Tecnologia para Saúde (ABIMED), Fernando Silveira Filho, ressaltou que o alinhamento entre essas áreas deve ser preciso, com atenção ao conteúdo, ao timing e à forma da comunicação, especialmente em um ambiente de negócios cada vez mais impactado pela deterioração das expectativas públicas. Segundo ele, trabalhar pautas de médio e longo prazo torna-se mais difícil diante do imediatismo da discussão pública, mas embasar os pleitos em fatos concretos pode ajudar a reduzir essa pressão.

Thomaz, Fernando e Carolina debatem os desafios da comunicação e ética nas relações entre empresas, governo e sociedade.

O painel também abordou o impacto da desconfiança nas instituições e na figura do presidente na relação entre empresas e o governo. Carolina Rolo apontou que esse cenário fragiliza as relações institucionais, dificultando a tomada de decisão.

Fernando Silveira acrescentou que a percepção de corrupção, especialmente na saúde, tem efeitos graves, aumentando as incertezas e levando as empresas a focarem mais no curto prazo. “É difícil você trabalhar pautas de médio e longo prazo, quando o imediatismo toma conta da discussão pública. É essencial embasar, de maneira factual, pleitos e argumentações, e levá-los ao debate de uma maneira construtiva”, afirmou.

Os especialistas reforçaram o papel fundamental das associações de marcas e empresas na influência sobre políticas públicas. Silveira destacou que essas entidades podem assumir uma posição cada vez mais relevante na representação de seus setores e cadeias produtivas, contribuindo para um ambiente mais estável e transparente. Já Carolina acredita que os profissionais de Relações Governamentais têm uma oportunidade importante de promover melhorias na relação entre o país e o setor privado. Diante desse cenário, entendo que o profissional de relgov traz, nesse relacionamento, mais oportunidades, inclusive para o próprio país melhorar sua situação”.

Modernização regulatória: fundamento para o crescimento econômico

Beatriz Galhardo, Leandro Pereira, Eliana Silva de Moraes e Andrea Macera.

O ambiente regulatório hoje é uma mola propulsora para um ambiente de negócios favorável. Como garantir que todas as partes envolvidas no processo sejam ouvidas para a produção de uma boa regulação? Com essa pergunta, a mediadora Beatriz Galhardo, gerente de Relações Governamentais da JTI, deu início ao painel “Modernização regulatória: fundamento para o crescimento econômico”.

“A base para uma boa regulação é o diálogo com todos os atores e o embasamento técnico-científico”, afirmou Leandro Pereira, diretor adjunto da Segunda Diretoria, na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Na agência, o ciclo regulatório inclui instrumentos como a Análise de Impacto Regulatório (AIR) e a consulta pública para entender o problema antes de propor uma solução. “Um exemplo bem-sucedido são as normas de rotulagem de alimentos. A lupa de que realça a informação de que o alimento é alto em açúcar não apenas alerta o consumidor, mas também induziu a indústria a reformular produtos para evitar o rótulo negativo”.

Eliana Silva de Moraes, advogada e professora especializada em Direito Regulatório Europeu e Brasileiro apresentou uma perspectiva internacional comparada. Comparando com a Europa, onde as agências têm um perfil mais científico e o poder normativo principal reside no Parlamento, ela sugeriu que o Brasil poderia desafogar suas agências, com a criação de órgãos mais especializados e reforçou o papel do Legislativo na criação das leis-mestras, como um Código da Saúde. “Na Europa quem elabora os regulamentos é o parlamento. Nós estamos invertendo papéis”, disse.

A secretária de Competitividade e Política Regulatório do MDIC (Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços), Andrea Macera, ressaltou que existem mais de 230 órgãos com função regulatória no Governo Federal, com assimetrias de maturidade. “A Estratégia Nacional de Melhoria Regulatória foi criada para endereçar essa questão e harmonizar a relação entre esses órgãos”. Ela destacou o Regulatory Sandbox como uma ferramenta inovadora fundamental, pois permite que empresas testem inovações em um ambiente controlado, possibilitando que a regulação seja construída em conjunto com a tecnologia, e não como uma barreira posterior a ela. “Entendo que a expansão de práticas como o sandbox possui grande potencial para modernizar o ambiente regulatório e fomentar a inovação”, acredita.

Competência técnica e construção de relacionamentos

Juliana Marra, vice-presidente do IRELGOV.

A vice-presidente do IRELGOV, Juliana Marra, encerrou o evento com um balanço positivo, destacando a profundidade dos temas discutidos, todos com forte embasamento em dados e pesquisas. Um ponto de orgulho ressaltado foi a expressiva presença feminina no evento, com 22 palestrantes mulheres e 13 homens. Ela concluiu que a profissão de RIG se constrói sobre dois pilares indissociáveis: competência técnica, que legitima a atuação, e capacidade de construir relacionamentos genuínos, que a viabiliza. “Tivemos um dia com temas muito variados. Falamos muito de tecnologia, inteligência artificial, regulação, tudo baseado em dados e pesquisas. Mas não esquecemos o aspecto relacional, porque uma boa parte do que nos fez vir aqui é estar com as pessoas”.

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De Belém para o mundo: por que a COP30 será um divisor de águas para o Brasil e o financiamento climático global​

Ana Paula Abritta, diretora de Estratégia e Inovação e Felipe Ramaldes, especialista em Sustentabilidade, na BMJ Consultores Associados

Se há um evento capaz de redefinir a posição do Brasil nas negociações climáticas internacionais, ele tem data e endereço: novembro de 2025, em Belém do Pará. A cidade amazônica será o palco da 30ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima — a tão aguardada COP 30. Mais que um evento diplomático, a COP 30 será um palco de disputas econômicas, diplomáticas e narrativas. E em todas elas o Brasil ocupa um lugar de destaque, com desafios à altura de seu próprio potencial.

Um dos temas centrais que devem dominar a conferência é o financiamento climático. Sim, estamos falando de cifras bilionárias — ou melhor, trilionárias. Segundo consenso internacional, será preciso mobilizar US$ 1,3 trilhão ao ano em recursos climáticos até 2035 para que países em desenvolvimento possam lidar com os impactos da mudança do clima e realizar uma transição justa. Uma meta que contrasta fortemente com os US$ 300 bilhões anuais acordados na COP29.

Mas como transformar essa lacuna financeira em oportunidade para o Brasil? E por que o protagonismo do país passa, necessariamente, por mais do que discursos?

O financiamento que (ainda) não veio
Em 2009, os países desenvolvidos prometeram mobilizar US$ 100 bilhões por ano até 2020 para apoiar as economias em desenvolvimento nas ações climáticas. Mas, como afirmou Avinash Persaud, conselheiro de clima do BID: “O dinheiro prometido nunca chegou realmente”. Os fundos disponíveis são fragmentados, lentos e, muitas vezes, inalcançáveis para os que mais precisam.

Hoje, os Bancos Multilaterais de Desenvolvimento (MDBs), como BID, Banco Mundial e CAF, respondem por cerca de metade do financiamento climático que flui para essas regiões. Ainda assim, seria preciso triplicar sua contribuição. Fundos como o Fundo Verde para o Clima, o Fundo de Adaptação e o Fundo de Perdas e Danos ganham protagonismo, principalmente pelo seu modelo de acesso direto — uma via estratégica para que países construam capacidade institucional e autonomia técnica.

O financiamento privado, por sua vez, vem crescendo. Grandes gestoras de ativos e parceiros institucionais buscam investir em projetos com impacto comprovado, e a mobilização de capital verde tornou-se política corporativa em diversas partes do mundo. Aqui, o cooperativismo de crédito surge como um elo promissor: conecta investidores a territórios, com estruturas locais já organizadas e experiência em inclusão econômica.

O Brasil como vitrine (e prova de conceito)
A escolha de Belém como sede da COP30 não foi fortuita. A ideia é clara: a Amazônia precisa — e quer — falar por si. Como revelou o presidente Lula, “quando decidimos fazer a COP 30 em Belém é porque queremos que a Amazônia fale para o mundo”. Há, portanto, pressão internacional, mas também uma oportunidade histórica de reposicionamento.

O Governo Federal ensaia esse protagonismo com um portfólio robusto de políticas públicas. Iniciativas como o Plano Clima, o Programa Nacional de Recuperação de Pastagens Degradadas (PNCPD), o Plano Nacional de Recuperação da Vegetação Nativa (Planaveg) e a recém-apresentada Taxonomia Sustentável Brasileira (TSB) sinalizam compromisso institucional. A proposta de criação do Fundo Florestas Tropicais para Sempre, com US$ 125 bilhões, amplia as ambições brasileiras.

Além disso, os esforços para viabilizar um mercado regulado de carbono por meio dos artigos 6.2 e 6.4 do Acordo de Paris são fundamentais para internacionalizar nossas ações, atrair investimentos e transformar crédito de carbono em ativo financeiro real — e não apenas em slide de apresentação. No entanto, há ruídos em nosso discurso — e a comunidade internacional está ouvindo com atenção.

Credibilidade em risco
A construção da imagem do Brasil como líder climático passa pela coerência entre discurso e prática. E é aqui que temos nosso maior desafio. Apesar da queda significativa no desmatamento em 2023, os alertas entre agosto de 2023 e maio de 2024 cresceram 9%, e 2025 não está ficando para trás, apresentando o valor estimado de 9,7% de alta no desmatamento em relação aos últimos dez meses. Artigos na revista Science criticam os incentivos à conversão de pastagens em monoculturas e alertam para a insustentabilidade da exploração de petróleo e gás nas margens da Amazônia.

No plano interno, a aprovação de um novo marco para o licenciamento ambiental foi chamada pela ministra Marina Silva de “uma demolição da base de proteção ambiental”. São sinais que colocam em xeque a coerência da posição brasileira.

Se o país quiser liderar, precisará mostrar que sabe governar a complexidade: aprofundando a participação local, combatendo interesses predatórios e criando instrumentos para uma transição justa e transparente. A COP 30 será uma prova de fogo.

O papel invisível que precisa ser valorizado: as comunidades
Se há uma lição clara na preparação para a COP 30, é que nenhuma meta será cumprida sem o engajamento real das comunidades e territórios. O cooperativismo brasileiro, que representa mais de 23 milhões de cooperados, surgiu como uma voz estruturada, proativa e com contribuições consistentes.

Em um manifesto com propostas para a COP 30, o setor pediu a descentralização do financiamento climático, com acesso direto às comunidades; o fortalecimento de modelos de agricultura regenerativa, como o Plano ABC+; o apoio a cooperativas de energia renovável; e a estruturação de um “PIB Verde” — que incorpore o valor ambiental no cálculo da atividade econômica nacional.

Mais do que um conjunto de boas práticas, essas propostas mostram o que pode ser, de fato, implementado. Promovem a ideia de uma “tropicalização da agenda”, em que o verde é valor econômico, estratégico e simbólico, e não apenas um recurso a ser compensado.

Chegou a hora da implementação
A ministra Marina Silva já definiu: a COP 30 será “o encontro da implementação”. E isso coloca o Brasil diante de uma tarefa grandiosa: sair do papel de articulador diplomático para se tornar o demonstrador de soluções — um embaixador de políticas que funcionam.

Implementar, contudo, exige ação coordenada entre União, estados e municípios. Exige diálogo técnico com o setor privado e escuta qualificada à sociedade civil. Exige previsibilidade regulatória, segurança jurídica, capacidade de financiamento e, acima de tudo, coragem de levar adiante reformas estruturais que o país posterga há décadas.

Do Pará para o planeta
Ao sediar a COP 30, Belém não está apenas recebendo chefes de Estado e lideranças climáticas — está acolhendo um símbolo de esperança. Desde já, os investimentos em saneamento público (estimados em R$ 4,5 bilhões) estão em curso, com impacto direto sobre mais de 500 mil habitantes. Esse legado precisa ir além da infraestrutura: deve ser cultural, institucional e climático.

Se conseguirmos transformar os compromissos em políticas públicas robustas, e os investimentos em oportunidades reais de desenvolvimento sustentável para os territórios, teremos dado um enorme passo. A COP 30 poderá, então, entrar para a história como o momento em que o Brasil não apenas convenceu o mundo, mas também convenceu a si mesmo de que desenvolvimento e floresta em pé não são escolhas opostas.

São, juntos, a única escolha possível.

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Relações institucionais e governamentais no “modo raiz” nunca saem de moda!

Carlos Parente é diretor da Midfield Consulting

Ponte entre empresas, governos e políticos. Especialista. Articulador. Estratégico. Mas, também: resolvedor de problemas; multitarefas; “aquela pessoa do lobby”…. enfim, a percepção que se tem do profissional de relações institucionais e governamentais (RIG) é multifacetada, e isso diz muito.

De fato, ele está sempre envolvido em múltiplas tarefas, de variadas nuances e cada qual com sua relevância, atuando em estudos, análises, projetos, recomendações, reuniões e gabinetes de diferentes matizes.

Uma coisa é certa: não existe a atividade menos ou mais importante. Tudo é importante. Para o profissional de RIG que está em uma organização do ramo industrial que tem fábricas, se empenhar para ajudar a viabilizar o licenciamento de uma unidade produtiva, por exemplo, é tão fundamental quanto estar em Brasília trabalhando em prol da aprovação de algum projeto de lei que impacte no funcionamento do setor de atuação de sua companhia ou monitorar, diuturnamente, impactos, notícias e repercussões, na imprensa e nas redes sociais, relacionadas ao setor e/ou à empresa em que trabalha.

Não podemos nos esquecer, no entanto, que a missão primordial desse profissional, no “modo raiz”, é defender os interesses legítimos da empresa ou organização em que atua, buscando fazer chegar a governos, ao parlamento, a formadores de opinião, a investidores, às comunidades ou a qualquer um de seus públicos de relacionamento o pleito dessa empresa ou organização que representa, com argumentos sólidos e bem embasados e sempre lastreado na ética e nas boas práticas, para a construção de relacionamentos duradouros e benéficos para todos os envolvidos.

Isso envolve a avaliação e o monitoramento de cenários para identificar riscos e oportunidades, a realização de pesquisas, a análise de informações diversas, o desenvolvimento e a elaboração de materiais, a ações de issue management, o mapeamento dos stakeholders envolvidos e a interlocução com esses públicos, construindo relacionamentos construtivos.

Nos últimos anos, principalmente, as relações institucionais e governamentais passaram a ter um papel mais estratégico e um impacto maior no negócio e nos resultados das companhias e, com isso, ganharam mais atenção da alta liderança das organizações, o que faz com que estas possam se relacionar de maneira mais intensa com diferentes governos e órgãos públicos e outras organizações ou entidades, bem como com os demais públicos de interesse.

Flexibilidade, adaptabilidade, multivisão, capacidade de fazer várias coisas ao mesmo tempo, conhecimento, resiliência e “olhos bem abertos” são algumas das características fundamentais na atuação desse profissional. O mundo e o universo corporativo, em contínua transformação, exigem compreensão, análise e diálogo permanentes.

Devem ser consideradas e analisadas inúmeras variáveis, embora existam aquelas em que não se pode ter visão total ou controle, como mudanças de governos, alterações econômicas repentinas, ebulições sociais, mudanças climáticas, eventos inesperados, catástrofes, guerras, etc. Sem contar as fake news e outros aspectos de processos de desinformação, que exigem, igualmente, redobrada atenção.

No dia a dia, para a gestão e o bom andamento de um projeto ou uma atividade por esse profissional, deve-se encaminhar o pleito de forma competente, com uma narrativa fundamentada e bem embasada, revestindo o pedido com todos os itens que envolvam legitimidade, legalidade, ética e os aspectos técnicos, como interface com outras áreas e análise de dados consolidados.

Sem contar, ainda, que ele deve se esforçar, cotidianamente, para a construção de relacionamentos de longo prazo. Muitas das discussões, bem como os processos de pleitos, podem levar meses ou anos para serem resolvidos. Há o momento de avançar, o momento de refletir e o momento de recuar. Simples demandas podem se transformar em maratonas de longa duração, a depender do andamento e dos fatores que influenciam.

Mas…não é só glamour!

Muito se engana quem acha que a agenda de um profissional de RIG é composta somente pelo suposto charme e pelo fascínio das agendas palacianas. Obviamente, é claro que há muitas demandas estratégicas que estão ligadas à atuação junto a órgãos governamentais ou ao parlamento. Muitas vezes, as demandas de contexto político, legislativo ou regulatório (o Brasil tem um ambiente regulatório altamente complexo!) são as de mais longo prazo.

O outro lado da moeda também existe. E muito. Nas ações cotidianas, muitas demandas pendem mais para o universo “pés no chão”. E devemos estar preparados para atender todas as necessidades com a mesma vontade e com a mesma competência, pois todas têm a sua importância estratégica.

A primeira ideia que vem à cabeça, quando se fala em relações institucionais e governamentais, é o profissional que transita em gabinetes e corredores de Brasília ou que dialoga com governadores de Estados, deputados, senadores, prefeitos e outras altas autoridades. E há cafés da manhã, almoços, jantares, eventos… porém, nem só de pompa é feito o dia a dia.

A atuação deve acontecer, com excelência e eficiência, em todas as esferas e em todas as alçadas. Hoje, você pode estar dando andamento a uma agenda importante em Brasília, com um parlamentar, um ministro ou com um dirigente de órgão público. Mas amanhã, por exemplo, você pode estar num município no interior do Brasil, afastado dos grandes centros, intermediando uma licença junto ao Corpo de Bombeiros (AVCB/CLCB).

Artigo

Democracia em movimento: o papel das relações governamentais na consolidação institucional

Floriano Pesaro é senior fellow do IRELGOV

A democracia brasileira completou quatro décadas de reconstrução institucional desde o fim do regime autoritário. Esse processo, ainda em consolidação, só se sustenta graças ao fortalecimento das instituições, ao compromisso com a Constituição de 1988 e, sobretudo, à prática permanente do diálogo entre governo e sociedade. É nesse cenário que as relações governamentais ocupam um papel central: não apenas como instrumento técnico de interlocução, mas como elemento vital de uma democracia madura, aberta e responsiva.

A experiência brasileira nos mostra que os regimes democráticos não sobrevivem sem instituições sólidas e transparentes. Mas essas instituições, por sua vez, só ganham legitimidade quando sustentadas por práticas de governança que respeitem a diversidade, a pluralidade de ideias e o direito de representação dos mais variados segmentos sociais. Como afirmou o cientista político norte-americano Robert Dahl, “uma democracia é efetiva quando os cidadãos podem formular preferências, significá-las e tê-las igualmente consideradas no processo político” — um princípio que reforça o papel indispensável da interlocução legítima entre Estado e sociedade.

É aqui que entram as organizações da sociedade civil, as associações setoriais, as ONGs, os institutos e as empresas que atuam na formulação e defesa de políticas públicas com responsabilidade e visão de país. Elas formam o ecossistema das relações governamentais, um espaço onde se constrói consenso, onde a escuta é valorizada e onde o interesse coletivo prevalece sobre os impulsos autoritários.

O bom relgov não se faz nos bastidores da opacidade, mas sim na arena pública da transparência. É preciso que os canais de interlocução sejam abertos, fiscalizados e legítimos. Que os dados estejam disponíveis, que os posicionamentos sejam claros e que os agentes envolvidos atuem com ética, compromisso republicano e respeito aos marcos legais.

Nesse contexto, ganha relevância o princípio da publicidade: governos devem ser transparentes em suas decisões, e os atores sociais, igualmente responsáveis por suas pautas e argumentos. O Brasil precisa consolidar uma cultura de diálogo institucional que envolva todos, do pequeno produtor rural à grande federação industrial, da startup à universidade, do coletivo comunitário à organização de classe. Todos têm voz. E todos devem ser ouvidos.

É preciso reconhecer que a democracia é sempre uma construção em movimento. Não há ponto final nem linha de chegada. Há, sim, disputas legítimas, avanços e recuos, e a constante tensão entre o interesse público e os interesses privados. A função das relações governamentais é justamente mediar esse campo de forças, com responsabilidade, técnica e empatia.

Mais do que nunca, em tempos de polarização, desinformação e crises sucessivas devemos valorizar os profissionais e as práticas que constroem pontes. O Brasil precisa de pontes, entre esferas de governo, entre o público e o privado, entre centro e periferia, entre diferentes visões de mundo.

A política, quando exercida com responsabilidade e sob os pilares da democracia, é um dos maiores instrumentos de transformação social. E é dever de todos – governos, empresas, sociedade civil e cidadãos – manter esse processo vivo, respeitando a diversidade, a individualidade e a inteligência coletiva do nosso povo.

Quarenta anos depois, seguimos aprendendo. Que sigamos também dialogando. Sempre.

Artigo

Lobby em setores sensíveis: a arte de falar sobre o que ninguém quer ouvir

Heloísa Diniz é diretora de Regulatório e Public Affairs na Associação de Bets e Fantasy Sport (ABFS)

Atuar com relações governamentais é, por definição, o exercício de traduzir demandas privadas em linguagem pública — de forma legítima, estratégica e transparente. No entanto, quando se trata de setores considerados “sensíveis” — como jogos, apostas, bebidas alcoólicas ou tabaco — essa tarefa assume contornos ainda mais complexos. Nesses casos, bons argumentos não bastam: é preciso estratégia, paciência e, sobretudo, resiliência.

Neste artigo, compartilho reflexões sobre os bastidores da atuação em setores de alta complexidade regulatória e social, a partir da minha experiência com o mercado legal de jogos e apostas. Mais do que defender um setor específico, trata-se de construir um espaço racional de escuta em meio ao ruído moral, político e emocional que cerca essas pautas.

A primeira barreira é a própria abertura da conversa. Diferentemente de áreas que despertam empatia imediata — como saúde, educação ou tecnologia — temas vistos como polêmicos geram reações defensivas automáticas. A associação imediata às possíveis externalidades negativas desses mercados cria uma blindagem retórica que frequentemente impede o simples início do debate.

Nesse estágio inicial, o papel do profissional de relações governamentais pode não ser exatamente o de “convencer”, mas sim desarmar as resistências. O diálogo raramente começa pelo mérito; parte, antes, da necessidade de mostrar que aquela pauta merece, ao menos, ser discutida.

Nessa linha, quando a rejeição inicial é elevada, a fundamentação técnica se torna indispensável. A construção da narrativa institucional deve estar lastreada em dados, estudos comparativos, evidências econômicas, jurisprudência e análises regulatórias consistentes. Não há espaço para achismos.

No setor de apostas, por exemplo, a defesa da regulação começa pela explicação de como esse mercado já existe — no Brasil e no mundo — e de como sua proibição, na prática, apenas fortalece a ilegalidade, a sonegação e os riscos ao consumidor. Não se trata mais de discutir a legalização, mas de enfrentar com responsabilidade um mercado que já opera sem barreiras físicas, dada sua natureza digital.

O mesmo vale para o setor de bebidas alcoólicas: o debate público não gira em torno da existência do produto, mas sobre como regular seu consumo de forma equilibrada, protegendo a liberdade individual, a saúde pública e a livre iniciativa.

Nesse contexto, o profissional de relações governamentais cumpre importante papel de escuta ativa. Levar argumentos sólidos é essencial, mas é igualmente importante compreender as preocupações e prioridades dos tomadores de decisão, já que estes representam, em sua essência, a voz da vontade pública.

A função do lobby responsável nessas pautas é, justamente, ser a ponte entre os interesses regulados e o interesse público, colaborando na construção de soluções que mitiguem as eventuais consequências negativas do mercado, mas sem ignorar sua legitimidade.

Além disso, a estratégia em setores sensíveis não é um plano estático — é um processo vivo, que exige constante revisão. Projetos mudam. Legisladores mudam. O cenário institucional e a percepção da sociedade também. Para quem atua nessas agendas, recomeçar faz parte da rotina — seja a cada novo ciclo legislativo, seja a cada nova reunião.

É preciso observar com atenção o ambiente político, adaptar linguagens, reposicionar argumentos e identificar o momento certo de avançar, recuar ou simplesmente escutar. Insistir é necessário, mas repetir estratégias sem aprendizado pode ser contraproducente.

Por fim, não poderia deixar de falar do estigma moral que recai sobre profissionais que atuam nesses setores. Olhares enviesados da imprensa, da opinião pública e até de colegas de profissão ainda são comuns. Em muitos casos, torna-se necessário explicar primeiro o papel institucional da área de relações governamentais, antes mesmo de apresentar a pauta em discussão.

Lidar com rejeições, discursos moralizantes e críticas superficiais exige preparo emocional, consistência argumentativa e compromisso ético. É importante esclarecer que não se trata de defender as externalidades negativas associadas ao setor, mas sim de enfrentá-las com maturidade, responsabilidade e disposição para um diálogo aberto e construtivo.

Diante disso, é essencial reafirmar que todo setor legalmente regulado tem o direito — e também o dever — de participar ativamente do debate público, justamente para que sua atuação seja supervisionada, orientada por boas práticas e conduzida com integridade e constante aprimoramento.

Tudo se resume, ao final, em transparência e integridade. Tornar o trabalho visível é uma das maneiras mais eficazes de enfrentar o estigma que recai sobre determinados setores. Atuar com clareza, participar de debates públicos e envolver especialistas e reguladores são medidas necessárias para mostrar que o lobby responsável é parte legítima do processo democrático, e não um desvio dele.

Em apertada síntese, atuar com relações governamentais nesses setores exige consistência, jogo de cintura, domínio técnico e disposição para o aprendizado constante. Mas, acima de tudo, exige comprometimento com a escuta institucional, com o processo democrático e com a construção de políticas públicas equilibradas e eficazes.

Nem todo setor nasce simpático aos olhos da sociedade, mas todos os setores que operam legalmente merecem ser tratados com seriedade. Quando há transparência, informação qualificada e abertura ao diálogo, até os temas mais delicados podem — e devem — ser discutidos. É em meio a esse cenário que torna-se imprescindível a atuação de profissionais de relações governamentais capacitados e comprometidos com um processo de formulação de políticas públicas democrático, ético e tecnicamente responsável.

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A corrupção na era das criptomoedas: anonimato, poder e a morte da transparência

Marina Zonis é advogada, consultora de relações governamentais e fundadora da Assessoria Zonis Relgov

Enquanto o mundo está focado no caos tarifário criado por Donald Trump, uma mudança menos noticiada chamou a atenção de especialistas em regulação financeira: o desmantelamento da equipe do Departamento de Justiça responsável por investigar fraudes envolvendo criptomoedas.

A decisão ocorre em um momento peculiar porque, não faz muito tempo, o presidente demonstrou muito interesse em ingressar nesse mercado e inclusive lançou sua própria moeda, a “$Trump”. Nesse contexto, imagina-se que fosse do interesse do presidente manter algum nível de proteção e de vigilância na indústria que ele próprio quer investir.

As criptomoedas são um investimento volátil, com alto potencial especulativo e decorrentes de uma tecnologia bastante sofisticada, o que torna difícil explicar seu funcionamento para o público em geral. A soma de todas essas características gerou uma indústria cheia de escândalos, e, infelizmente, também gerou um veículo perfeito para a corrupção do século XXI.

Para fins desse artigo, a única característica das criptomoedas que nos interessa é a natureza parcialmente anônima das transações de cripto.

Toda transação feita por criptomoedas é pública, mas as partes envolvidas são anônimas. O público em geral consegue ver claramente quanto dinheiro digital foi transferido em qual data, mas não consegue saber quem transferiu.

Porém, criptomoedas possuem essa característica de anonimato apenas para o público em geral, ela deixa de existir quando um comprador mostra a tela do celular para o presidente e diz “comprei 1 milhão de dólares da sua moeda, vamos conversar?”.

Recentemente, o presidente tem dado ampla oportunidade para milionários fazerem exatamente isso. No início de março, o jornal Wired publicou que, por cinco milhões de dólares, é possível conseguir um jantar exclusivo com o presidente.

E, claro, o oposto também funciona. Nesses jantares, um lobista ou um “investidor” pode tentar influenciar a opinião do presidente e ele pode simplesmente responder que basta simplesmente comprar a cripto recém-criada; e nós, o povo, jamais saberemos. É o equivalente moderno do número de uma conta no banco da Suíça.

Não é a primeira vez que vemos isso acontecer na história; na verdade, os Estados Unidos foram os primeiros países a regulamentar o lobby com objetivo de coibir esse tipo de prática, e dar transparência ao processo para permitir que o público em geral saiba com quem seu representante se encontrou, e de quem ele recebeu doações e presentes.

Já é sabido há décadas, portanto, que toda forma de repasse de dinheiro tem a capacidade de influenciar um político e precisa ser estritamente regulado. O problema é que a regulação não acompanhou o avanço do mercado e as criptomoedas ainda operam em uma zona cinzenta. A recente extinção da força-tarefa antifraude, justamente quando figuras políticas passam a adotar moedas digitais, é preocupante e parece acompanhar uma tendência do presidente de desmantelar mecanismos de transparência governamental.

No Brasil, onde a regulação do lobby e o combate à corrupção ainda estão em estágio inicial, o desafio é ainda maior. Se países com instituições mais consolidadas enfrentam dificuldades em fiscalizar esse mercado, imagina o Brasil, com um histórico de corrupção muito mais robusto, e que até hoje não conseguiu regulamentar a prática de lobby.

Os mecanismos de transparência e eficiência criados na década passada estão deixando de ser eficazes sob esse novo governo Trump e abrem um caminho incerto para o Brasil e a relação mundial com as criptomoedas.

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Relgov: elo estratégico na construção de políticas públicas

Ruan Raielli Chaves é formado em Artes Visuais, graduando em Gestão Pública e trabalha no Itamaraty

O fortalecimento da atividade de Relações Governamentais no Brasil é cada vez mais evidente. Em democracias que demandam escuta qualificada e participação responsável, a atuação institucional junto ao poder público tem se consolidado como estratégia essencial para a formulação de políticas públicas mais eficazes, inclusivas e baseadas em evidências.

Empresas e organizações que se posicionam estrategicamente nesse ecossistema demonstram maturidade institucional e visão de futuro. A marca alcançada pelo IRELGOV, com 50 associados pessoa jurídica, reflete esse novo tempo. É um sinal concreto de que dialogar com o Estado, com transparência e responsabilidade, é uma prática que se fortalece e ganha legitimidade. Segundo o Anuário Origem Latam 2024, 79,4% das empresas que investem em RIG possuem faturamento superior a R$ 1 bilhão, e mais da metade já conta com equipes especializadas com cinco ou mais profissionais. Tal avanço indica não apenas o crescimento da área, mas sua consolidação como função estratégica dentro das organizações.

A atuação dos profissionais de relgov vai além da mediação de interesses. Eles exercem papel central na construção de consensos, na prevenção de conflitos regulatórios e na qualificação do debate público. No setor público, colaboram para a articulação federativa e o aprimoramento dos mecanismos de escuta institucional. No setor privado, contribuem para que organizações estejam preparadas para dialogar com o Estado de forma técnica, ética e alinhada às agendas de interesse coletivo.

A Agenda de Relações Governamentais e Políticas Públicas 2025–2026, apresentada pelo IRELGOV, elenca temas estruturantes que atravessam a atividade: regulamentação do lobby, ESG, combate à desinformação, transformação digital do Estado e ampliação da participação cidadã. Tais eixos exigem profissionais com formação qualificada e capacidade de articulação em contextos cada vez mais complexos. Um exemplo concreto da força do RIG foi a articulação que resultou na criação da Lei 14.948, marco legal do hidrogênio de baixo carbono, seguida da Lei 14.990, que institui R$ 18,3 bilhões em incentivos ao setor até 2032 — fruto direto da ação coordenada entre empresas, parlamento e governo.

No plano internacional, observa-se no Itamaraty a intensificação de acordos bilaterais que priorizam o desenvolvimento social, ambiental e tecnológico. Essa tendência diplomática reforça a necessidade de que empresas estejam aptas a dialogar em âmbitos multilaterais e transversais. A diplomacia econômica brasileira atua como instrumento legítimo de promoção dos interesses nacionais e frequentemente incorpora estratégias típicas do advocacy institucional. Nesse sentido, os associados do IRELGOV demonstram estar na direção certa ao investirem em competências técnicas e institucionais que os posicionam de forma estratégica nesse cenário globalizado.

A atuação de empresas brasileiras em fóruns multilaterais, como é o caso da Bayer — associada pessoa jurídica ao IRELGOV, com presença global e forte atuação em sustentabilidade e inovação regulatória — mostra como a diplomacia corporativa pode complementar a atuação do Estado. Esse tipo de engajamento fortalece a posição do Brasil em negociações internacionais e contribui para a construção de políticas públicas baseadas em compromissos e boas práticas globais. Conforme o Anuário Origem Latam 2024, a Bayer figura entre os grupos com maior integração entre áreas técnicas, jurídicas e de relações institucionais no Brasil e na América Latina.

A experiência de gestão de políticas sociais em âmbitos estaduais também evidencia o papel da articulação intersetorial. Iniciativas em Secretarias de Desenvolvimento Social mostram que a efetividade das ações públicas está fortemente vinculada à capacidade de estabelecer parcerias, otimizar recursos e ampliar o alcance de programas voltados às populações vulneráveis. Nesse sentido, as competências de relgov contribuem para a implementação de soluções sustentáveis. Um exemplo pode ser observado no apoio de empresas como a Bracell, associada ao IRELGOV, que desenvolve projetos em parceria com governos locais voltados à capacitação de comunidades, reflorestamento sustentável e inclusão econômica em regiões do interior do Brasil. A empresa integra estratégias de advocacy a políticas públicas ambientais e sociais, contribuindo para a geração de renda e desenvolvimento regional. Casos como esse demonstram como o diálogo entre setor público e privado, mediado por estratégias de RIG, gera benefícios mensuráveis para a sociedade.

Apesar dos avanços, o Brasil ainda carece de regulamentação formal da atividade de lobby, diferentemente de países como Chile e Estados Unidos. Estudos apontam que a regulamentação fortalece a transparência, a equidade de acesso e a qualificação do processo decisório. O Chile, por exemplo, regulamentou o lobby por meio da Lei 20.730, com regras claras de registro, acesso e prestação de contas. Segundo o Anuário Origem 2024, 78% das entidades setoriais no Brasil já adotam códigos de conduta e mecanismos de compliance em RIG, indicando um movimento do setor privado em antecipação à regulamentação.

Em um ambiente marcado por polarizações e desafios institucionais, a atividade de relações governamentais emerge como ferramenta de estabilidade, cooperação e construção de consensos. Valorizar essa profissão é investir na governança, na transparência das decisões e na participação qualificada da sociedade.

Iniciativas como o programa de mentorias do IRELGOV reforçam esse compromisso ao formar novas lideranças, ampliar a base de profissionais qualificados e estimular uma cultura de integridade e excelência. A formação de novos quadros, com experiência prática e orientação ética, é passo essencial para consolidar o papel do relgov como campo estratégico para o desenvolvimento institucional do país.

Artigo

SXSW Londres traz novos contornos para o advocacy: a influência é em rede, com dados e com afeto

Liliane Pinheiro é jornalista, especialista em gestão de reputação e influência e CEO da Oficina Consultoria

Em tempos de transformação política, tecnológica e cultural, a prática do advocacy também está mudando e rapidamente. Se antes bastava produzir um policy paper, articular discretamente nos bastidores e entregar uma proposta ao tomador de decisão certo, hoje o que se espera de uma estratégia eficaz de advocacy é algo bem diferente: relevância pública, legitimidade social e capacidade de articulação em rede.

Acompanhei a edição londrina do SXSW 2025, que aconteceu de 2 a 7 de junho, em uma missão especial da Oficina Consultoria com um grupo de 10 executivos, e o que vi não foram apenas pitches e painéis bem-organizados — vimos ecossistemas reais de cocriação, onde ciência, cultura, política, design e tecnologia colidem para transformar causas em movimento.

O próprio SXSW é, em sua essência, uma plataforma de advocacy. Conecta causas, estimula colisões produtivas entre setores e oferece espaço para vozes diversas — de líderes políticos a povos originários, de startups a pensadores da ancestralidade — dialogarem em condições de paridade simbólica. Ao criar um território híbrido, estético e acessível, o festival legitima novas formas de influenciar políticas públicas, regulatórias e culturais, fazendo da cultura um agente político ativo.

Um bom exemplo disso foi o painel “A Healthcare Revolution”, com o ex-primeiro-ministro David Cameron, que falou sobre sua atuação em prol da genômica no Reino Unido. Seu discurso não foi técnico, nem político no sentido tradicional. Cameron compartilhou histórias pessoais sobre seu filho, que nasceu com uma doença genética rara, e sua mãe, que teve demência, para defender a ampliação do sequenciamento genético gratuito no sistema público de saúde britânico.

Ao trazer a própria experiência como parte do argumento, Cameron transformou dados em urgência, e política pública em causa coletiva. Isso é usar o afeto no advocacy: não como um apelo emocional descontextualizado, mas como uma forma legítima de construir sentido, mobilizar atenção e gerar empatia social para pautas que muitas vezes são tratadas de forma fria ou excessivamente técnica. Afeto, aqui, é ponte entre quem sente o problema e quem pode resolvê-lo.

Não era só uma proposta: era uma vivência encarnada. Um advocacy feito de afeto, ciência e urgência. E mais: feito com cientistas, startups, pacientes e formuladores de políticas públicas.

Esse tipo de narrativa, que une experiência pessoal, visão de futuro e proposição concreta, é um dos pilares do novo advocacy. Em vez de campanhas unilaterais, o que funciona hoje são narrativas plurais e legítimas, que ativam comunidades e colocam os públicos diretamente envolvidos como coautores da solução.

É o caso também das startups de saúde apresentadas no painel “HealthTech Innovation: Collaboration and Reinvention”. Empresas como a britânica XARlabs, que desenvolve tecnologia de realidade mista para neurocirurgias pediátricas, são hoje agentes de influência política na prática. Não porque escrevem artigos técnicos ou contratam lobbies, mas porque cocriam soluções com hospitais, universidades, pacientes e reguladores desde a origem. O valor público já nasce embutido no produto e tem potencial de virar política pública.

Mais do que nunca, mapear, gerir e monitorar stakeholders em torno de uma causa exige colaboração estratégica entre inteligência coletiva humana e ferramentas tecnológicas. E construir estratégias de advocacy eficientes envolve uma atuação coordenada e especializada em lobby, inteligência política, curadoria de dados, comunicação, gestão de conflitos e gestão de comunidades. E isso não se faz contratando uma consultoria ou montando megaestruturas in house — é uma verdadeira orquestra, e só uma atuação em redes colaborativas é capaz de alcançar.

Não que eu buscasse o viés de confirmação, mas a imersão no SXSW me trouxe a segurança de que estamos no caminho certo ao lançar a Rede de Reputação e Influência, nossa comunidade as a service, que conecta empresas e especialistas para cocriar soluções em reputação, influência e impacto público.

É uma nova era em que reputação se constrói junto, influência se compartilha, e que o futuro das políticas públicas depende, mais do que nunca, da nossa capacidade de escutar, conectar e agir com propósito.

Fala, associad@!

Na sua opinião, quais foram os melhores debates do Encontro IRELGOV 2025?

“O Encontro IRELGOV 2025 teve altíssimo nível. Destaco a Secretária Tatiana Prazeres. Sugestão para o próximo: quando for o case da Tatiana que tenha pelo menos 1 ou 2 perguntas previamente pesquisadas feita pelo mestre de cerimônia ou pela organização, ampliando assim o brilho do case.”
João Marques
CEO na EMDOC Serviços Especializados

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Jornalista Responsável
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Thomaz D’Addio
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Colaboraram nesta edição
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Conselho Diretor:
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Juliana Marra – Vice-Presidente
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Pablo Cesário – Conselho de Conteúdos
Mariana Guimarães – Conselho Jurídico
Thomaz D’addio – Conselho de Comunicação
Júlia Vianna – Conselho de Parcerias
Verônica Hoe Lopes – Conselho de Responsabilidade Social
Carlos Lima – Conselho de Assuntos Estratégicos
Ariela Zanetta – Conselho de Carreiras
Helga Franco – Conselho Fiscal
Paulo Homem – Conselho Fiscal
Roberta Rios – Conselho Fiscal
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Leonardo Barreto – Conselho Consultivo
Felipe Daud – Conselho Consultivo
Carlos Petiz – Conselho Consultivo
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Gustavo Bernard – Diretor regional do IRELGOV em Minas Gerais
Rafael Maia – Diretor Regional do IRELGOV no Estado do Rio de Janeiro

 

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