Como o capitalismo lida com seus stakeholders? Quais as formas de levar os conceitos de diversidade para dentro das empresas? Esses foram os temas da mesa-redonda mediada por Guilherme Athia, CEO da Gui Athia & Partners. “Se até pouco tempo os stakeholders eram deputados ou diretores de poderosas federações de indústrias, hoje o cenário é bem mais complexo. Todos são públicos de interesse e têm algo a dizer, que deve ser ouvido pelas empresas”, ressaltou Athia.
Valeria Café, diretora executiva de Vocalização e Influência do IBGC (Instituto Brasileiro de Governança Corporativa), ressaltou a importância dos conselhos de administração das empresas, responsáveis por garantir a sustentabilidade da organização e de todo seu ecossistema. “Para tal, é necessário transparência, prestação de contas, equidade, governança e responsabilidade corporativa. Desta forma, há equilíbrio e o empreendimento terá condições de se relacionar com o governo e parceiros. E o protagonista desse processo é o profissional de relações governamentais, um agente transformador que conduz essas relações”.
Sócia do Mattos Filho Advogados, Ariane Costa Guimarães falou da importância da diversidade dentro dos conselhos. Para ela, contar com diferentes visões é um ponto importante para acolher novas demandas da sociedade, como as associadas ao tema ESG (sigla em inglês para governança ambiental, social e corporativa). “Um exemplo são as novas regras para as companhias abertas, que passarão a ter que apresentar informativos sobre os impactos climáticos de suas atividades, com critérios claros, evitando que seus discursos soem vazios”.
Para Marcel Fukayama, líder de Política Global do B Lab, o consumidor tem estado cada vez mais consciente sobre seus atos de consumo, o que tem levado empresas a buscarem formas de se apresentarem de maneira positiva para seus públicos. “Nosso primeiro papel consiste em construir uma certificação, é descobrir quem são os líderes dispostos a fazer diferente. Já o segundo desafio é escalar esse processo – infelizmente, ainda estamos longe: no Brasil existem 18 milhões de empresas, mas só 200 são empresas B”, lamentou Fukayama. “Há mais de 10 anos estamos trabalhando por um ecossistema econômico mais regenerativo e sustentável. Não é mais possível ganhar dinheiro de um lado e comprar créditos de carbono do outro, para compensar os danos”.
A líder de Cultura, Inclusão e Diversidade da UnitedHealth Group, Neivia Justa, afirmou que o profissional de relações governamentais deve ter visão sistêmica e protagonismo para mostrar que há resultados que só se concretizam a longo prazo e que a diversidade é essencial. “A maioria das nossas empresas não é diversa. Das 90 empresas com ações na bolsa de São Paulo, somente duas são lideradas por mulheres. Se não temos diversidade em nossas empresas que representem a sociedade não teremos inovação”.