DIÁLOGOS IRELGOV - AGOSTO de 2019
Novidades do IRELGOV
· Guia de Melhores Práticas
· Segunda viagem a Washington
· Eventos em SP, BSB e Rio
A revista digital do Instituto de Relações Governamentais (IRELGOV)
Ano 6 – Edição 2 – Agosto de 2019
PRESENTE E FUTURO
DAS RELAÇÕES
GOVERNAMENTAIS
Congresso do IRELGOV discute os desafios e
oportunidades para os profissionais de Rel Gov
Internacional
Missão Internacional de
Estudos à China
Profissão
Gênero nas relações
governamentais
DIÁLOGOS IRELGOV - AGOSTO de 2019
Editorial
EXPEDIENTE #02
ANO 6 - AGOSTO DE 2019
DIÁLOGOS IRELGOV é uma
publicação do Instituto de Relações
Governamentais (IRELGOV)
Rua Gomes de Carvalho, 1356
2º andar, E.58
Vila Olímpia – São Paulo – SP
CEP: 04547-005 | Fone:
+55 11 3995-5210
E-mail: irelgov@irelgov.com.br
Conselho Deliberativo:
Bruno Perman
Suelma Rosa
Erik Camarano
Fernanda Burle
Gabriel Di Blasi
Kelly Aguilar
Larissa Wachholz
Manoel Fernandes
Conselho Fiscal
Mariana Guimarães
Adriana Benatti (Suplente)
Anna Paula Losi (Suplente)
Wanderley Moreno (Suplente)
Comitê editorial
Larissa Wachholz (Coordenadora)
Adriana Benatti
Andrea Gozetto
Bruno Perman
Catarina Correa
Eduardo Galvão
Fabiano Rangel
Fábio Okubaru
Kelly Aguilar
Mariana G. B. Braga
Michel Neil
Raquel Fernandes Batista Araujo
Rodrigo Navarro
Jornalista responsável:
Fábio Okubaru (MTB 4120/16/160)
O IRELGOV é uma entidade sem fins lucrativos que se posiciona como think tank dedicado
ao debate das relações governamentais. Temos como objetivo contribuir para a valorização e
melhoria da reputação dos profissionais, além de promover sua capacitação. Desenvolvemos
uma série de atividades que ressaltam nossos dois pilares de atuação: reputação e educação.
Nos últimos cinco anos o IRELGOV já promoveu mais de 60 eventos. Foram realizados
debates sobre relevantes temas de relações governamentais, política e negócios. Em junho,
promovemos um dos maiores e mais importantes eventos de relações governamentais do
país, o ConRelGov – Congresso de Relações Governamentais. Tivemos 13 painéis, 32 panelistas
e mais de 150 participantes nos dois dias de congresso. Este foi o primeiro congresso do
IRELGOV. O altíssimo nível dos debates e a repercussão entre os participantes ultrapassou
todas as expectativas.
Nesta edição da revista Diálogos fazemos um resumo sobre os temas e discussões realizados
no ConRelGov, mas ampliamos ainda mais os debates. Publicamos três artigos que dão
sequência a relevantes temas abordados no nosso Congresso. Incentivar essas discussões e
fazer provocações para o desenvolvimento das relações governamentais no Brasil é nossa
função.
Umas das propostas da diretoria do IRELGOV é o intercâmbio internacional. No mês de
setembro, entre os dias 15 e 25, realizaremos a nossa quarta missão internacional de estudo.
O destino será a China, a segunda maior economia do mundo e principal parceiro comercial
do Brasil. Será uma viagem inédita, pois o grupo poderá ver, in loco, a importância do trabalho
dos profissionais de rel gov no ambiente de negócios chinês. Convido a todos os leitores
interessados a realizarem sua inscrição. É uma oportunidade imperdível.
Ainda no tema do intercâmbio profissional, realizamos nossa segunda viagem de estudos a
Washington, DC, em maio, em parceria com a Amcham Brasil. Em julho do ano passado, outro
grupo viajou a Washington para conhecer como é feito o lobby na capital dos Estados Unidos.
Nossa primeira missão internacional foi para Bruxelas, centro administrativo e político da
União Europeia, em outubro de 2017. Seguimos acreditando na importância da troca de
experiências para a profissionalização da nossa profissão.
Agora, no segundo semestre, lançaremos nosso Guia de Melhores Práticas para o Profissional
de Relações Governamentais. O guia trará os procedimentos empregados por especialistas -
nacionais e internacionais, considerados referências na representação e defesa de interesses
junto ao poder público. Assim como o ConRelGov e nossas missões de estudo internacionais,
o guia deve se tornar um importante marco das relações governamentais do Brasil.
Boa leitura!
Raquel Araújo
Diretora de Comunicação do IRELGOV
Head de relações governamentais e Institucionais
di Blasi Parente & Associados
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DIÁLOGOS IRELGOV - AGOSTO de 2019
Agosto de 2019
Nessa edição
23
Gênero nas Relações
Governamentais
MERCADO
15
Congresso de Relações
Governamentais
EVENTOS
07
RADAR
Guia de Melhores Práticas
SUMÁRIO
04
RADAR
Missão Internacional à China
Editorial 02
ConRelGov – Competências, métricas e
responsabilidades
19
ConRelGov – O presente e futuro das relações
governamentais no Brasil
16
ConRelGov – Nova política 21
ConRelGov – Rel gov pode contribuir nas políticas
públicas
22
Artigo: Gênero nas Relações Governamentais 23
Artigo: Novas competências e perspectivas em
Rel Gov
39
Artigo: Rel Gov para gerar valor 35
Missão Internacional à China 04
Segunda viagem a Washington 06
Guia de Melhores Práticas 07
Anuário RIG 08
Associados do IRELGOV 10
Políticas públicas, governança e impactos 13
Desenvolvimento de KPI para Rel Gov 13
Comunicação e Rel Gov 14
Jantar de confraternização 14
Congresso de compliance 15
Mobilidade 15
Diplomacia e empreendedorismo 15
Radar
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Missão internacional à China
O IRELGOV promove sua quarta missão
internacional de estudos. O destino é a China. Os
participantes terão oportunidade de conhecer
como são feitos negócios e a importância das
relações governamentais na segunda maior
economia do mundo, onde o governo tem grande
influência na economia.
A Missão Internacional de Estudos à China
acontece entre os dias 15 e 25 de setembro.
Estão previstas visitas aos departamentos de
relações governamentais de empresas chinesas
e multinacionais, reuniões em órgãos estatais de
comércio e desenvolvimento, além de curso em
centros universitários de Pequim e Xangai. Todas as
atividades terão acompanhamento em português
e/ou inglês.
Inscreva-se enviando e-mail para irelgov@irelgov.
com.br. Informe empresa, cargo ou área de atuação,
e telefone de contato. As vagas são limitadas para
um melhor aproveitamento das atividades.
“Estamos no século do Pacífico, mas pouquíssimos
brasileiros têm qualquer experiência em
China, menos ainda na nossa área, de relações
governamentais. A viagem é atrativa para
diversos profissionais, não somente para
quem trabalha com relações governamentais
e relações internacionais”, comenta Larissa
Wachholz, especialista em China, sócia-
fundadora e conselheira do IRELGOV. Larissa é a
idealizadora da missão e comenta, abaixo, sobre
os conhecimentos que deverão ser adquiridos na
viagem.
Quais os principais objetivos da viagem?
Os participantes da missão vão conhecer relações
governamentais são realizadas na China, um país
complexo, grande e de sistema político muito
particular. Poderão aperfeiçoar suas técnicas
e conhecimentos de relações governamentais
internacionais, o que torna os profissionais mais
completos e aptos para trabalhar em diferentes
regiões do globo. Também queremos desmistificar
a visão dos executivos brasileiros sobre a China.
Quem sabe, depois dessa experiência inicial,
possamos despertar o interesse de mais brasileiros
em passar uma temporada na China.
< >
Radar
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A China tem um sistema político diferente
do brasileiro, com uma grande influência
estatal na economia. A forma de se promover
a interlocução público-privada deve ser
bem particular. Que tipo de aprendizado um
profissional brasileiro poderá ter na viagem?
A viagem tratará de temas essenciais para quem
tem interesse em relações governamentais
internacionais ou quer ter uma carreira
internacional. A China é a segunda maior econômica
do mundo e estamos no século do Pacífico, muito
mais centrado na Ásia. Será uma experiência rica
e uma oportunidade para se pensar em outros
modelos para nossa atuação como profissionais
de relações governamentais. Um dos aspectos que
caracteriza a administração pública chinesa, que
deve interessar muito os profissionais de relações
governamentais, é a capacidade de vislumbrar e
planejar o longo prazo. Os planos quinquenais são
exemplo disso. O governo estabelece as diretrizes
gerais do desenvolvimento econômico. Neste
sentido, é uma realidade diferente do Brasil. Nos
últimos 40 anos, desde o início do processo de
abertura da economia, a China conseguiu tirar300
milhõesde pessoas da pobreza e colocá-las na classe
média. É impressionante! A China tem muita coisa
para nos ensinar, especialmente uma abordagem
de longo prazo para as políticas públicas.
De que maneira esse conhecimento poderá se
materializar no cotidiano do profissional de rel
gov brasileiro?
Sobretudo abrindo o olhar dos profissionais
brasileiros a realidades diferentes. O profissional de
relações governamentais tem que ter a capacidade
de se adaptar a diferentes interlocutores e
situações. Ele precisa ter criatividade para levar
sua mensagem de forma inteligente, coerente e
consistente, independentemente com quem esteja
se comunicando. A experiência na China será um
exercício de flexibilidade e de adaptabilidade. Além
da interação com os chineses, os viajantes terão a
oportunidade de conversar com outros estrangeiros
que moram na China para entender como se
adaptaram ao trabalho na Ásia, o que certamente
exigiu deles ajustes na maneira de pensar e se
organizar. A missão poderá abrir a mente dos
participantes para diferentes modelos de trabalho
e mostrará como a defesa de interesses acontece
em realidades diferentes da nossa.
A missão será uma viagem de
estudos inédita para a China,
um país complexo, diverso e de
sistema político único. Vamos
ver como são feitas as relações
governamentais na segunda
maior economia do mundo.”
Larissa Wachholz
Sócia-fundadora e
conselheira do IRELGOV
< >
Radar
DIÁLOGOS IRELGOV - AGOSTO de 2019
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Segunda viagem a Washington
Foi realizada, entre os dias 6 e 10 de maio,
Missão Internacional de Relações Governamentais
a Washington. Foi a segunda viagem de estudo
promovida em parceria do IRELGOV com a Amcham
Brasil. A agenda de atividades nos cinco dias da
missão foi intensa, que incluiu curso customizado na
prestigiada The George Washington University (GWU),
com matérias sobre relações públicas estratégicas,
regulações, influência da mídia, estratégia digital,
campanhas de advocacy e gestão de ambiente
político. Os participantes também fizeram visitas
técnicas a instituições que são referências em temas
de advocacy, lobby, regulações, think tanks, além do
Congresso Americano.
“O curso ministrado pela GWU foi uns
dos pontos altos da missão. Através dele tivemos
contato com o que há de mais avançado em técnicas
de Rel Gov em um ambiente plural e dinâmico”,
avalia Roberta Moreno, sócia fundadora da iBureau.
Ela destaca a abordagem do tema de Advocacy
pelo professor Renard Aron, na aula Management
of the Sociapolitical Environment; as estratégias
digitais apresentadas por Matt Compton e Evan
Tracey, que mostraram elementos de comunicação
das campanhas eleitorais de Barack Obama e Hillary
Clinton; e a aula do professor Silverio Zebral Filho
que abordou o tema de Behavior Insights in Policy
and Politics, tema extremamente importante para o
RelGov atual, segundo Roberta.
O grupo fez visitas ao Albright Stonebridge
Group, agência de relações governamental e a
Pubblic Affair Council, onde discutiram como foi
a regulamentação do lobby nos Estados Unidos, à
Phillip Morris, onde discutiram práticas internacionais
de lobby de um setor polêmico como o tabaco, e a
Fiscal Note, para conhecer as principais ferramentas
para mitigar riscos e administrar impactos resultantes
de legislações e regulações, além de como organizar
campanhas, angariar e engajar apoiadores.
A agenda ainda incluiu reunião na
Eurasia, onde debateram o cenário político global
e as relações Estados Unidos, Brasil e China,
visita ao The Office of the United States Trade
Representative (USTR), agência especializada
em questões comerciais em todas as regiões do
mundo e a Embaixada do Brasil onde conversaram
com o embaixador Fernando Pimentel e o chefe
de comércio e investimentos Lucas Frota sobre as
relações bilaterais Brasil – Estados Unidos.
Os viajantes tiveram um jantar com David
K. Rehr, um dos principais defensores de negócios
do país, que ensina Advocacy e Lobbying na Schar
School of Policy and Government na George
Mason University. Ele é o CEO da TransparaGov,
Inc. e presidente da Fundação Educacional
TransparaGov. A visita ao Congresso Americano
foi acompanhada pelo professor Bob Carr. “Os
profissionais de Rel Gov estão em constante
busca de aperfeiçoamento e a missão é uma
grande oportunidade para ampliar o leque de
aprendizado e de relacionamentos”, resume
Roberta, que participou das duas edições da
missão a Washington realizadas em parceria do
IRELGOV com a Amcham Brasil.
< >
Radar
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Guia de melhores práticas
O IRELGOV lança no segundo semestre
o Guia de Melhores Práticas para o Profissional
de Relações Governamentais. A publicação
apresenta a legislação vigente, introduz os
procedimentos que vêm sendo empregados
por especialistas renomados da área, além
de práticas internacionais que se tornaram
referência para o desenvolvimento das
atividades de interlocução público-privada.
O guia não estabelece regras para atuação
profissional. “A intenção é que todos tenham
conhecimento da área e padrões para a atuação
ética e moral dentro dos limites já estabelecido
por legislações aplicáveis”, diz Fernanda Burle,
conselheira do IRELGOV e coordenadora do
guia.
Assim como não são estipuladas regras
para atuação profissional, a publicação não
sugere punições para quem não segue as suas
recomendações. “O guia apresenta as infrações
tipificadas pelo legislador brasileiro e as sanções
que são impostas pelo ordenamento jurídico
aos agentes que efetivamente cometem crimes
ao atuar fora dos limites estabelecidos”, explica
Fernanda.
O documento mostra que já existe
um arcabouço legal ao qual as relações
governamentais estão submetidas, que garante
sua legitimidade e que prevê punições para
quem comete desvios de conduta, mesmo sem
uma legislação específica que regulamente o
lobby no Brasil. “Apesar de o guia não ter sido
elaborado para opinar acerca da regulamentação
do lobby, ou não, no Brasil, ele pode acrescentar
importantes informações para a atuação dos
profissionais”, avalia Fernanda.
Para elaboração do documento foi
criado um grupo de trabalho que contou com
profissionais renomados no setor de relações
governamentais e com experiência em normas
de compliance e Códigos de Ética e Conduta.
O guia foi produzido a partir de pesquisas
de outros códigos e normas profissionais
que são referência em suas áreas, além de
pareces técnicos de órgãos do Governo
Federal, publicações ligadas à área de Relações
Governamentais, nacionais e internacionais, e
estudos elaborados por grandes pesquisadores.
A proposta do guia será
mostrar os reais benefícios que
as melhores práticas podem
proporcionar, com base em
condutas morais e éticas, e
como elas podem influenciar
no exercício da profissão
Fernanda Burle
Conselheira do IRELGOV
< >
Radar
DIÁLOGOS IRELGOV - AGOSTO de 2019
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Anuário RIG
O IRELGOV é um dos correalizadores
do Anuário ORIGEM, que trará o perfil dos
principais profissionais de relações institucionais e
governamentais (RIG) do país que atuam nas maiores
empresas privadas, entidades de classe setoriais
de âmbito nacional, consultorias especializadas
e escritórios de advocacia com essa atividade. A
publicação foi idealizada pela Consult-Master, LEC
e VITTORE Partners. Além do IRELGOV, o anuário
também em correalização da ABRIG e patrocínio
da Patri, Celuppi Advocacia, DiBlasi&Parente, ABIA,
ABRAINC, Distrito Relações Governamentais, M.
J. Alves e Burle Advocacy, Prospectiva e Reed
Alcântara Exhibitions.
Para a elaboração do anuário, foi realizada
ampla pesquisa com o objetivo de trazer dados
consolidados do mercado, como o número de
Radar
Pesquisa de comunicação
profissionais, estruturas organizacionais, atividades
realizadas internamente ou terceirizadas,
expectativas e desafios enfrentados, dentre outros
tópicos. Esse levantamento será atualizado a cada
edição, anualmente.
Para mais informações: CLIQUE AQUI
< >
O IRELGOV realizou em maio sua primeira
pesquisa de comunicação. O objetivo foi tentar
entender como a comunicação é percebida pelos
associados e colaboradores, bem como avaliar nossos
canais de comunicação. “Buscamos entender como
podemos nos comunicar melhor e como fazer nossa
mensagem ser transmitida de maneira mais eficaz”,
explica Raquel Araujo, diretora de comunicação do
IRELGOV. A pesquisa foi respondida por 50% dos
associados.
De forma geral, o IRELGOV foi avaliado
como bom comunicador nas mídias sociais. LinkedIn
e WhatsApp são os canais mais acompanhados pelos
associados, seguidos do site. O site é mais acessado
para informações sobre eventos e publicações,
além de um meio de conexão com os associados.
O WhatsApp, segundo a pesquisa, deve ser usado
para troca de informações técnicas (como notícias) e
divulgação de eventos, reduzindo menções político-
partidárias. Já a Revista Diálogos, é lida por mais de
80% dos entrevistados.
Em relação aos eventos, foi mencionada a
necessidade de maior pulverização, saindo do eixo São
Paulo/Brasília. Rio de Janeiro e Belo Horizonte foram
apontados como locais de interesse para realização
de eventos.
Dos respondentes, 47,7% foi em um a três
eventos do IRELGOV nos últimos 12 meses. Contudo,
27,7% foram a quatro ou mais eventos, enquanto
24,6% nunca foi a nenhum evento. As preferências de
formato são palestras e debates, em primeiro lugar
(83,1%), seguidos de eventos de networking (63,1%)
e workshops (55,4%).
“Os principais resultados da pesquisa nos
auxiliarão a aprimorar nossa comunicação a fim de
engajar todos nossos associados na nossa missão:
Dialogar para transformar. Meu muito obrigada pela
contribuição de todos que responderam a pesquisa”,
diz Raquel.
Radar
DIÁLOGOS IRELGOV - AGOSTO de 2019
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Queremos saber sua
opinião!
Seja sócio do IRELGOV
Fundado em 2014 o IRELGOV, primeiro
instituto de relações governamentais do
Brasil, é uma entidade sem fins lucrativos
que tem, como principal objetivo, elevar o
grau de profissionalismo, competência e
padrões éticos da atividade ao posicionar-
se como um Think Tank para a área.
O IRELGOV está estruturado em dois
pilares fundamentais – Reputação e
Educação – e nos princípios de legitimidade,
legalidade, transparência e boas práticas,
desenvolvendo informação e trazendo
conhecimento relevante para o dia a dia
do profissional de forma a fomentar o
diálogo entre os setores da economia e
compreender as tendências do mercado.
Quer mandar sugestões de temas para as próximas edições da Diálogos IRELGOV? Também
queremos saber sua opinião sobre os textos. Envie um e-mail para a Márcia: irelgov@irelgov.com.br
Com objetivo a promover o diálogo e
o livre debate sobre os temas relacionadas ao
desenvolvimento e reputação dos profissionais
de Relações Governamentais, melhores práticas,
desenvolvimento de políticas públicas e
mapeamento de stakeholders abrimos um grupo
de discussões no LinkedIn. Nesse espaço iremos
promover discussões, diálogos construtivos,
divulgação de ações e de cursos e projetos.
Esperamos que vocês, com suas sugestões, nos
ajudem em melhoria do ambiente das relações
governamentais. Junte-se ao grupo no link abaixo:
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Para ser associado IRELGOV, você pode entrar em contato conosco
por telefone: (11) 3995-5210 ou por e-mail: irelgov@irelgov.com.br.
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Associados do
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ABIQUIM – São Paulo/SP
Marina Martins Rocchi Mattar - Diretora
de Rel. Institucionais e Sustentabilidade
vel Pereira Batista Rêgo - Assessor de
Rel. Institucionais e Sustentabilidade
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de Rel. Institucionais e Sustentabilidade
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de Relações Públicas
ACTION RELAÇÃOES
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Mirian dos Santos Vaz - Sócia Dietora
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Guilherme Mendes Rennó Rosa - Sócio
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Sócio Administrador
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Chalita - Sócio Coordenador
CELUPPI ADVOGADOS
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Juliana Celuppi - Sócia/Diretora
Helena Romeiro de Araújo - Sócia
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Neto - Advogado Regional
Manuella Faria Bianchine
-Advogada Regional
DI BLASI, PARENTE &
ADVOGADOS ASSOCIADOS
– Rio de Janeiro/RJ
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Gabriel Di Blasi - Sócio administrador
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Araujo -Estrategista de Rel
Governamentais e Institucionais
DISTRITO RELAÇÕES
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Gabriela Ottoni Salomão -Analista Júnior
Rebeca Mota dos Santos - Estagiária
Laura Bonvini - Estagiária
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Gabriel Merheb Petrus - Diretor Executivo
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de Políticas Públicas
Leonardo Carmignani Barbosa
- Analista de Policy
INTELIGOV – São Paulo/SP
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Caldas - Sócio Diretor
Diogo Ferraz Jodar - Customer
Success Agent
Gabriela Paola Peixoto Pereira
- Executiva de contas
JEFFREY GROUP
BRASIL
– Brasília/DF
Rodrigo Pinotti Duarte - Managing
Director | Market Leader Brazil
Debora Pratali de Souza - Group
Director/Business Development
Fernando Henrique Carneiro
Teixeirense - Diretor de Grupo
Alexandre de Souza Mota -
Executivo de Contas Sênior
Leonardo Martins de Araújo -
Diretor de Atendimento
LILLY – São Paulo/SP
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de Assuntos Corporativos
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Corporativos & Regulatório
M. J. ALVES E BURLE – Brasília/DF
Fernanda de Albuquerque
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Leandro Modesto Coimbra - Sócio
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Bernhard J. Smid - Diretor
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E CONSULTORES
– Brasília/DF e SP
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Braga - Advogada
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de Serviços Jurídicos
MSD – São Paulo/SP
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de Assuntos Corporativos
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Rel. Governamentais e Comunicação
Kleber Santos -Gerente de
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NOVO NORDISK BRASIL
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EMPRESAS
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André Bortoluci Vicente - Diretor
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Gustavo Rodrigo Bonini - Diretor de
Assuntos Institucionais e Governamentais
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Danilo Amaral de Oliveira
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- Diretor de Produto
Frederico Amaral de Oliveira
- Diretor de Operações
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Molina - Gerente de Contas
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Rel. Inst. e Governamentais
Karoline Lima dos Santos Pereira -
Analista de Rel. Inst. e Governamentais
Nayara Duarte Gonçalves - Assistente
de Rel. Inst. e Governamentais
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Lucas Carvalhedo Silva -
Presidência Institucional
TOZZINIFREIRE ADVOGADOS
– São Paulo/SP
Claudio Coelho de Souza Timm - Sócio
TRENCH, ROSSI E WATANABE
ADVOGADOS
– São Paulo/SP
Mauricio Caixeta Novaes - CEO
Henrique Kruger Frizzo - Sócio
Heloisa Barroso Uelze - Sócio
VALLYA – Brasília/DF
Larissa Wachholz -Sócia
João Pedro Boskovic Cortez - Sócio
VOLKSWAGEN DO BRASIL
– São Bernardo/SP
Antônio Megale - Diretor
Assuntos Governamentais
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Rel. Governamentais
PROFISSIONAIS
ADRIANA SOUZA BENATTI
ALBERTO DO AMARAL OSORIO
BUENO – Concordia
ALESSANDRA MARTINS GUALBERTO
RIBEIRO – Tauil Chequer Advogados
ALESSANDRA ROMANO GRANGEIRO –
Companhia Siderúrgica do Pecém – CSP
ALEXANDRE AMISSI GARCIA
SILVEIRA – Dow Química
ANA CAROLINA LACERDA TIMPONI – CNI
ANA CLAUDIA GONÇALVES
PAIS – Yara International
ANA MARIA DA SILVA
NASCIMENTO – Union Immigra
ANDRÉ COELHO MENDONÇA
ELER – Bites
ANDRÉ COSTA BORBA – Arko Advice RJ
ANDRÉ GIANNI DUTRA
RIBEIRO – Estudante
ANDRÉ MACEDO DE OLIVEIRA – BMA
Advogados e docente na UNB
ANDRÉA CRISTINA OLIVEIRA
GOZETTO – Docente da FGV
ANDREA FABRINO HOFFMANN FORMIGA
– Perman Advogados Associados
ANDRÉA MARIA MEIRELLES
DE MENEZES – SABS
ANDREA VERISSIMO LOPES DE
ALMEIDA – Avelã Public Affairs
ÂNGELA BATISTA DE OLIVEIRA – Abraceel
ANGELA TAVARES REHEM DE
AZEVEDO – Libertas Consultoria
ANNA PAULA DE CARVALHO LOSI
DE OLIVEIRA – BCW–Global
ANSELMO AKIRA TAKAKI – Unilever
ANTÔNIO (NEWTON GALVÃO)
CESAR JR. – Fresenius–Kabi
ARMANDO DE QUEIROZ MONTEIRO
BISNETO – Mattos Engelberg Advogados
BEATRIZ DIB NAMI – Estudante
BRUNA MONTEIRO RODRIGUES
DA COSTA – Estudante
BRUNO PERMAN FERNANDES –
Perman Advogados Associados
CAIO LEONARDO BESSA RODRIGUES
– Mattos Engelberg Advogados
CAMILA DE SOUZA SALVATORE – iBureau
CAMILA PASCHOAL – Apex–Brasil
CARLOS EDUARDO CABRAL DE LIMA –
Instituto Brasileiro da Cachaça – IBRAC
TILO BRZERSKI CÂNDIDO
– ABRALATAS
CHRISTIAN BAINES – 99 App
CIBELE LEITE PERILLO FERREIRA – Raízen
CIBELE MARQUES SANTIAGO
DE OLIVEIRA – Alesp
CINTHIA BATTILANI – Nike
CREOMAR LIMA CARVALHO DE SOUZA
– Universidade Católica de Brasília
DANIEL MOURAD MAJZOUB
– HMP Attorneys
DIEGO ZANCAN BONOMO – CNI
DIOGO WAKAZIKA – PWC
EDGARD NOVUCHY PEREIRA USUY
– Integra Inteligência Política
EDUARDO ARAUJO RAMOS
– Jornalista/Estudante
EDUARDO RIBEIRO GALVÃO – ABIMAQ
EDUARDO SARAIVA CALDERARI – Roche
EGON LUÍS SCHADEN JÚNIOR – M &
Queiroga – Relações Institucionais
ELIANE SILVEIRA LAPA – Alelo
EMANOEL TAVARES COSTA
JUNIOR – RUMO
ERIK SASDELLI CAMARANO –
BioMarin Brasil Farmacêutica
EVANDRO DO CARMO GUIMARÃES
– IREE – Instituto para Reforma das
Relações entre Estado e Empresa
FABIANA CAVALHERI PARAJARA – Bites
FABIANE CUNHA LAZZARESCHI
– Atvos Agroindustrial
FABIANO MACHADO DA ROSA – Petri
& Machado da Rosa Advocacia
FABIANO RANGEL – Leão Alimentos   
FÁBIO A. RIBEIRO DE LIMA RUA – IBM
FABIOLA HELENA FARIAS MATHIAS
DE TARSO - Governo do Estado
de São Paulo - Fundo Social SP
FERNANDO BENJAMIM
BUENO – Demarest
FERNANDO CARELI DE
CARVALHO – Bimbo Brasil
FERNANDO RABELO RIBEIRO
– Fundação BRAVA
FLÁVIO CHANTRE – Braskem
FLÁVIO MOURA FÉ LIMA – Faith
Relações Institucionais e Compliance
GIOVANI TRINDADE CASTANHEIRAF.
< >
DIÁLOGOS IRELGOV - AGOSTO de 2019
Associados doAssociados do
12
E 2 3 4 51
MENICUCCI – BMA Advogados
GUILHERME ATHIA – Atlântico
GUILHERME CANIELO DE
ARAÚJO – ABRALATAS
GUSTAVO JOSE MIANO
BONORA BISCASSI
HELGA PAULA FRANCO MEUSER – Nestlé
ISABELA DIAS SATURNINO
MELHADO – TOTVS
ISABELLA MARTINS DO
CARMO – ISA CTEEP
JOÃO MARQUES DA FONSECA NETO –
EMDOC Serviços Especializados Ltda
JOÃO PAULO ORSINI MARTINELLI
– Florêncio Filho e Camargo
Aranha Advogados
JOSÉ FERNANDO LATORRE
FILHO – Latorre Advogados
JOSÉ GABRIEL ASSIS DE ALMEIDA
– J. G. Assis de Almeida
JUAN CARLOS THOMPSON – ILAR
– Associação Latino–americana de
Medicamentos isentos de Prescrição
JULIANA AIROSA VILLANO – BASF
JULIANA GIRARDELLI VILELA – Vilela,
Motta & Andrade Advogados
KELLY CRISTIANE AGUILAR
– MSD Farmacêutica
LAERCIO CHAVES MARTINS – KCI Brazil
LEONARDO DE ARAÚJO –
Samsung Electronics
LÍGIA ROMANELLI ORTIZ – WTC São Paulo
LUCAS MASTELLARO BARUZZI –
International Visitor Leadership Program
LUCAS PARREIRA LORINI – Consulado
Geral Britânico em São Paulo
LUCIANA MASELLI FURQUIM
DE ALMEIDA – Estudante
LUCIANO INÁCIO DE SOUZA – Cescon,
Barrieu, Flesch & Barreto Advogados
LUCIANO PEDREGAL DE CASTRO LIMA
LUCIEN BERNARD MULDER
BELMONTE – Associação Brasileira
das Indústrias de Vidro – ABIVIDRO
LUIS PEDRO CAUDURO FERREIRA
– Dana Holding Corporation
LUIZ FERNANDO VISCONTI – Visconti
Law – Legal & Public Affairs
MANOEL FERNANDES – Bites
MARCELO TOREZAN – Vertex
Farmacêutica do Brasil ltda
MÁRCIA REGINA MOSCATELLI
– Ultragenyx
MÁRCIO RAFAEL MARQUES
BARBOSA MACIEL – ABERT
MARCOS VINÍCIOS VALENTIM
LIMA – FreitasLeite Advogados
MARIANA GUIMARÃES BORBOREMA
BRAGA – Mattos Filho
MARIANA SANTOS DE CASTRO – Vector
Relações Governamentais e Institucionais
MARINA BARKI ALVES DOS
SANTOS – Concordia PAS
MARINA BERTUCCI FERREIRA
– Pinheiro Neto Advogados
MÁRIO FERREIRA CAMPOS
FILHO – SIAMIG
MARIO SERGIO RAMALHO
– RM CONSULT
MARTUS ANTÔNIO R.
TAVARES – Bunge Brasil
MICHELLE ANNE SHAYO
TCHERNOBILSKY – Owens–Illinois
MILENA MARTINS OLIVEIRA – Cosan
MIRNA LARISSA WACHHOLZ
CABRAL – Vallya
MOACIR C. FURTADO JUNIOR – ESSILOR
NADIA ALI EL HAGE –
Unichem Farmacêutica
OLÁVIO PEREIRA GOMES –
Secretaria de Previdência Social
do Ministério da Fazenda
OTHAVIO PAULINO DA COSTA
PARISI – AUTOPASS S/A
PAULO EDUARDO DE CAMPANTE
SANTOS - Abrasem
PAULO GONÇALVES HOMEM – Raízen
PAULO MASSI DALLARI – 99app
PEDRO AVELLAR VILLAS–BÔAS – MJ
Alves e Burle Advogados e Consultores
PEDRO HARTFIEL PEREIRA – BRF S.A.
PIERO MONTEIRO SIAL - Mesquita,
Verçosa e Monteiro Sial Advocacia
RAFAEL BERNARDI SILVA – Bernardi,
Koch, Ferrario & Aguiar Advogados
RAFAEL FREITAS MACHADO –
Machado, Leite & Bueno Advogados
RAUL CURY NETO – Vittore Partners
REBECA DE SOUZA LEÃO
ALBUQUERQUE – Navarro
Prado Advogados
RENATA DE PAIVA PUZZILLI COMIN
RICARDO DE SABOYA ROCHA
MIRANDA – Ocesp – Organização
das Coop. do Estado de SP
RICARDO WAHRENDORFF CALDAS
ROBERTA MORENO CIRILO A.
STANISCIA – Intelligence Bureau
ROBERTA SAYURI KURUZY –
ABEVD–Associação Brasileira de
Empresas de Vendas Diretas
ROBERTO CARLOS DE ALMEIDA –
ROBERTO CARSALADE QUEIROGA – M
& Queiroga Relações Institucionais
ROCHELLE RICCI – Machado Associados
RODRIGO FERREIRA VICENTE – CAIXA
RODRIGO LUÍS PUPO – MPA Trade Law
RODRIGO NAVARRO DE ANDRADE
– Marster–Consulting e FGV
RODRIGO OTAVIANO VILAÇA
– FGV Transportes
RUTH BATISTA CRUZ
QUEVEDO – Cielo SA
SAMUEL DA SILVA LEMOS
– Philip Morris Brasil
SÉRGIO AUGUSTO CAVALHEIRO
FERREIRA – Mani Holdings
SERGIO FERREIRA DOS SANTOS
SÉRGIO OLIVEIRA VILALVA RIBEIRO
– Prefeitura Municipal de Salvador
SHIRLEY EMERICK DUTRA
– Odebrecht S.A.
SILENE TOGNOLI GALATI MONETA – Nike
SUELMA ROSA DOS SANTOS
– Dow Química
TACYRA OLIVEIRA VALOIS
NERY – ABBOTT
TAIS MENDES – Grupo Uol/PagSeguro
THAIS MARÇAL RODRIGUES
MATIAS – Grupo Globo  
THIAGO SILVA DE CARVALHO – Petrobrás
VALERIA CORA ROSSI – ExxonMobil
VALERIA MANDIA CAFE – IBGC
VANDER ALOÍSIO GIORDANO – Multiplan
VANESSA DORATIOTO
DAMO – Estudante
WAGNER AUGUSTO DE GODOY MACIEL
– Godoy Maciel Advocacia e Consultoria
WANDERLEY FALCAO TEIXEIRA
MORENO – WGlobal Comunicaçōes
WILLIAN TADEU GIL –
Sodexo Pass do Brasil
< >
Eventos
DIÁLOGOS IRELGOV - AGOSTO de 2019
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Políticas públicas, governança e
impactos
Desenvolvimento de KPIs para
Rel Gov
Metodologias para medir os impactos
das ações de relações governamentais foi tema
da palestra de Ana Rita González, fundadora da
Policy Wisdom, uma das principais consultorias
globais em Policy Health, realizada no dia 11
de julho, na sede do Instituto Brasileiro de
Governança Corporativa (IBGC), em São Paulo.
Metas precisam ser previstas no planejamento
estratégico. Ana Rita diz que não existe uma
metodologia padronizada para definição de
KPIs em rel gov e ela admite que demonstrar
para os superiores o progresso das ações é
uma tarefa difícil. Porém, a demonstração de
impactos financeiros e econômicos, como por
exemplo, receitas obtidas ou custos evitados
pelo resultado do trabalho de relações
governamentais, são parâmetros de mais fácil
compreensão.
Erika Nassar, Fabiana Rodopoulos, Kélvia
Albuquerque, diretoras de programa da Secretaria
Executiva do Ministério da Economia, discutiram, em
11 de abril, em Brasília, os impactos regulatórios,
a governança pública e as avaliações de políticas
públicas. As palestrantes alertaram para a necessidade
da participação colaborativa da sociedade civil
no processo de análise de impactos por meio de
audiências públicas. O evento ocorreu no auditório
da CNA (Confederação da Agricultura e Pecuário
do Brasil) e teve mediação de Eduardo Galvão,
fundador do Pensar RelGov e professor de Relações
Governamentais e de Políticas Públicas e associado
do IRELGOV. “A gestão de políticas está sendo
transformada. E mais, nos deram confiança em dias
melhores, em políticas mais eficientes e de um Estado
que dialoga para transformar”, escreveu Galvão, em
artigo publicado no site Congresso em Foco.
< >
Eventos
DIÁLOGOS IRELGOV - AGOSTO de 2019
14
E 2 3 4 51
Comunicação e Rel Gov
“Para uma atuação completa em relações governamentais é imprescindível olhar para a
comunicação”, afirmou Juliana Celuppi, diretora de relações institucionais do IRELGOV, durante debate na
22ª edição do Congresso Mega Brasil de Comunicação, em 28 de maio, em São Paulo. “Trabalhamos de forma
umbilical com a comunicação a ponto de termos uma pessoa de comunicação na minha área”, contou Fábio
Rua, diretor de relações governamentais e políticas públicas da IBM Brasil. “O que aproxima as relações
governamentais com a comunicação é a transparência”, afirmou Marcos Borges, gerente executivo de
assuntos legislativos da Confederação Nacional da Indústria (CNI). Segundo Fernando Teixeirense, group
director de public affairs da JeffreyGroup em Brasília, que mediou o debate, o processo de comunicação
mudou e as empresas e entidades ainda estão tateando para saber o que vai acontecer, principalmente no
Congresso Nacional.
O mercado das relações governamentais
e a regulamentação do lobby foram os temas do
jantar realizado em 24 de maio, em Brasília, com
associados e amigos do IRELGOV. Foram discutidos
alguns pontos do substitutivo que deve ser levado
ao plenário da Câmara sobre a regulamentação do
lobby e o modelo chileno de agenda centralizada
e transparente que deve ser adotado pela
administração pública federal. A percepção de muitos
dos participantes do jantar foi a necessidade de um
maior envolvimento dos profissionais no debate das
regras para a atividade, pois eles destacaram entre
as preocupações o risco de uma “cartorização”,
limitação da atuação dos profissionais e aumentos
Jantar de confraternização
dos custos. Apesar de muitos entenderem que a
regulamentação não seria necessária, o processo
traz vantagens, especialmente, na legitimação e
diminuição do estigma da atividade.
< >
Eventos
DIÁLOGOS IRELGOV - AGOSTO de 2019
15
E 2 3 4 51
Congresso de compliance
Bruno Perman, presidente do IRELGOV,
participou de um painel que discutiu a gestão de
crises corporativas no primeiro dia do 7º Congresso
Internacional de Compliance, da LEC, em São
Paulo. Perman destacou a importância do plano
estratégico em relações governamentais como
componente para a gestão de crise corporativa
eficiente, situações que comprometem a imagem
e reputação e afetam os negócios das empresas.
Todos os públicos e stakeholders, inclusive agentes
públicos, precisam ser contemplados nas ações de
contenção de danos.
A profissão de relações governamentais
além dos impactos regulatórios foi o tema
da palestra de Raquel Araujo, diretora de
comunicação do IRELGOV, no Seminário
Mobilidade Global, realizado em 22 de maio
no Rio de Janeiro. O debate teve mediação de
Cristina Madsen, gerente Geral da Westhead
Visas & Solutions. O evento foi promovido
pela Câmara de Comércio e Indústria Brasil-
Alemanha do Rio de Janeiro (AHK Rio). O
seminário aconteceu no escritório da Mattos
Filhos Advogados.
Mobilidade
Diplomacia e Empreendedorismo
Kelly Aguilar, conselheira do IRELGOV, e Juliana Celuppi, diretora de relações institucionais
do IRELGOV, deram aulas sobre tema política e relações governamentais no curso de pós-graduação
em Diplomacia e Empreendedorismo Corporativo do Instituto de Relações Internacionais e
Comércio Exterior (IRICE) e da FIA Business School. Conselheiros, diretores e associados do
IRELGOV tiveram participação em outras aulas do curso.
< >
ConRelGov
DIÁLOGOS IRELGOV - AGOSTO de 2019
16
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O presente e futuro das relações
governamentais no Brasil
As relações governamentais estão vivendo
um momento especial e, talvez, de inflexão
no Brasil. Uma conjunção de fatores trouxe a
representação e defesa de interesses junto ao
poder público para discussão em diversos setores
da sociedade. Temos um governo que propõe uma
agenda econômica liberal, com maior participação
e espaço para a inciativa privada, o que abra novas
janelas de interlocução com o poder público.
Projetos de lei e decretos tramitam no Congresso
Nacional e na Controladoria-Geral da União (CGU)
para regulamentação do lobby em diferentes
esferas de governo.
Também estão na pauta reformas
estruturantes importantes, como a da Previdência
e Tributária, que mobilizam diversos setores
econômicos e sociais nos corredores de Brasília.
Inclusive, por causa da reforma da Previdência,
nunca a palavra lobby esteve tão presente na
mídia nacional. Se antes o termo era associado
(erroneamente) a ações negativas, o movimento
de sindicatos de servidores e outras categorias
profissionais mostrou que não são somente
empresas que fazem lobby. A sociedade viu, na
prática, que a defesa de interesses é uma atividade
legitima e exercida por qualquer grupo, entidade ou
empresa que é impactado por mudanças em políticas
públicas ou regulamentações governamentais.
A área de relações governamentais
já tinha experimentado um impulso nos
últimos anos, com um aumento na procura por
profissionais qualificados e empresas estruturando
departamento para fazer a interlocução com o
poder público, mesmo em segmentos que não têm
contratos com governos. A conjuntura política e
econômica deve favorecer ainda mais o crescimento
do mercado para profissionais de rel gov.
Dentro desse cenário promissor, mas
que ainda enfrenta o desafio de desmistificar
as atividades de relações governamentais e
ressignificar a palavra lobby, uma centena de
Congresso de Relações Governamentais reuniu profissionais, professores,
pesquisadores e agentes públicos para debater os desafios do setor
< >
Ricardo Young, Bruno Perman e Carlos
José Santos da Silva na palestra de
abertura do ConRelGov
ConRelGov
DIÁLOGOS IRELGOV - AGOSTO de 2019
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profissionais se reuniram durante dois dias, em
São Paulo, para discutir e refletir sobre o presente
e o futuro das relações governamentais no Brasil.
Nos dias 13 e 14 de junho, no hotel Grand Mercure
Ibirapuera, o IRELGOV promoveu seu primeiro
Congresso sobre relações governamentais
realizado em parceria com a Blueprintt. O evento
teve patrocínio da Patri Políticas Públicas, da Di
Blasi, Parente & Associados e do Sigalei.
O Congresso de Relações
Governamentais (ConRelGov) abordou os temas
mais relevantes da área, como a regulamentação
do lobby, compliance, combate à corrupção,
mensuração de resultados de rel gov, aplicação
de tecnologia e capacitação profissional,
entre outros importantes assuntos ligados ao
planejamento estratégico de empresas e do
poder público. Bruno Perman, presidente do
IRELGOV, no painel de abertura do ConRelGov,
ressaltou a legitimidade da atividade de relações
governamentais na construção de políticas
públicas equilibradas e falou sobre importâncias
que as empresas e entidades estão dando para os
profissionais no seu planejamento estratégico e
no gerenciamento de riscos.
A realização do Congresso está alinhada
com os objetivos e valores do IRELGOV. O
instituto é o primeiro think tank brasileiro
dedicado à discussão e reflexão sobre as relações
governamentais. O IRELGOV tem como objetivo
elevar o grau de profissionalismo, competência
e padrões éticos das atividades de relações
governamentais no país, de modo transparente e
informativo à sociedade brasileira.
Apesar do esforço para valorizar as
relações governamentais que entidades como
IRELGOV tem feito, assim como em vários países,
a sociedade brasileira tem uma percepção
negativa sobre a representação e defesa de
interesses junto ao poder público e sobre o lobby.
Essa imagem foi sendo deteriorada pela revelação
de casos de relações ilícitas entre governo e
empresas. “O lobby não tem qualquer relação
com atos de corrupção, que são crimes”, afirmou
Carlos Cajé Santos da Silva, presidente do CESA -
Centro de Estudos das Sociedades de Advogados.
Ele defende a obrigatoriedade da agenda de
compromissos dos agentes públicos como forma
efetiva de coibir delitos e crimes e aumentar a
transparência nas relações com o poder público.
Os profissionais de Rel Gov devem ser
persistentes para mudar as relações dos agentes
da sociedade com o governo, recomendou
Ricardo Young, presidente do Instituto Ethos. “A
integridade é fundamental para o estabelecimento
de relações governamentais saudáveis, que
pressupõe transparência, propósito, espírito
público e comprometimento com a coisa pública”,
disse Young.
Bruno Perman, presidente do
IRELGOV, ressalta a legitimidade
da atividade de relações
governamentais na construção de
políticas públicas equilibradas
< >
ConRelGov
DIÁLOGOS IRELGOV - AGOSTO de 2019
18
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“Os lobistas precisam fazer lobby do lobby”,
afirmou Cátilo Cândido, presidente da
Abralatas, durante painel sobre a importância da
reputação para o futuro do setor. Esta foi uma
discussão que surgiu em diversos momentos
do ConRelGov. Houve certo consenso que o
setor precisa se mobilizar de forma organizada
para mudar a reputação da atividade do lobby,
independentemente da regulamentação
da atividade ou da mudança do nome para
relações institucionais e governamentais (RIG).
Esse, inclusive, é um dos pilares da atuação do
IRELGOV, que é atuar na melhoria da reputação,
valorizando a profissão por meio do diálogo
com os legítimos interesses da sociedade e
do governo. Um dos pontos que precisam ser
melhorados nas ações de lobby do lobby é a
comunicação, afirmou Fábio Rua, diretor de
relações governamentais e políticas públicas
da IBM América Latina. “Se a gente não sabe se
comunicar bem, a culpa é nossa”, provocou.
Além dos desafios externos, para mostrar
para a sociedade a legitimidade das relações
governamentais, os profissionais enfrentam
também desafios internos para mostrar para suas
próprias empresas e entidades a importância
das suas atividades para gerenciamento de
riscos, mitigação de efeitos negativos de
mudanças regulatórias e melhoria do ambiente
de negócios.
O envolvimento da alta direção das
empresas com relações governamentais é
fator fundamental para fortalecer o seu
papel estratégico, recomendou Demetrius
Ferreira e Cruz, superintendente de relações
governamentais da Seguradora Líder – DPVAT.
OS DESAFIOS EXTERNOS E INTERNOS DOS PROFISSIONAIS
João Henrique Hummel, diretor executivo da
Frente Parlamentar da Agropecuária, diz que as
ações de relações governamentais e articulação
política tem que ter envolvimento da sociedade,
de forma transparente, mas pragmática. Na
interlocução com o poder público, o profissional
precisa ressaltar quais os impactos sociais
das demandas que estão sendo discutidas. “A
sociedade precisa ser chamada e envolvida no
debate”, diz Hummel.
A importância da reputação para o futuro do setor: Fabio
Rua, Andréa Gozetto e Cátilo Brzeski Cândido
Papel estratégico da área de Relações Governamentais:
Larissa Wachholz, Demetrius Ferreira e Cruz e João
Henrique Hummel
< >
ConRelGov
DIÁLOGOS IRELGOV - AGOSTO de 2019
19
E 2 3 4 51
Competências, responsabilidades e
métricas de resultados
A adoção de métricas para medir o impacto
das atividades de relações governamentais é tema
central nas discussões entre os profissionais, mas
não existe consenso sobre quais são as melhores
metodologias e os padrões mais adequados. Esse
assunto foi abordado, direta e indiretamente,
em alguns painéis do Congresso de Relações
Governamentais (ConRelGov). Um consenso foi
que não existe um único método de medição, pois
a realidade de cada organização é diferente, as
estruturas dos departamentos variam e o impacto
de mudanças regulatórias ou da legislação afetam os
setores de formas diversas. No entanto, também foi
unânime que a adoção de KPIs (sigla do termo inglês
key performance indicator, que significa indicador
chave de desempenho) é importante para mostrar
a importância das relações governamentais nas
estratégias dos negócios e para valorizar o trabalho
das equipes de rel gov.
“Não existe solução de prateleira”, disse
Eduardo Galvão, fundador do Pensar RelGov e
professor do Ibmec. Segundo ele, a empresa deve
adotar indicadores próprios, mas duas variáveis são
matéria prima do trabalho de qualquer trabalho de
relações governamentais, que devem ser avaliados
em toda metodologia: políticas públicas e influência.
Como as políticas públicas impactam os negócios e
quais ações estão sendo realizadas para influenciar
o poder público e outros stakeholders precisam ser
contemplados nos relatórios de resultado.
O uso de tecnologias digitais tem criado
novas metodologias para avaliar o resultado
das ações e estratégias de influência de atores
públicos. Manoel dos Santos, professor doutor
da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG),
apresentou técnicas que estão sendo aplicadas
na avaliação do impacto do lobby. Entre as
metodologias está a aplicação de um algoritmo
desenvolvido pelo Google que mede o resultado de
anúncios online no comportamento de consumo,
mas que está sendo usado parava avaliar o resultado
de ações de lobby nos Estados Unidos.
KPIs, habilidades e perfis dos profissionais de relações governamentais foram
amplamente debatidos durante o Congresso
< >
Suelma Rosa, Eduardo Galvão e
Michel Neil na palestra sobre KPIs
ConRelGov
DIÁLOGOS IRELGOV - AGOSTO de 2019
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E 2 3 4 51
Michel Neil, sócio-diretor da Patri Políticas
Públicas, ressalta que as equipes precisam criar
relatórios que adotem a mesma linguagem de
outros departamentos da empresa. “Os KPIs
precisam se adaptar aos indicadores da empresa”,
afirma. Neil fez uma provocação no início da sua
palestra e comentou que existem profissionais que
preferem não adotar indicadores ou usar métricas
que são pouco compreendidas pela companhia para
não serem avaliados ou não dar satisfação sobre o
seu trabalho.
Soft skills
A aplicação de métricas de resultados é uma
das competências exigidas pelo mercado de trabalho.
Os profissionais de relações governamentais
precisam de habilidades para enfrentar os novos
desafios na maneira como são tomadas as decisões
públicas e stakeholders mais diversos. Segundo
Rodrigo Navarro, coordenador do MBA da FGV, entre
elas estão análise de big data, uso estratégico das
redes sociais, intuição estratégica e visão holística.
Essas características possibilitam o
profissional ter uma percepção mais ampla do
ambiente político e de negócios e identificar
riscos e oportunidades para as organizações. Uma
das competências exigidas é o conhecimento
de compliance. O relacionamento com agentes
públicos acaba sendo um ponto sensível nas
políticas de integridade devido aos precedentes
negativos verificados no Brasil nos últimos anos,
especialmente, do impacto negativos na reputação
de companhias. “Ninguém conhece melhor o sistema
de compliance que vocês [profissionais de relações
governamentais]. Vocês sabem no detalhe o que não
pode ser feito”, afirmou Benny Spiewak, coordenador
da área de compliance e saúde da LEC - Legal, Ethics
e Compliance,
O conhecimento da dinâmica e uso das redes
sociais é outra competência cada vez mais valorizada
na área de rel gov. Empresas e o poder público
precisam estar atentos e monitorar continuamente
as mídias sociais para prevenir e gerenciar conflitos,
mas também para identificar oportunidades para
influenciar a opinião pública. Bruno Hoffmann,
consultor político e presidente do Clube Associativo
dos Profissionais de Marketing Político (CAMP),
disse que muitas entidades continuam priorizando
o Facebook para divulgação de informações e
campanhas digitais, mas o YouTube tem sido cada
vez mais utilizado, principalmente pelos mais jovens,
e o whatsapp praticamente substituiu o e-mail na
comunicação direta.
Eduardo Pugnali, secretário executivo de
comunicação do Governo do Estado de São Paulo,
contou que as redes sociais são muito importantes
para entender quais devem ser as prioridades na
gestão pública. A compreensão das mensagens que
veem da população por meio da rede possibilita o
tomador de decisão pública ações mais embasadas.
Equipes de rel gov
As competências exigidas do profissional
também dependem do momento do negócio da
empresa, afirma Arthur Liacre, vice-presidente
de public affairs e sustentabilidade Brasil da
Mosaic. Há fases nas quais se exige um trabalho
mais intenso de articulação política, com contatos
diretos com parlamentares, agentes públicos e
órgãos de controle. Porém, há momentos em que a
< >
Como estruturar uma área de Rel Gov: Juliana Celuppi,
Arthur Liacre, Gustavo Carneiro e Suelma Rosa
ConRelGov
DIÁLOGOS IRELGOV - AGOSTO de 2019
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NOVA POLÍTICA
A “nova política” adotada pelo Planalto tirou da
agenda o lobby do governo junto ao Congresso
Nacional, afirma Leonardo Barreto, cientista
político e sócio-proprietário da consultoria
Capital Político. As propostas são colocadas pelo
governo, mas sua negociação para aprovação
fica por conta dos parlamentares. Essa nova
configuração dá mais espaço de poder para o
Congresso, mas também diminui a possibilidade
de dividir responsabilidades de decisões e
resultados ruins. Essa menor presença do
Executivo na tramitação dos projetos abre
espaço para atuação dos profissionais de relações
governamentais para levar pautas e questões da
sociedade, avalia Fernanda Burle, conselheira do
IRELGOV.
Também dentro desse “vácuo”, o presidente da
Câmara, Rodrigo Maia, está prestigiando e dando
protagonismo aos deputados, dando espaço
empresa precisa priorizar ações junto à sociedade
civil, com ONGs, universidades e associações de
classe.
Devido a essa dinâmica, para composição
das equipes de rel gov a palavra-chave é diversidade.
“O perfil dos integrantes da área é diverso”, disse
Suelma Rosa, diretora de relações governamentais
da Dow. O perfil do profissional vai acabar
variando de acordo com a agenda que está sendo
desenvolvida pela empresa naquele momento.
* Para mais informações sobre as competências e perfis dos profissionais de relações governamentais
leia os artigos “Gênero nas Relações Governamentais”, “Novas competências e perspectivas em Rel Gov” e “Rel
Gov para gerar valor” publicadas nesta edição.
para liderar projetos e serem articuladores
de grandes temas, explica o deputado federal
Vinicius Poit, que participou do painel. Manoel
Fernandes, conselheiro do IRELGOV e diretor da
Bites, durante painel sobre formação de políticas
públicas e campanhas em redes sociais, alertou
que existe atualmente uma nova configuração de
poder em Brasília. “Existe uma nova cartografia
do poder e os mapas precisam ser revistos”,
afirmou.
Organizações de todos os portes
têm se estruturado para ter estratégias de
relações governamentais, pois perceberam que
decisões públicas podem ter impacto direto nos
resultados ou mesmo na viabilidade dos seus
negócios. No processo de implementação de
uma nova área, para as empresas pequenas e que
não têm nenhuma experiência e conhecimento,
consultorias e parcerias são alternativas,
ressaltou Gustavo Carneiro, coordenador da
Frente Parlamentar da Agropecuária.
< >
Desafios no novo Congresso: Fernanda Burle, Leonardo
Barreto e Vinicius Poit
ConRelGov
DIÁLOGOS IRELGOV - AGOSTO de 2019
22
E 2 3 4 51
Rel Gov pode contribuir em
melhorias da gestão pública
A iniciativa privada tem espaço na sugestão
de melhorias na gestão pública e na adoração de
procedimentos que aumentem a eficiência do
Estado. Uma das iniciativas apresentadas durante o
Congresso de Relações Governamentais (ConRelGov)
foi o projeto de modernização do Estado brasileiro.
Márcia Luiza de Amorim Oliveira, secretária especial
de Modernização do Estado, afirma que esse processo
ocorre de portas abertas para os profissionais de
relações governamentais. “Vocês sabem quais são
os problemas, mas também as soluções. Quando nos
procurarem, e nos levem sugestões de soluções, pois
essa será uma construção conjunta”, afirma Márcia
Luiza.
A secretaria especial tem atuação transversal
com todos os ministérios e profissionais de rel gov estão
convidados para levar demandas, mas principalmente,
sugestões de soluções para questões envolvendo
serviços públicos. A meta de todas as ações de
modernização e que o Brasil salte da posição 109 para
50 no ranking do Banco Mundial dos melhores países
para fazer negócios.
“O papel do gestor público é inovar,
transformar as dificuldades em oportunidade”, afirma
Fillippo Scelza, subsecretário de cooperação com o
setor tecnológico e iniciativo da Secretaria de Estado
da Ciência, Tecnologia e Inovação do Rio de Janeiro. O
subsecretário conta que o governo tem adotado uma
atitude proativa para se aproximar com as empresas
e iniciativa privada como um todo para discutir e
construir uma agenda pública conjunta.
Os governos devem adotar métricas para
medir a performance da eficiência e eficácia dos
serviços públicos, afirma Gabriel Di Blasi, advogado
e conselheiro do IRELGOV. “O principal indicador,
para todas as áreas públicas, deve ser a qualidade
dos serviços”, diz Di Blasi. Ferramentas de gestão da
iniciativa privada também podem ser adotadas pelos
governos para, além de implementar medidores de
performance, melhorias consistentes de eficiência e
qualidade dos serviços públicos.
Iniciativa privada tem espaço para sugerir mudanças ou adoção de práticas que
melhorem eficiência e qualidade do servido público
Para implantar um círculo virtuoso
no combate à corrupção espera-
se que seja feito o lobby, não o
“shadow lobby”, afirma Márcio
Dennys Pessanha Gonçalves,
diretor de prevenção e corrupção
da Secretaria de Transparência
e Prevenção à Corrupção da
Controladoria-Geral da União
(CGU). Segundo o diretor, as
relações entre a sociedade
e o poder público devem ser
pautadas pela confiança, ética
e transparência, convergindo
para os interesses comuns.
< >
Artigo
DIÁLOGOS IRELGOV - AGOSTO de 2019
23
E 2 3 4 51
Gênero nas Relações
Governamentais
Em 2018, a Pensar RelGov atualizou os dados da pesquisa “O Perfil do Profissional
de Relações Governamentais”, realizada em 2015. Para essa atualização, foram entrevistados
265 profissionais da área. Os resultados obtidos nos permitem analisar diversas questões,
entre elas: gênero, nível hierárquico, grau de instrução e remuneração dos indivíduos
entrevistados.
Nossa amostra é composta por 58,1% de profissionais do gênero masculino e
41,9% do gênero feminino. É relevante pontuar que essa proporção é inversa a encontrada
na população brasileira, composta por48,5% de homense51,5% de mulheres (1). No quadro
retratado por nossa amostra há 16% de homens a mais atuando em Relações Governamentais
do que mulheres.
Artigo
Gráfico 1 – Profissionais de RIG por gênero
Fonte: Pensar Relgov, 2018.
A pesquisa “Estatísticas de gênero — Indicadores sociais das mulheres no Brasil”,
divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) realizada em 2016, traz
informações que nos permite comparar o panorama que apreendemos entre os profissionais
de Relações Governamentais e a população brasileira. De acordo com a pesquisa, 23,5% de
mulheres brancas maiores de 25 anos de idade possuem ensino superior completo. Homens
possuidores das mesmas características perfazem 20,7%.
Andrea
Gozetto
Manoel
Santos
Eduardo
Galvão
Bruno
Pinheiro
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Notadamente há mais homens do que mulheres nessa área e, isso talvez ocorra por
ser uma atividade muito relacionada à política, campo historicamente ocupado por homens.
Cotidianamente, as profissionais de relações governamentais enfrentam situações
constrangedores no exercício da atividade. Ambientes eminentemente masculinos, decisores
que não as consideram, a princípio, como as detentoras de maior nível hierárquico e piadas
sexistas infelizmente são situações mais comuns do que o desejado.
Cargos, hierarquia e gênero
Não se observaram diferenças muito substanciais quanto ao nível de instrução
dos profissionais dos gêneros masculino e feminino. No entanto, quando nos debruçamos
sobre os dados relacionados a nível hierárquico, podem-se perceber as mesmas distorções
encontradas na população brasileira. Segundo a pesquisa do IBGE, as mulheres continuam
ocupando menos cargos de liderança — somente 37,8%.
O gráfico abaixo mostra que há uma maioria masculina no cargo de estagiário/trainee
e as mulheres são maioria nos cargos de assistente e analista. Porém, quando começamos a
subir na hierarquia, as mulheres perdem espaço. Note-se que à exceção do cargo de gerente,
que é ocupado de forma paritária, todos os demais cargos do extrato superior da hierarquia
organizacional são ocupados predominantemente por homens.
Gráfico 2 - Número de profissionais por ocupação de cargo e gênero.
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Importante registrar que nos cargos de diretoria, a presença feminina não chega a
um terço dos postos ocupados. Por fim, e não menos significativo, registre-se que a amostra
traz 3 respondentes que afirmaram ocupar cargos de presidente (1) e vice-presidente (2). Não
há mulheres ocupando esses cargos na amostra aqui analisada.
Esses números nos deixam ver como a área de Relações Governamentais reproduz a
realidade social em que vivemos. Observemos a presença de mulheres em níveis hierárquicos
mais altos na vida pública: (i) dos 22 ministros indicados pelo governo Bolsonaro, apenas duas
são mulheres; (ii) temos apenas uma governadora eleita; (iii) as sete senadoras eleitas em
2018 representam apenas 13% dos eleitos para o cargo; (iv) na Câmara dos Deputados, a
bancada aumentou, passando de 51 para 77 deputadas, o que representa apenas 15% dos
parlamentares (2); (v) nos partidos políticos, as mulheres ocupam poucos cargos de liderança,
constituindo apenas 20% dos dirigentes nos órgãos nacionais. Dos 35 partidos políticos
que concorreram às eleições em 2018, 4 contam com presidentes mulheres: Luciana Santos
(PCdoB), Laís Garcia (Rede); Renata Abreu (Podemos) e Gleisi Hoffman (PT) (3).
Capacitação e gênero
Em Relações Governamentais, 100% dos homens e mulheres entrevistados
possuem graduação; 29% das mulheres entrevistadas possuem apenas graduação; 3,6%
possuem cursos de extensão; 46% possuem especialização; 19% possuem mestrado e 2,8%
possuem doutorado.
Entre os homens, os números não são muito diferentes. 33,11 possuem apenas
graduação; 47% possuem especialização; 12,98% possuem mestrado; 2,59% possuem cursos
de extensão e 2,7% possuem doutorado.
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Artigo
Percebe-se, que as mulheres, têm um nível de capacitação um pouco superior a
dos homens. Na percepção delas, a capacitação é a forma de se igualarem na disputa com
os homens num cenário que percebem ser desfavorável a elas, já que os homens teriam
vantagem na disputa por cargos.
Remuneração e gênero
Quando analisamos a remuneração dos profissionais de Relações Governamentais,
observa-se certa disparidade entre homens e mulheres. No entanto, estamos trabalhando
com uma medida de faixa salarial, na qual o profissional indicava onde se encontrava a sua
remuneração, de acordo com a escala abaixo:
Faixa Intervalo de valor
1 Menor que R$ 2.500,00
2 Entre R$ 2.500,00 e 5.000,00
3 Entre R$ 5.000,00 e 7.500,00
4 Entre R$ 7.500,00 e 10.000,00
5 Entre R$ 10.000,00 e 12.500,000
6 Entre R$ 12.500,00 e 15.000,00
7 Entre R$ 15.000,00 e 17.500,00
8 Entre R$ 17.500,00 e 20.000,00
9 Entre R$ 20.000,00 e 30.000,00
10 Entre R$ 30.000,00 e 40.000,00
11 Acima de R$ 40.000,00
O gráfico abaixo mostra a distribuição do número de profissionais por gênero nessas
faixas salariais. Note-se que em todas as faixas salariais temos mais profissionais homens que
mulheres. Ou seja, de certa forma, o viés de acesso à profissão, que verificamos acima, se
distribui por toda as faixas salariais. Contudo, a distribuição de homens e mulheres dentro de
uma mesma faixa salarial não é homogênea, e isso revela a injustiça na remuneração.
Gráfico 2 – Distribuição dos profissionais por faixa salarial
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Se tomarmos como referência a faixa salarial de R$ 7.500,00 a R$ 10.000,00, vemos
que a distribuição de vagas entre homens e mulheres não é desproporcional. Aqui temos 31
postos de trabalho, sendo 15 ocupados por mulheres e 16 por homens. Nesta faixa salarial
estão empregadas quase uma mulher para cada homem. Contudo, a inspeção de outras faixas
salariais mostra o quão perverso é o mercado para as mulheres.
Tomemos como referência, por exemplo, os mais altos salários. Dos 7 postos de
trabalho na faixa entre R$ 30.000,00 e R$ 40.000,00, temos praticamente dois homens para
cada mulher. Na faixa acima de 40.000,00, o número é bem parecido.
O gráfico abaixo traz a distorção de forma mais clara, medida pela proporção
mulheres/ homens em todas as faixas salariais. Note-se que à medida que vamos avançando
nas faixas salariais, a linha de tendência mostra que vai diminuindo a proporção de mulheres
em relação aos homens. Só em uma das faixas salariais as mulheres aparecem em número
superior aos dos homens, a faixa entre R$ 20 e 30 mil. Mas a tendência é inequívoca.
Gráfico 3 - Proporção mulheres/homens por faixa salarial
A linha de tendência, pontilhada, traz uma estatística bastante interessante.
Trata-se do decréscimo médio que devemos esperar a cada mudança de faixa salarial (o Y da
equação). Essa estatística indica que a cada faixa salarial que avançamos, devemos esperar,
em média, que a proporção mulheres/homens caia 0,03. Isso significa dizer que depois de
avançarmos 10 faixas, devemos esperar ter, em média, quase um terço a menos de mulheres
ocupando essas faixas salariais mais altas.
Mas, claro, não é só o gênero que determina o salário. Concordamos plenamente.
Outras variáveis como escolaridade, idade, tempo de trabalho, experiência anterior,
qualificações, tudo isso importa. Mas é possível estimar o custo de ser mulher nesse mercado.
Para saber o quanto do salário é realmente determinado pela profissional ser mulher, vale a
pena olhar a estatística R2 no gráfico. Ela deve ser interpretada como a estatística que mede
a capacidade de explicação do modelo. Como nosso modelo só tem uma variável, gênero,
em palavras simples podemos dizer que a variável gênero explica 23% da variação da faixa
salarial dos profissionais de Relgov. Ficando o restante da variação por conta daquilo que não
estamos medindo. Ou seja, é bastante plausível que a probabilidade de uma profissional de
Relgov avançar de uma faixa salarial para outra seja afetada em 23% simplesmente porque
ela é mulher, independentemente de suas qualificações ou quaisquer outras vaiáveis nas
quais estejamos pensando.
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A discriminação percebida no Brasil também pode ser sentida nos Estados Unidos.
Uma pesquisa realizada pela WGR – Women in Government Relations (Mulheres em Relações
Governamentais) sobre as tendências de carreira para as profissionais que trabalham nesta
área mostrou que as mulheres que trabalham com Relações Governamentais recebem 0,68
cents para cada 1 dólar pago aos profissionais do gênero masculino. No entanto, por lá há
uma tendência de aumentos reais dados às mulheres, pois há um trabalho em curso para
eliminar essa diferença (4).
Apesar de ainda não haver uma organização nos moldes da WGR, há movimentos
nesse sentido. As profissionais de Relações Governamentais já criaram o Relgov por Elas,
grupo de mulheres que tem como objetivo investir em networking e mentoring e outros
grupos estão surgindo.
Podemos concluir que, além de haver mais homens do que mulheres trabalhando
na área de Relações Governamentais, para as mulheres as chances de contratação, disputa
por cargos e remuneração elevada é mais difícil, ainda que, de forma geral, elas tenham maior
capacitação. No lobby, como em outras atividades, andar de salto alto é bem mais difícil.
Ainda há muito espaço para outros estudos sobre gênero para que possamos
entender profundamente em que medida o mercado de relações governamentais reproduz
ou não as injustiças praticadas contra as mulheres no mercado de trabalho em geral. Em
se confirmando essa tendência, muito há por fazer, pois essas injustiças não se revertem
naturalmente.
Referências
[1] Fonte: PNAD-C (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua), 2016. Disponível em:
https://educa.ibge.gov.br/jovens/materias-especiais/materias-especiais/20453-estatisticas-de-genero-
-indicadores-sociais-das-mulheres-no-brasil.html#subtitulo-1. Acesso em 10/07/2019.
[2] Fonte: https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2018/10/08/com-sete-senadoras-eleitas-ban-
cada-feminina-no-senado-nao-cresce
[3] Fonte: https://politica.estadao.com.br/noticias/geral,mulheres-sao-minoria-nas-cupulas-dos-parti-
dos,70002881815
[4] Fonte: https://exame.abril.com.br/negocios/dino/relacoes-governamentais-passam-por-transforma-
coes-e-atraem-mais-mulheres/
Andréa Gozetto é coordenadora do MBA em Relações Governamentais da FGV e sócia diretora da
Gozetto e Associados
Eduardo Galvão é executivo e professor de Relações Institucionais e de Políticas Públicas no Ibmec e
no UniCEUB. Fundador do Pensar RelGov. Autor dos livros Fundamentos de Relações Governamentais
(2016); Relações Governamentais e Investimentos (2017) e Relações Governamentais e Inovação (2018)
Manoel Leonardo Santos é cientista político. Professor do departamento de ciência política da
Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Diretor do Centro de Estudos Legislativos (CEL) e do
Centro de Estudos Latino Americanos (CELA) da UFMG
Bruno Pinheiro é economista e doutorando em Ciência Política na Universidade Federal de Minas Gerais
(UFMG).
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Novas competências e
perspectivas em Rel Gov
Sempre que solicitado por alunos e profissionais sobre uma definição para a
atividade de Relações Institucionais e Governamentais (RIG), gosto de citar que ela é um
somatório de 3 elementos: network, experiência e conhecimento específico.
A partir dos anos 90, quando essa área começou a ganhar relevância em função
dos muitos processos de privatização (e.g. setores de siderurgia, energia, telecomunicações,
rodovias), a tendência era de buscar executivos para essas posições que tivessem uma ampla
rede de contatos. Assim, não raro era ver indicados para posições-chave em muitas empresas
privadas exmembros de empresas estatais ou de diferentes esferas de Governo, com o intuito
de que os escolhidos fossem mais adequados ao perfil por saberem “abrir portas” em função
de suas atividades anteriores e conhecimento de pessoas neste ou naquele setor.
Ter bons contatos sempre foi – e será – importante na área de RIG, mas aos poucos
outra variável começava a ser também visada pelo mercado: experiência. Com frequentes e
cada vez mais rápidas mudanças trazida por cenários turbulentos, conhecidos como ambientes
VUCA – Volatile (Volátil), Uncertain (Incerto), Complex (Complexo) e Ambiguous (Ambíguo),
houve a busca por executivos que já tivessem lidado em suas carreiras com situações críticas
ou desafiadoras, como enfrentar uma crise reputacional; um lançamento de produto/serviço
inédito, em larga escala ou polêmico; ou a alteração de um ambiente regulatório de forma
a adequá-lo às necessidades de uma empresa ou setor. Aqui não se trata exclusivamente
de experiência ser sinônimo de senioridade: hoje em dia temos jovens que já passaram por
muitos desafios como o de lançar uma nova empresa (com sucesso ou não) ou trazer para o
mercado modelos inovadores de negócio cuja regulamentação nem ainda exista.
O terceiro componente, conhecimento específico, pode ser entendido como as
muitas competências (o Ministério do Trabalho lista 91 delas na CBO – Classificação Brasileira
de Ocupações de RIG) que esse profissional precisa ter desenvolvidas para exercer essa
complexa atividade de maneira otimizada. Se hoje já são muitas, outras competências vêm
sendo agregadas nesse conjunto, como veremos mais adiante. Também fazem parte desse
componente aquelas informações específicas relacionada à empresa e o setor (ou setores)
onde atua, o que resulta em um vasto conjunto de dados que o profissional de RIG tem de
absorver, de forma crescente e contínua.
Assim, em um esforço de autoanálise periódica nesse contexto, aqueles que lidam
com RIG devem estar prontos a responder: (i) como está sua rede de contatos (em termos de
quantidade e qualidade)?; (ii) que casos de sucesso (e fracasso) significativos têm pra contar?;
e (iii) que conhecimentos tem agregado recentemente?
Rodrigo
Navarro
Raul Cury
Neto
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Artigo
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Novas Capacitações
Com formação acadêmica diversa e sendo demandado para atuar junto a diferentes
áreas temáticas, o profissional de RIG é um verdadeiro “Especialista em Generalidades” ou
um “Generalista em Especialidades”. Os cursos de pós-graduação e de curta graduação,
provenientes de diversas instituições, vieram nos últimos 5 anos trazer uma vasta gama de
possibilidades de capacitação complementares, como Estratégia, Negociação, Comunicação
Corporativa, Gestão de Projetos, Processo Legislativo, Tributação, Comércio Exterior, Análise
de Riscos e Cenários, Direito Regulatório, dentre muitas outras.
A essas competências “tradicionais”, somam-se agora outras que estão sendo
demandadas de forma crescente do profissional de RIG em função de especificidades e do
dinamismo do mercado. Alguns exemplos:
Visão holística. Cada vez mais necessário levar em consideração, nas
interações com os diferentes níveis de Governo, os fatores tangíveis
(como geração de empregos e investimentos) e intangíveis (por exemplo,
ineditismo da ação, impacto social)
Soft skills: conexão, empatia, imagem. Comunicação interpessoal é
uma habilidade que o profissional de RIG tem de desenvolver de forma
contínua, especialmente quando atualmente temos interações com alto
nível de diversidades como gênero, faixa etária e cultura.
Capacidade de co-criação de valor percebido. A geração unilateral de
valor está sendo paulatinamente substituída pela criação conjunta de
valor que seja efetivamente percebido por todas as partes envolvidas. Nas
interações com múltiplos interlocutores (stakeholders), é fundamental
essa avaliação, focando nos reais e potenciais interesses que estão por
detrás das posições que as partes estão trazendo à mesa.
Análise big data. Sendo literalmente inundado por informações das mais
diversas, o tempo todo, ao invés de ir contra essa tendência o profissional
de RIG deve buscar desenvolver “filtros”, de maneira a selecionar o que
é essencialmente relevante para a defesa de determinado interesse, por
exemplo. Uma forma de fazer isso é aplicar o processo que chamo de OD2P
– Opiniões, Dados, Diagnóstico, Propostas. Considerando as primeiras
impressões ou (O)piniões sobre o tema, trazer (D)ados (e.g. embasamentos
técnicos, benchmarks), para se ter um (D)iagnóstico do que está sendo
discutido/analisado; na sequência, desenvolver (P)ropostas factíveis que
possam ser adequadamente aplicadas ao tema.
Entendimento sobre métricas. Uma pergunta frequente que vemos em
salas de aula, palestras e workshops é: como devemos medir os (muitos)
feitos obtidos pela área de RIG? A resposta é simples: utilizando as mesmas
métricas, metodologias e ferramentas que são utilizadas pelas demais
áreas da empresa/organização (Navarro, 2019, 2017). Ou seja, se as áreas
de Marketing, Finanças e RH utilizam em suas medições e comunicações
o Balanced Score Card (BSC), por exemplo, a área de RIG deve também
fazer as devidas adaptações para mensurar e comunicar seus feitos nas
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Artigo
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Artigo
4 dimensões trazidas por essa ferramenta. Se são definidos KPIs (Key
Performace Indicators) qualitativos ou quantitativos, o mesmo deve ser
feito pela área de RIG. Do contrário, poderá ficar a (ainda constumeira)
sensação de que que “ninguém sabe nem entende o que aquela área faz”.
Um ponto importante nesse processo é lembrar que se a própria área de
RIG não fizer esse esforço, nenhuma outra área por ela o fará.
Uso estratégico de Redes Sociais. O cuidado no uso profissional e pessoal
das muitas redes sociais disponíveis é chave atualmente, pois lida, ainda
que indiretamente, com imagem e reputação. Uma avaliação criteriosa
deve preceder o que – e quando – postar opiniões, manifestações, piadas,
etc.
Gestão do tempo. Essa competência até poderia estar no rol das
competências “tradicionais” anteriormente citadas. Porém, vale a reflexão
de que, se o tempo como denominador é o mesmo de sempre, o numerador
da importante fração da produtividade vem crescendo exponencialmente.
Em outras palavras, temos de lidar com muito mais atividades hoje que
outrora, no mesmo tempo. E isso demanda disciplina e técnica. Queira-se
ou não, estamos na era do “tudo ao mesmo tempo agora”.
Saber compartilhar o conhecimento. Por vezes, ainda encontro alguns
“profissionais” que acham que, se informação é poder, isso significa
que quanto mais informação eu reter, mais poder terei. Essas pessoas
esquecem que vivemos na era da informação e assim conhecimento
compartilhado é conhecimento multiplicado, não dividido. Em RIG, é
particularmente importante esse movimento, pois lidamos de forma
transversal com muitas áreas e temas, e proporcionalmente as equipes
são pequenas (quando não são do tipo “one man/woman show”).
Intuição estratégica. O conceito de inovação estratégica é muito bem
explorado por Duggan (2013), mostrando que podemos trazer de forma
sistemática novas soluções olhando “para trás”, ou seja, buscando em
experiências similares passadas, recentes ou não, paralelos que podem
ajudar a resolver questões enfrentadas no presente. Em RIG, essa
competência pode ser muito útil, em uso combinado com outras aqui
listadas, como visão holística, co-criação de valor e análise big data.
Linking the dots. Para fechar essa lista de exemplos de novas competências
em RIG, uma que talvez seja das mais importantes hoje em dia. Saber
“ligar os pontos” significa desenvolver a capacidade de prestar atenção
e armazenar pontos chave de situações que, a princípio, podem não
ser muito relevantes, mas que mais à frente, combinadas com outras
informações e vivências, podem resultar em novas ideias, perspectivas e
oportunidades. Tal como a competência anterior, essa é uma competência
que traz sinergia com várias outras aqui listadas e, assim como qualquer
competência, demanda tempo para ser desenvolvida, agrega valor e é
difícil de ser imitada.
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Perspectivas de Carreira em RIG
A consequência de tantas competências serem exigidas do profissional de
RIG se reflete no mercado. Por exemplo, se examinarmos o interessante site https://
willrobotstakemyjob.com/ vemos que especialistas em políticas públicas e cientistas políticos
não precisam se preocupar. Essas atividades, segundo o site, têm (conforme acesso em
julho/19) apenas 18% e 4%, respectivamente, de chance de serem conduzidas por robôs nas
próximas duas décadas.
Abordagens lúdicas à parte, fato é que o mercado de RIG está sofrendo uma
transformação, com vários fatores contribuindo para isso. Com o aprofundamento recente
da preocupação das empresas com Compliance, em função dos acontecimentos políticos e
escândalos de corrupção, a área passa de uma função de “relacionamento” com o Governo
para um papel estratégico, com ações estruturadas e pautadas em maior transparência,
desempenhando um papel fundamental no diálogo entre iniciativa privada e pública. E
isso traz uma significativa mudança no perfil dos profissionais que serão demandados pelo
mercado.
Em termos de perfil pessoal, dentre outras qualificações, o mercado busca
profissionais que apresentem ética (qualquer ação, negociação e tomada de decisão
representando a empresa deve ser pautada na transparência); diplomacia (entendida como
habilidade para construir uma rede de relacionamento sustentável); persuasão (ou seja, poder
de influenciar e engajar stakeholders internos e externos); liderança (construção de alianças
em toda cadeia de interlocutores, para todos os projetos); flexibilidade (uma vez que esse
profissional lida com diversos perfis e níveis de stakeholders, tendo de ser maleável no trato
com diferentes públicos); e resiliência/criatividade (essenciais em processos de mudança e
resistência quanto ao atingimento de objetivos).
Do ponto de vista técnico, as principais atribuições que o mercado demanda hoje,
dentre outras, incluem:
Boa formação acadêmica: Direito, Comunicação, Relações Públicas, Relações
Internacionais, Administração e Engenharia aparecem como as principais;
Inglês e/ou Espanhol (este para posições que incluam América Latina) fluentes;
Conhecimento profundo do cenário político;
Conhecimento do negócio e segmento(s) no qual(is) a empresa/organização
está inserida;
Saber mapear os principais stakeholders externos e internos;
Familiaridade com ferramentas digitais de monitoramento de legislação e
agendas;
Pensamento estratégico desenvolvido para construção dos melhores caminhos
para execução dos projetos e defesas dos interesses da empresa/organização;
Habilidade para a construção de relacionamento, comunicação e representação
da empresa/organização perante o poder Executivo (todos os níveis),
Legislativo (todos os níveis) e Órgãos Reguladores pertinentes;
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Entendimento da mecânica de participação em Entidades de Classe Setoriais;
Atuação (histórico), em qualquer hipótese, dentro dos mais rigorosos padrões
de Compliance e transparência (incluindo padrões internacionais).
Finalmente, em termos de estruturas de áreas de RIG, há vários formatos que as
empresas/organizações têm utilizado, sem um “padrão” específico (para uma visão
mais detalhada desse ponto no caso de multinacionais operando no Brasil ver
Navarro, 2019b):
Modelo da área de RIG Comentários
Sob os cuidados do Head do Jurídico
(podendo ser Diretoria ou Gerência).
Modelo de estrutura mais ultrapassado e
que vem desaparecendo no mercado.
Sob os cuidados de um Head de Assuntos
Corporativos (podendo ser Diretoria ou
Gerência.
Modelo de estrutura mais frequente e
atual, onde o Head também é responsável,
na maioria dos desenhos, pelas áreas de
Comunicação, Sustentabilidade e Relações
Sociais. Em algumas estruturas a titulação
desse Head é de Vice-Presidente.
Sob os cuidados de um Vice-Presidente que
além de Assuntos Corporativos também
acumula outras áreas como Jurídico e
Compliance.
Modelos de estruturas menos frequentes e
mais pontuais.
Cadeiras autônomas de Relações
Governamentais (podendo ser VicePresidência,
Diretoria Sênior, Diretoria ou Gerência).
Modelo bastante encontrado no mercado,
onde todas as outras funções com as
mencionadas acima são pares e principais
stakeholders.
O Head da área de Relações Governamentais
também acumula a área regulatória.
Modelo utilizado em segmentos altamente
regulados.
O Head de Relações Governamentais
acumula outras funções específicas como
Market Access, Health Economics, Pricing,
Patient Advocacy e Regulatório.
Modelo utilizado no segmento farmacêutico.
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Conclusão
Os impactos da transformação da área de RIG e do perfil desse profissional
são muitos, e o mercado, que está nesse momento se aquecendo, com crescimento nas
contratações, está reconhecendo isso mediante valorização em termos de hierarquia de
cargos e salários.
Uma pesquisa que será apresentada em agosto deste ano no ORIGEM – 1° Anuário
de Relações Institucionais e Governamentais do Brasil, irá trazer mais dados consolidados
sobre esse mercado, além do perfil dos principais profissionais em atuação na área de RIG em
empresas, entidades de classe de âmbito nacional, consultorias especializadas e escritórios
de advocacia que têm essa atividade.
De qualquer forma, podemos afirmar que a atividade de RIG sofrerá mudanças
profundas tanto em sua essência, como em seus processos, mas continuará sendo altamente
estratégica e demandará cada vez mais profissionais capacitados.
Rodrigo Navarro é Coordenador do MBA em Relações Governamentais da FGV
Raul Cury Neto é Sócio da VITTORE Partners
Referências
Duggan, W. (2013). Creative Strategy: a handbook for innovation. New York: Columbia University Press.
Navarro, R. (2017). Relações Governamentais Estratégicas – Versão Ampliada – 2ª Ed. Clube de Autores.
Navarro, R. (2019a). A Strategic Holistic Approach for Government Relations: The SGR Framework. The
International Journal of Business & Management, Vol. 7, Issue 3, pp. 1–16.
Navarro, R. (2019b). Highlights on How Multinational Companies Operating in Brazil Organize Their
Government Relations’ Areas. The International Journal of Business & Management, Vol. 7, Issue 4, pp.
186–198.
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Artigo
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Relações Governamentais
para gerar valor?
Sergio Pauperio
Serio Filho
Em um mundo onde a única constante é a mudança em um ritmo cada vez mais
acelerado, os desafios para uma organização ser capaz de florescer em seu mercado tornam-se
cada vez mais ilimitados. Questões tradicionais do ambiente de negócios como concorrência,
tributação, inovação e acesso a mercados ganham cada vez mais complexidade.
Este contexto cria um desafio para que as empresas de todos os tamanhos, revejam
suas posições tradicionais frente as relações com o governo. Em pesquisa publicada em 2010,
a consultoria em gestão McKinsey, estimou que até 30% dos ganhos de uma indústria podem
ser impactados pelas ações do governo (Nuttall e Sandoval, 2010).
Seria então normal deduzir que uma estratégia eficaz de relacionamento com
o governo passasse, cada vez mais, a fazer parte da agenda de todos os altos executivos,
na busca de minimizar riscos ou explorar oportunidade, organizando suas relações com o
governo tão cuidadosamente como fazem em outras funções estratégicas de seus negócios.
No entanto, a realidade nos mostra que ainda são raras as organizações que promovem
mudanças significativas em suas estruturas e processos de relações governamentais na busca
por capturar mais valor (Musters et al., 2013). Ainda há muito preconceito, baixa compreensão
por parte das lideranças empresariais, e uma percepção que o trabalho é feito nas sombras,
sem uma clareza do real resultado das ações.
Neste sentido, o objetivo principal deste artigo é apresentar alguns elementos
que auxiliem as organizações a criar estruturas internas dedicadas a construção de um canal
de comunicação de via de mão dupla com o governo, de maneira estratégica, estruturada,
integrada, transparente e capaz de medir seus resultados.
Ao levar em consideração os elementos que apresentamos aqui, será possível
transformar a função de relações governamentais em um catalizador de diferenciação
competitiva para a organização.
Relões governamentais importam
A criação e sustentabilidade das vantagens competitivas é o desafio para os gestores
e pesquisadores em estratégia empresarial (Caldeira, 2016). Empresas com diferenciais claros
tendem a crescer mais do que outras e conseguem perpetuar seu crescimento.
A questão é que este consagrado conceito de gestão empresarial fica muitas vezes
restrito a questões voltadas para a busca de um produto superior ou serviço de altíssima
qualidade.
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Artigo
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Não há como negar a importância de questões como preço, valor agregado,
atendimento, etc., porém, muitas vezes o diferencial competitivo da empresa pode
derivar do fato desta possuir capacidades distintas, ou seja, excelência em processos de
negócios mais amplos, como por exemplo, o gerenciamento de processos críticos para
organização e o gerenciamento do relacionamento com stakeholders.
Governos, agências reguladoras e legisladores são stakeholders que têm o
poder de mudar condições fundamentais do jogo econômico de setores e mercados. Este
poder passa pela possibilidade de mudanças fundamentais na estrutura de setores, seja
pela ameaça aos recursos que são fonte de vantagem competitiva, seja por aumentar ou
diminuir a ameaça de produtos substitutos ou novos entrantes (Caldeira, 2016). Os mesmos
efeitos podem ser observados em questões do ambiente interno das organizações, como
por exemplo mudanças na legislação trabalhista, alteração de incentivos fiscais ou até
mesmo novas regras de atendimento no pós-venda.
Como resultado, a importância das questões políticas para a competitividade
das organizações, vem sendo cada vez mais reconhecidas e, apesar de não ser um vetor
de vantagem competitiva direta, a função de relacionamento com o governo é um
catalizador indireto e transversal na construção e manutenção de vantagens competitivas
nas organizações. Isto ocorre uma vez que suas ações podem minimizar riscos e gerar
oportunidades que afetam produtos, processos, concorrência, relacionamento com os
clientes e com colaboradores.
Como estruturar uma área de relações governamentais para gerar vantagem
competitiva
1) Alinhar a estratégia de relações governamentais a estratégica de negócios
da organização
Quanto mais distantes e ambíguos os laços da área de relações governamentais
com os altos executivos da organização, maior o risco de perder o contato com questões
comerciais e estratégicas importantes. Manter a alta administração a par da evolução, e
engajada nos assuntos acompanhados pela área de relações governamentais é crucial.
Para evitar perder oportunidades ou não mapear potenciais riscos, a empresa deve ver a
relação entre os executivos e a atividade de relações governamentais como uma via de
mão dupla, aumentando as chances de obter vantagem competitiva a partir das relações
governamentais ao escolher o projeto certo, aproveitá-lo ao máximo, e, sobretudo,
mensurar o impacto da atividade para os negócios da organização.
2) Romper preconceitos
Segundo Nuttall, R. & Sandoval, S. (2010), 76% dos executivos consideraram
que sua empresa possuía uma boa imagem frente aos reguladores, porém menos de 1/4
afirmou que suas ações de influência são bem-sucedidas.
Há diversos elementos que ao sobrepor a percepção de retorno potencial para
organização, impede que haja investimento em equipes dedicadas e especializadas para
realizar as articulações e relacionamento com o governo ou para delegar a função sem
exercer acompanhamento adequado. Entre eles, é possível elencar: (i) percepção pouco
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clara sobre os resultados obtidos pela atividade, (ii) estigma de marginalidade que envolve
a atividade de lobby, (iii) falta de entendimento de como se faz relações governamentais
e (iv) questionamentos sobre a legitimidade e transparência da atividade.
Enfrentar este tipo de preconceito não é fácil, pois envolve mudar um mindset
estabelecido na visão empresarial. Desta forma, implantar processos, como por exemplo
reports das atividades, workshops com especialistas ou estruturar comitês temáticos
internos, para desafiar crenças e abordagens arraigadas, é a atitude mais eficiente para
quebrar esta barreira.
3) A estrutura organizacional da área deve estar alinhada ao modelo de
negócios da organização
Estrutura organizacional é o elemento fundamental para que uma empresa
mantenha o foco nos seus objetivos. Não existe um modelo perfeito que todas as empresas
possam seguir. Isso quer dizer que a estrutura organizacional deve ser definida em linha
com a estratégia de negócios das organizações, levando em consideração o modelo de
negócio no que tange ao seu grau de regulação pelo governo e às demandas específicas
que serão geradas para a área.
Quando estabelecida de maneira adequada, a estrutura organizacional,
proporciona: identificação das tarefas necessárias; organização das funções e
responsabilidades, informações, recursos e feedbacks aos participantes; medidas de
desempenho compatíveis com os objetivos e condições motivadoras (Perrotti, 2004).
Por seu perfil transversal, e muitas vezes contar com um reduzido tamanho, é
comum que a área de relações governamentais, quando formalizada, varie de localização
na estrutura organizacional. Porém, o correto posicionamento, pode ser determinante
para a capacidade da mesma em gerar valor para a organização.
4) Relações governamentais é investimento e não custo
Independentemente da denominação da área (assuntos corporativos,
relações institucionais, assuntos externos, políticas públicas, etc.) as melhores
organizações certificam-se de que essas estruturas se destaquem na análise econômica
e no engajamento das partes interessadas, não as restringindo às ações de lobby ou ao
fortalecimento da representatividade junto às associações setoriais. Para tanto, um passo
importante é a construção de um elenco qualificado de profissionais, com diferentes
expertises, combinando, por exemplo, pessoas com conhecimento do negócio e do
setor e complementando suas habilidades com aquelas com experiência em Relações
Governamentais.
Organizações que são referências em seus setores quantificam o impacto das
decisões de todas as partes envolvidas, não apenas para si próprias, mas também para o
regulador e até mesmo para o seu setor econômico, de maneira ampla e abrangente. Essa
abordagem melhora drasticamente a qualidade do engajamento e a rapidez da resposta
da organização, diminuindo a incidência de impasses.
É preciso compreender que, em termos financeiros, o retorno deste investimento
apresenta um comportamento de longo prazo.
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5) Coordenar as atividades em toda a organização
Existem ações que as organizações podem tomar para garantir que a áreas de
relações governamentais não sejam ignoradas, integrando-as efetivamente à organização.
Assim, será possível elaborar a narrativa de toda a organização, disseminando uma mensagem
única para todos os stakeholders, evitando, dessa forma, uma série de constrangimentos.
A criação de comitês temáticos internos ou mesas redondas, coordenados pela
área de relações governamentais, podem auxiliar outras áreas a entenderem melhor como
antecipar oportunidades, identificar riscos e como relacionar-se com os tomadores de decisão.
6) Ajustando a comunicação
Um dos mais frequentes enganos que as organizações cometem ao relacionar-se
com o governo é ignorar que setor público e privado atuam sob lógicas distintas. É preciso
entender a “linguagem” do tomador de decisão, antecipar suas necessidades e adequar-se ao
seu ritmo.
Este, sem dúvida, é um grande desafio para as organizações. A área responsável por
traduzir o governo para as organizações e levar informações relevantes sobre a organização
para o governo é a área de relações governamentais.
7) Gestão de stakeholders governamentais
As melhores empresas identificam os principais stakeholders na frente e trabalham
com eles usando uma abordagem de gerenciamento de relacionamento-chave, conceito que
empresta das melhores práticas de uma área de vendas. A designação de executivos seniores
como “donos/responsáveis” de relacionamentos importantes, incluindo aqueles em mídias
sociais, permite um monitoramento/agendamento/coordenação mais suaves das atividades
do dia-a-dia.
Mais importante ainda, essa abordagem facilita a criação de uma comunicação
consistente/sustentável, coerente e proativa por parte do grupo de relações governamentais
que apoia a estratégia de regulamentação de uma empresa.
CONSIDERÕES FINAIS
Como demonstrado ao longo do texto, o valor em jogo da intervenção governamental e
regulatória nas empresas é enorme, e as empresas que abordam o engajamento externo de
forma disciplinada e organizada capturam mais resultado, gerando um importante diferencial
competitivo.
A questão central que permanece é buscar entender por que as empresas,
mesmo reconhecendo o impacto potencial que uma área de relações governamentais pode
trazer para os negócios, ainda relutam em implantá-la, construindo assim uma estratégia
de relacionamento com o governo estruturada em termos de processo e organização.
Preconceito, desconhecimento sobre o modo de operação da atividade, desafio de mensurar
resultados ou receio de expor são algumas hipóteses que se aventam. No entanto, elas
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precisam ser testadas.
Compreender melhor os motivos que impedem as organizações de implantar áreas
de relações governamentais seria uma importante contribuição para o entendimento do
panorama nacional e viabilizaria ações de sensibilização e evangelização junto aos empresários
locais, quanto a importância do engajamento no processo decisório de políticas públicas.
No Brasil, ainda há um longo caminho a ser trilhado para que as áreas de relações
governamentais possam tornar-se um diferencial competitivo para as organizações.
Sergio Pauperio Serio Filho é gerente Executivo de Relações Institucionais e Oportunidade Social
da TOTVS. Especialista em Relações Governamentais pela FGV/IDE. Bacharel em Administração pela
Fundação Armando Alvares Penteado – FAAP.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Caldeira Filho, C.A. (2016). Conguração das Capacidades Políticas das Subsidiárias de Multinacionais
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Musters, R. , Parekh, JE. & Ramkumar,S (2013). Organizing the government aairs function for impact.
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Nuttall, R. & Sandoval, S. (2010). The new value at stake in regulation. Disponível em: < http://www.
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Perrotti, E. (2004). Estrutura Organizacional e Gestão do Conhecimento. Disponível em: < www.teses.
usp.br/teses/disponiveis/12/12139/tde-01102004-123224/.../VFinal.pdf
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