O Instituto de Relações Governamentais (IRELGOV) lançou nesta terça-feira, dia 21 de outubro, uma nova agenda de debates sobre os grandes temas que moldarão o desenvolvimento do Estado do Rio de Janeiro. O primeiro encontro, “O futuro da energia em debate no Rio de Janeiro”, reuniu, em Ipanema, especialistas, executivos e pesquisadores para discutir os rumos do setor energético e suas implicações econômicas, ambientais e tecnológicas.
A proposta da agenda é uma iniciativa do diretor regional do IRELGOV no RJ, Gilvan Bueno, que busca aproximar setor produtivo, poder público e sociedade civil em torno de pautas estruturantes para o estado. “O Rio de Janeiro tem papel central na transição energética e precisa se posicionar como protagonista nesse novo ciclo de inovação e sustentabilidade. O IRELGOV está comprometido em fomentar esse diálogo com qualidade técnica e diversidade de perspectivas”, afirma Bueno.
A abertura contou com as presenças de Gilvan Bueno, Julia Nicolau, coordenadora de Competitividade Empresarial da Firjan e Conselheira Fiscal do IRELGOV, e Paulo Homem, diretor institucional regulatório dos negócios de gás da Energisa. Julia e Paulo apresentaram a atuação e os propósitos da entidade, primeiro think tank do país voltado à promoção de boas práticas em relações governamentais e políticas públicas. “A área de relações institucionais é mais do que importante, é essencial. Se o poder público não ouvir os setores envolvidos, criará políticas públicas com qualidade inferior ao que poderia ter sido elaborado”, afirmou Paulo Homem.
Na sequência, o evento trouxe cinco painéis temáticos, mediados por Gilvan Bueno, que aprofundaram discussões cruciais para o setor. No primeiro – “Relevância do setor energético para data centers e ações de descarbonização” – Paulo Homem destacou que o tema dos data centers, embora novo no cenário político, é de grande relevância devido aos vultosos investimentos esperados. Ele apontou a energia como o principal gargalo para a expansão dessa infraestrutura, explicando que, apesar de a matriz brasileira ser 90% renovável, os data centers demandam energia firme — disponível a todo momento, como a gerada por gás ou fontes nucleares. Homem ressaltou que a intermitência das fontes solar e eólica, somada à dificuldade de armazenamento, impõe a necessidade de um debate estratégico no Brasil.
Em seguida, no painel “10 Mega tendências na energia”, o diretor de Empreendedorismo e Startups do Energy Summit Global, Luiz Mandarino, apresentou as forças que devem moldar o futuro do setor. Entre elas, destacam-se a Inteligência Artificial, os pequenos reatores modulares (SMRs), a tecnologia de captura e armazenamento de carbono, o avanço em materiais para viabilizar a fusão nuclear e o potencial dos combustíveis de aviação sustentáveis (SAFs), área em que o Brasil pode se posicionar com destaque, pela força do seu agronegócio.
O painel “O futuro do setor energético é aberto e inovador” contou com Alexandre Castro, diretor de Inovação e Liderança do Energy Hub. Ele discutiu o conceito de inovação aberta, explicando que a busca por startups tem sido motivada pela necessidade das grandes empresas de reduzir tempo e risco. Castro observou que, em um setor tão heterogêneo, as companhias que já nasceram digitais possuem mais agilidade para testar novas soluções.
Em “Oportunidades comerciais na relação Brasil-Noruega”, Lucilene Bragança, gerente de Tecnologia, Digitalização e Inovação da Equinor, apresentou o programa Bridge. A iniciativa fomenta o desenvolvimento de soluções por empresas brasileiras, como tecnologias de inspeção e automatização de inventário, que são posteriormente implementadas pela empresa. “Unimos conhecimento técnico com tecnológico e temos então geração de valor”, concluiu.
Encerrando os debates, Marcelo Simas, professor de Geopolítica do Petróleo e das Energias, abordou o tema “Geopolítica das energias e margem equatorial”. Ele desmistificou o risco de um vazamento na Foz do Amazonas atingir o rio, argumentando que a perfuração ocorreria a 500 km da costa. O professor também analisou a “guerra híbrida” em torno do tema, afirmando que uma descoberta de petróleo pela Petrobras criaria concorrência para players globais e traria um impacto de desenvolvimento significativo para a região.
