O Instituto de Relações Governamentais (IRELGOV) promoveu uma discussão com o Secretário de Desenvolvimento Social do Estado de São Paulo e deputado federal licenciado (PSDB-SP) Floriano Pesaro, que conduziu a palestra “Transparência e redes sociais na política” na noite de quarta-feira, dia 23 de agosto de 2017. O bate-papo aconteceu no escritório Braga Nascimento e Zilio Advogados Associados (BNZ), em São Paulo, após a Assembleia Geral Extraordinária do IRELGOV. Durante o evento foi oferecido um coquetel patrocinado pela BNZ Advogados e Pernod Ricard Brasil.
Sem rodeios, Pesaro começou sua apresentação com a seguinte afirmação: “Estamos vivendo a pior crise da história do Brasil, com consequências das mais variadas. É um momento de ebulição social”. A crise política e econômica trouxe consequências diretas a toda população, mas especialmente para a de maior vulnerabilidade social. Um dado destacado pelo secretário foram as cerca de 56 mil mortes violentas ocorridas no ano passado, um recorde para o país. “Isso tem a ver com a série histórica, mas também com um discurso de divisão de ricos e pobres, negros e brancos, segregacionistas”, afirma o secretário.
“Somente a transparência, informação e controle social podem reverter esse cenário”, afirmou Pesaro. Segundo ele, no país já existem diversos sistemas de controle. Ele citou, como exemplo, o Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), o sistema bancário informatizado, além de legislações próprias, como a Lei Anticorrupção, a de Dados Abertos e Acesso à Informação.
Entretanto, para um efetivo combate à corrupção e desvios é necessária uma mudança de comportamento, não somente do poder público. “A desonestidade não é só moral, mas também intelectual, tão grave quanto a corrupção”, disse. Sociólogo formado pela Faculdade de Ciências Sociais da Universidade de São Paulo, Pesaro diz acreditar que o brasileiro preciso mudar comportamento já que pessoas veem no político a possibilidade de um favor como passar na fila do hospital, na fila da creche, o chamado varejinho da política, que classificou de insuportável.
O secretário também afirmou que aqueles que geram riqueza no país têm que ter uma outra relação com o poder, referindo-se às empresas e empresários. Ele não deixou de citar a necessidade, também, de ampliação de sistemas de controle do Poder Judiciário. “É uma responsabilidade compartilhada”, afirmou.
Pesaro expôs sua visão sobre o papel do Estado, que na sua visão, atualmente, é provedor e ineficiente. O sistema tributário brasileiro é dos mais injustos, pois tira dos pobres para favorecer os mais ricos. A representação política está em xeque, pois é fraca e o sistema eleitoral atual afasta o eleitor do candidato.
O secretário reforçou, por diversas vezes, que não se pode pensar em uma saída para a crise brasileira fora da política. Independentemente das propostas que surjam para mudar o cenário econômico, social e político, elas deverão ser discutidas e implementadas dentro do sistema político-partidário. “Nós corremos o risco de rompimento institucional”, alerta. O secretário analisou o projeto de reforma política que está em discussão no Congresso Nacional, como o “distritão” e o voto distrital misto, e alertou que algumas das propostas em pauta liquidam com os partidos. “Não vejo outra solução a não ser diminuir o Estado e dividir com a sociedade as responsabilidades, mostrar que país nós queremos”.
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